Análise – Baja: Edge of Control HD

Com todas as ofertas mais recentes no mercado dos racers: Forza Horizon 3 (a 27 de Setembro), Forza Motorsport 7 (a 7 de Outubro) e Grand Turismo Sport (no próximo dia 18 de Outubro), parece imprudente lançar um jogo de corridas, especialmente quando esse jogo é um remaster HD de um lançamento para PS3 e Xbox 360 já de 2008.

Falamos, é claro, de Baja: Edge of Control HD, um jogo de corridas off road feito pela 2XL Games e publicado pela THQ Nordic. Inspirado pela cena competitiva dos dune buggies e dos carros de deserto nas corridas frenéticas realizadas todos os anos na Península de Baja Califórnia no México, Baja: Edge of Control HD, tal como o título original de que é um remaster, pretende oferecer-nos algo bastante diferente de toda a oferta atual: participar em corridas que podem demorar até 3 horas, repletas de realismo automobilístico, em cenários off road enormes. O grau de sucesso do jogo poderá depender do quanto o leitor estiver interessado no “nicho” que este jogo pretende servir – o das corridas no deserto – porém, Baja: Edge of Control HD oferece uma janela para um universo bastante incomum (pelo menos na Europa), o qual mesmo os fãs das corridas fotorrealistas de outros títulos mais recentes poderão apreciar.

O jogo é composto por uma oferta single player e multiplayer, quer local, para até 4 jogadores, quer em linha, para até 16 jogadores. São-nos apresentados diferentes modos em que podemos mergulhar, todos acompanhados por um vídeo de tutorial que nos explica em detalhe as especificidades de cada modo. Desde corridas em circuito ou em versão rally (de ponto A para ponto B), de hillclimbs (subidas de colinas) a um evento Baja (endurance), todos os modos (incluindo livre exploração) podem ser jogados individualmente – tal como uma exibição – sozinhos ou com 4 amigos em modo local ou 16 em modo online, por fim, estes modos podem ainda ser integrados num modo carreira, em single player.

Possuidor de uma simulação da física e mecânica bastante realista, o jogo obriga-nos a ter cuidado com as condições do nosso veículo.

Tirando os modos disponíveis, há muitos outros tipos de conteúdo disponíveis: os mais de 140 veículos em 8 classes e mais de 100 pistas em 9 mundos deveriam assegurar que não nos aborreceremos no meio do deserto. O problema é que, mesmo com estas ofertas, o jogo consegue tornar-se um pouco repetitivo. A diversão está presente, e poderá ser encontrada em muitos dos momentos em que o jogo brilha, todavia mesmo com toda a oferta é possível que não tenhamos grande vontade de repetir aquilo que acabámos de fazer alguns momentos atrás.

Por outro lado, o realismo presente na personalização dos veículos foi à data do lançamento original um dos seus principais elementos de diferenciação, continuando-o a ser nesta edição, até porque os títulos mais recentes ainda não implementam muitos desses elementos. Querem colocar um motor mais potente num carro com tendência a sobreaquecer sob o calor do deserto? É possível, mas torna-se bem provável que tenhamos alguns problemas; o desgaste das peças e até mesmo dos pneus obriga a que nas corridas mais longas (de 1 a 3 horas) tenhamos de chamar o helicóptero de suporte para nos fazer as tão necessárias reparações. No modo carreira, o nosso progresso pode ser medido também com base no contratos que vamos assinando com um conjunto de patrocinadores, mas estes só nos pagarão se acabarmos a corrida ainda com os stickers de publicidade no carro – logo obriga-nos a conduzir com consciência dos vários riscos para a integridade do veículo. São estes elementos mais originais do ponto de vista da jogabilidade que tornam Baja: Edge of Control HD numa oferta até bastante interessante.

O jogo oferece-nos mais de 140 veículos em 8 classes, pelo que haverá algo para todos os gostos.

Em termos de jogabilidade, a física dos veículos entrega-nos o que pensamos ser uma das melhores simulações de carros feitos ou modificados especialmente para andar no deserto. É genuinamente divertido subir as colinas em hillclimb a pique, apenas para depois descer as mesmas enquanto tentamos não cair com o carro para fora do circuito. Gostamos dos enormes mundos abertos onde podemos ter corridas, que, relembramos, podem ir até três horas!

Graficamente, o jogo é uma versão HD de um lançamento com quase 10 anos, e embora não seja uma festa de polígonos, é bastante agradável ver alguns efeitos de luz nos diferentes cenários, juntamente com os detalhes dos diferentes veículos. Isto é, antes de mais, um elogio à apresentação do titulo original, que após o upscale para HD mantém-se atual. Dito isto, fora a subida de resolução e limpeza de algumas texturas, nada mais foi feito a nível gráfico, pelo que por vezes os circuitos parecem um pouco desinteressantes.

Visualmente estamos perante um upscale decente dos gráficos do original, com inovações a nível da luz e dos detalhes dos veículos.

A nível sonoro, ficamos agradavelmente surpreendidos pela excelente atualização da banda sonora do original. A uma lista de músicas rock inspiradas pelos anos 90, juntam-se agora diversas novas faixas do mesmo estilo, o que de certo modo dá um toque de frescura à banda sonora deste lançamento. O acompanhamento de guitarra do menu tem agora mais 2 versões que fizeram as nossas delicias sem, no entanto, se tornarem maçadoras.

Opinião final:

Baja Edge of Control HD é um relançamento em alta definição de um jogo de corridas de “nicho” da década passada. Pode não ser para todos, até porque se concentra à volta apenas de um género de corridas, mas as suas diferentes nuances realistas fazem com que mereça ser experimentado pelos fãs do automobilismo. Não é a melhor edição HD, nem por sombras, mas atualiza competentemente um jogo diferente de tudo o que há por aí.

Do que gostamos:

  • Mundos abertos gigantescos que pedem para serem explorados;
  • Comportamento realista dos veículos tanto a nível da condução como da mecânica;
  • Banda sonora excelente que acompanha muito bem a ação frenética.

Do que não gostamos:

  • Torna-se um bocado repetitivo demasiado rápido para o nosso gosto;
  • Tratamento HD poderia ter sido mais profundo.

Nota: 7/10