Análise – Aven Colony

Recentemente a consola da Microsoft teve um lançamento exclusivo temporário no género de simulador de construção de cidades com um considerável sucesso chamado de Cities: Skylines. A comunidade adorou a simplicidade, porém com complexidade quanto baste, deste título que honestamente ainda não tive o prazer de experimentar. Surge entretanto esta aposta da Team 17 chamada de Aven Colony, que nos proporciona a oportunidade de estabelecer bases em planetas alienígenas e tentar sobreviver nestes. Será que tem tudo, ou o suficiente para ser mais um bom simulador?

Como já mencionado, em Aven Colony a nossa tarefa é estabelecer bases e sobreviver em vários planetas extra-terrestres. Estes planetas estão cheios de bons visuais alusivos a ficção científica, desde florestas estranhas cheias de flora peculiar, exo-planetas ou tundras geladas. Os amantes de ficção científica irão certamente se sentir “em casa” ao admirar o estilo visual do jogo. O modo de campanha irá nos ensinar sobre as várias mecânicas no jogo, no entanto aconselho vivamente começar primeiro pelo tutorial, tal como na grande maioria dos jogos deste género.

Bons detalhes na paisagem em todos os planetas.

A campanha com certeza não irá ganhar nenhum prémio de melhor narrativa ou algo assim mas tem a sua boa dose de algum humor e missões interessantes. Temos é de, no entanto, seguir um certo e predeterminado seguimento para podermos progredir ficando algo “presos” ao que o jogo quer que façamos ao invés de conferir liberdade total. Podemos praticamente fazer o que bem entendemos, para que não haja dúvidas, mas para podermos concluir com sucesso temos de seguir na maioria o que o jogo nos pede para fazer.

Provavelmente o que irá dar maior longevidade ao jogo é mesmo o modo “sandbox“, que nos dá acesso total aos sistemas e conteúdos do jogo para que possamos construir a nossa própria colónia espacial com total liberdade. Aven Colony é, sendo mesmo assim afinal de contas um jogo de “construção de cidades” também tem muitos elementos estratégicos devido à natureza inóspita que encontramos nas várias paisagens alienígenas que desafiam o elemento de colonização. Temos de nos certificar que aos nossos colonistas são providenciados comida adequada, oxigénio e água como bens primários que são, mas também assegurar-nos que lhes são proporcionados entretenimento, trabalho e saúde.

Áreas mais áridas apresentam novos desafios como escassez de água.

Os recursos primários são retirados de minas tal como ferro, por exemplo. É claro que, sendo em planetas estranhos iremos encontrar outros tipos de materiais não existente no nosso planeta natal. Materiais diferentes permitem-nos processar várias coisas como tipos de comida, remédios e “nanites” que é uma espécie de material sintético e robótico usado principalmente para a construção de estruturas e edifícios. À medida que a nossa colónia progride e cresce iremos ter a nossa disposição portos espaciais para trocas comerciais por produtos que eventualmente não existam no “nosso” planeta e até tratar da imigração para ajudar a crescer a nossa população.

Em fases mais avançadas podemos até construir um centro de expedições que nos permite explorar as redondezas do planeta num mini jogo separado. No mapa de expedição podemos ver mantimentos, recursos ou até artefactos espaciais que conferem bónus especiais e habilidades para a nossa colónia como por exemplo uma cúpula energética gigantesca para ajudar na proteção da mesma. O jogo é, de facto, divertido de jogar após darmos com o jeito da profundidade da sua jogabilidade. De início tive alguma dificuldade, por exemplo, a habituar-me com o controlo da câmara, algo que acabei por me habituar mas nunca a 100%, sendo que sempre que começava uma nova sessão sentia alguma estranheza ao mudar o campo de visão.

Planetas com mais vegetação são, geralmente, menos desafiantes.

Eventualmente o jogo começa a atirar-nos com dificuldades e intempéries tais como mau tempo (limitando a produção das quintas), plantas que causam erosão na base ou até nuvens de gases tóxicos que poluem e deterioram a qualidade do ar dentro da colónia. Parte do divertimento consiste em aprender com estas eventualidades e construir a nossa base desde logo antecipando-as e precavendo-nos para evitar estes potenciais problemas. Sente-se, no entanto, que após algum tempo e dessa habituação, de saber onde colocar as quintas (em zonas verdes), construir filtros de oxigénio e residências perto dos mesmos ou torres anti esporos alienígenas, não há muito mais a fazer e o dinamismo fica assim um pouco perdido.

Quase podemos dizer o mesmo de outros jogos no género porém Aven Colony nunca chega a dar-nos realmente as ferramentas necessárias para sermos mais criativos o que iria de certeza amenizar um pouco a sua jogabilidade algo repetitiva. A grande maioria das bases acabam por seguir os mesmos padrões de construção devido aos sistemas algo restringidos e falta de escolha mais variada de construção. O jogo mantém a sua suavidade mesmo em colónias mais expansivas mas a resolução nota-se que sofre um pouco por isso. O jogo é bonito mas algumas texturas mostram-se menos agradáveis que outras o que ás vezes causa com que o jogo pareça um pouco estranho.

As quintas aqui não vão produzir nada.

Opinião final:

Aven Colony é um jogo de construção de cidades de ficção científica bem competente com visuais muito interessantes e um sistema de jogabilidade interessante e divertido. As diferentes condições dos planetas alienígenas conferem uma variedade mais que bem vinda porém as mecânicas de jogo irão se tornar algo escassas após as descobrirmos todas. Porém tendo em conta o preço do jogo posso seguramente que temos uma boa alternativa para quem gosta deste género de jogos, ou simplesmente para quem não se importa de uma pausa dos tiros, corridas e futeboladas do costume nas suas consolas.

Do que gostamos:

  • Bons visuais;
  • Divertido quanto baste;
  • Modo sandbox é o mais interessante;
  • Boa variedade de ambientes onde podemos colonizar.

Do que não gostamos:

  • Controlos algo intuitivos com o comando mas o controle da câmara requer habituação;
  • Mecânicas de jogo um pouco limitadas;
  • Modo de campanha não tem muita liberdade;
  • Por vezes a resolução nota-se algo baixa.

Nota: 7,5/10