Análise – Football Manager 2017

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Uma das questões mais correntemente colocadas em relação a uma série anual é a se a cada iteração houve melhorias suficientes que justifiquem a compra do novo lançamento. Em relação à série Football Manager, confesso provavelmente não ser a pessoa mais indicada para responder a essa questão, pois a minha experiência com a mesma foi quase nula ou mesmo nula. Após alguma pesquisa e efetivamente ter testado esta versão de 2017 posso adiantar que não há, de facto, melhorias muito relevantes, no entanto é um jogo que acimenta-se nos alicerces já plantados pelos jogos anteriores. Mas será que, mesmo assim, é um jogo que irá atrair jogadores menos experientes na série?

A primeira coisa que me chamou a atenção foi o facto de ser um jogo que não é de todo exigente. A minha máquina já não é nada recente e após alguns receios iniciais fiquei satisfeito por ter o jogo a correr sem problemas. Sejamos sinceros, também não é um poderio gráfico, naturalmente, sendo que grande parte do jogo são páginas apenas cheias de texto. Os menus, apesar de alguma confusão inicial, são claros e bem legíveis e demonstram um bom trabalho feito pelo estúdio, com adição de representações visuais de mapas de calor do campo, diagramas de passes e onde foram cometidos erros pela equipa para melhor entendermos as fraquezas e pontos mais fortes da mesma.

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A “simples” seleção de equipa é desde logo algo assoberbante.

Confesso que desde o início, e durante um bom tempo, senti-me um pouco assoberbado com tantas opções de escolha e de decisão, tais como comprar jogadores ou resistir à venda dos melhores craques da nossa equipa. Isso causou, ao menos inicialmente, para mim, muita confusão, pois o que não faltaram foram propostas para aquisição de vários clubes para os meus melhores jogadores. Ao rejeitar via-me confrontado com pedidos de reunião por parte do dito jogador a pedir explicações, fosse por ter pedido um valor demasiado alto ou por simplesmente rejeitar a proposta e não o deixar partir.

Senti pressão demasiado alta, mesmo sem sequer ainda ter jogado nenhum jogo, com a avalanche de propostas de compra e senti-me “entre a espada e a parede”, pois ao falar com o jogador cai-me sempre o resto da equipa em cima dizendo que não o tratei com dignidade, deitando a moral da equipa ainda mais a baixo. Dei por mim a acabar por aceitar as exigências de todos os que queriam sair da equipa, o que causou desfalques graves. No meu ver o início do jogo deveria ser muito mais simplificado, pois a maioria dos novatos irá com certeza sentir-se perdida e acabar por desistir. Existe a possibilidade de designar staff para esse tipo de trabalho mais burocrático e aligeirar o jogo um pouco para que a equipa entre em campo mesmo um pouco mais depressa.

O ambiente de um

O ambiente de um “jogo de bola” está bem conseguido.

Em termos do jogo a decorrer em campo propriamente dito, é óbvio que este não se trata de nenhum FIFA em termos visuais. Apesar disso, o motor de jogo demonstra animações melhoradas, estádios vibrantes e cheios de vida e festa e pequenos pormenores interessantes como o já famoso spray do árbitro, entre outros pequenos toques que tornam a experiência um pouco mais realista. A inteligência artificial parece ter sido melhorada em relação aos jogos anteriores mas, mesmo assim, vi situações hilariantes, tais como o guarda-redes  a atirar-se frenéticamente ao estilo “pose para a fotografia” a remates tão simples como rasteiros e de pouca força.

Para ser sincero, não há muito com que se pudesse melhorar num jogo de futebol. Neste, tal como em FIFA, existem melhoramentos visuais, alguns na inteligência artificial, na interface e por aí adiante. No meu ver, o que poderia beneficiar em muito o jogo seria talvez alguma simplificação dedicada a novos e possíveis futuros fãs da série. Assim sendo, como já havia mencionado, o jogo parece continuar a destinar-se apenas aos fãs mais fervorosos e dedicados, não oferecendo uma experiência muito amigável ou intuitiva aos que querem tentar entrar na série pela primeira vez.

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A “rede social” em plena ação.

Muitas das implementações, tais como analistas de dados e cientistas desportivos à equipa estão mal trabalhados, e, apesar de ajudarem um pouco a equipa, o seu impacto é pouco visível ou bem explicado, além de nem ser bem explicado como os contratar. São pequenos exemplos de como Football Manager 2017 torna tudo um pouco confuso para um novato. A adição dos meios sociais, como uma versão de twitter imaginário para vermos, por exemplo, as opiniões dos fãs,  sempre adiciona algo ao jogo em termos de conteúdo. No entanto, também não é algo que ajude em muito, servindo o seu propósito mais como uma espécie de sátira à conhecida rede social.

Após alguma dedicação consegue-se finalmente entrar “nos eixos” e aí sim, consegue-se tirar proveito do que é simplesmente o melhor simulador de “manager” de futebol, como sempre foi conhecido. As opções tácticas, as estatísticas quase infindáveis dos jogadores, equipa, etc. são em grande parte muito interessantes e, quando finalmente a equipa começa a obter resultados e a corresponder ao nosso “estilo”, o jogo torna-se de facto bem interessante e até viciante.

Opinião final:

Ano após ano, a série Football Manager normalmente vai conseguindo “superar-se”. Porém, isso nem sempre quer dizer que as novidades sejam revolucionárias. Esta versão 2017 consegue manter o alto nível já esperado da série, com todas as especividades, estatísticas exaustivas e parafernália de opções e possibilidades de gestão que aproximam, realmente, o melhor possível da realidade da gestão de um clube de futebol. O que o impede de se destacar como obrigatório (merecendo tal designação apenas para os fãs dedicados) são os incrementos pouco relevantes e significativos e o volume assoberbante de coisas a fazer e a tratar. Tudo isto é um impedimento flagrante para a grande maioria de estreantes na série terem uma entrada agradável e convidativa.

Do que gostamos:

  • Melhoramentos a nível dos menus;
  • Motor de jogo durante os jogos com visual interessante;
  • Quantidade de informação e estatísticas quase irrepreensíveis;
  • Vários modos de jogo;
  • Satisfatório e viciante quando nos entranhamos com o jogo.

Do que não gostamos:

  • Curva de aprendizagem muitíssimo íngreme para principiantes;
  • Novidades são quase nulas e as que existem são pouco significativas na jogabilidade
  • Inteligência artificial apesar de melhorada ainda tem muitas inconsistências;
  • Quase nos obriga a começar com uma equipa bem pequena ou desconhecida.

Nota: 7,5/10