Análise – Forza Motorsport 7

A série Forza começou em 2005 na Xbox original e pela mão da Microsoft, tendo sido criada para combater diretamente com a mítica série Gran Turismo da PlayStation. A série contou com lançamentos bi-anuais até 2011, ano em que foi lançado o 4º jogo da mesma. A partir daí, houve uma ramificação da série para dar início a Forza Horizon, uma série mais virada para o simples divertimento e não tanto para o realismo. A série tornou-se, desde então, anual, e têm sido lançados um título Motorsport e um Horizon alternadamente. No ano passado tivemos um fantástico Forza Horizon 3, passado na Austrália, este ano voltámos às raízes e temos um Forza 7 onde percorremos várias pistas de corrida espalhadas por todo o mundo. Será que este novo simulador consegue manter, ou até mesmo melhorar, os níveis de qualidade a que têm habituado os fãs?

O último lançamento, Forza 6, sendo algo especial por ser o jogo que marcava o décimo aniversário da série, foi algo consideravelmente acima de tudo o que anteriormente tinha sido feito pela Turn 10. Este ano vai marcar a primeira vez  que um jogo Forza atingirá a resolução 4K, aquando do lançamento da Xbox One X. É também a primeira vez que um Forza Motorsport é lançado para PC, e com a particularidade de fazer parte do programa Xbox Play Anywhere, ou seja: quem comprar o jogo na Xbox terá também acesso à versão PC de forma gratuita, sendo também qualquer progresso partilhado entre ambas as versões. É, por isso, também algo de especial. O que esperar então deste Forza Motorsport 7? Digamos desde já que o jogo não é propriamente uma revolução. Não vamos ver aqui algo de completamente extraordinário em relação aos títulos anteriores. Mais corretamente, diria que o jogo se trata mais de uma evolução do que uma revolução: uma evolução natural da qualidade já esperada pelos fãs. Uma evolução para melhor.

Só iremos ter uma garagem assim repleta após algum tempo de jogo.

Vejamos então alguns dos números e características deste Forza Motorsport 7. A lista de veículos ascende às 7 centenas. Sim, leram bem, são 700 carros que podemos ter à nossa disposição para conduzir pelas cerca de 30 pistas, na sua maioria baseadas em locais reais e míticos do desporto automóvel motorizado, tais como Silverstone, Susuka ou Le Mans. Todas elas contam com ciclos de dia/noite e/ou condições climatéricas aleatórias, dado que essas condições podem alterar-se no decurso de uma corrida. Isto quer dizer que podemos começar uma corrida com pista seca e durante a mesma começar a levar com chuva torrencial, ficando depois poças de água na pista, que influenciam a condução. Por fim, podemos até eventualmente acabar a corrida com céus azuis. Os efeitos atmosféricos estão fabulosos, tais como folhas das árvores a cair, a neblina ou a areia na pista, que reage à passagem dos carros. Alguns dos efeitos são deveras inspiradores.

Ao que parece, a Turn 10 quis tentar introduzir alguma “humanidade” neste jogo, com o incluir, em quase tudo o que é menus, um condutor que podemos personalizar com roupas ou capacetes. Outra novidade é a inclusão de camiões. Estes monstros têm a sua própria personalidade e têm um maneira de ser conduzidos completamente diferente (como era de esperar) do conduzir de carros “normais”. A estratégia para os conduzir acaba por também mudar, pois dada perspetiva, as pistas irão parecer mais estreitas e há que dar muito mais atenção aos travões e às curvas, porque não é qualquer um que vai chegar a uma curva, dar um toque no travão de mão e fazer um drift com um veículo desta envergadura.

Os detalhes continuam quase imaculados

Novos e veteranos podem ter a certeza que irão encontrar aqui um jogo de corridas competente e fenomenal, tendo em conta o motor de jogo já comprovado e usado também nos jogos da série Horizon. Eu não tenho forma de contabilizar pixéis nem frames por segundo, no entanto tenho quase a certeza que os 1080p e 60fps são atingidos pois não denotei nenhuma quebra na suavidade e os visuais mantiveram-se sempre impecáveis. Quem tem a Xbox One S tem ainda o benefício adicionado do efeito HDR, e em novembro uma resolução a multiplicar por 4 (com uma atualização do jogo) irá com certeza deixar muitos de boca aberta quando a nova Xbox One X for lançada. Escusado será dizer que Forza 7 mantém o legado dos seus antecessores, com visuais irrepreensíveis, circuitos recreados ao detalhe e, claro, bólides dos mais variados e impressionantes, recreados na perfeição.

Em termos de circuitos, sejamos sinceros, estes não mudaram drasticamente em relação a Forza 6. Apenas foram acrescentados alguns detalhes extra aqui e ali. Caso para dizer: não mexer no que já está quase perfeito. Algo que me preocupava – aliás, esta era talvez a minha maior preocupação, era o nível de acessibilidade, devido aos novos jogadores, ou a jogadores mais casuais. Informo que apesar de manter um certo nível de realismo considerável,  a acessibilidade está bastante presente, comparando a jogos como Project Cars ou Assetto Corsa. Presentes estão ainda as opções pré-corrida, onde podemos desativar ou ativar certas ajudas ou assistências conforme o nosso nível de preferência ou de amadorismo. Para os utilizadores mais veteranos ou mais técnicos, lá estão de novo todas as opções mais avançadas para tentar tirar o máximo de potencialidade dos carros.

Bólides dos mais clássicos aos mais recentes podem ser conduzidos.

 Os Drivatars, sistema introduzido pela primeira vez em Forza Motorsport 5, voltam nesta instância. Estes são representações de Inteligência Artificial de jogadores reais que vão aprendendo connosco cada vez que jogamos. Eventualmente, acabam por participar em corridas de outras pessoas ou amigos nossos e supostamente têm um comportamento similar ao nosso estilo de condução. Não há nada de muito novo neste aspeto.

Em termos auditivos, o jogo é um prazer para os nossos ouvidos. Nem é preciso nos alongarmos muito, mas todos os 700 carros têm o seu próprio som de motor e a música pode ser desativada ou alterada para só a ouvirmos quando passamos pelas bancadas de espectadores, o que torna tudo ainda mais realista.

A experiência multijogador continua relativamente a mesma com as bases bem firmes e sólidas já cimentadas pelos jogos anteriores. Ligas, campeonatos, corridas baseadas em carros, tipos de eventos, habilidades e afins. Está tudo lá. Na minha experiência pessoal, o online tem estado suave e com muito poucos problemas, algo muito bom para o lançamento de um jogo. Existe ainda a possibilidade de fazer corridas localmente com ecrã dividido.

O modo campanha  parece-me um pouco mais interessante nesta instância, porque enquanto antes sentíamos alguma obrigatoriedade de alguma repetição, desta vez avançamos pela Forza Drivers Cup dependendo unicamente da nossa prestação em cada corrida. Esta Forza Drivers Cup está dividida em 6 diferentes campeonatos, compostos por vários tipos de corridas e eventos, onde pontuamos e avançamos conforme esses mesmos pontos.

O ambiente de corridas de pista está muito bem conseguido.

Existe o natural progresso com experiência a nível pessoal à medida que progredimos no jogo e a cada novo nível somos premiados com um de 3 possíveis prémios, que podem variar entre carros grátis, valor monetário do jogo, itens novos para o nosso condutor, descontos e mais. Uma novidade aqui é o “nível de colecionador”, que determina, por assim dizer, o nosso direito a comprar os melhores e mais exóticos carros, pelo que temos de progredir no jogo até os podemos ter, mesmo que ganhássemos o euro milhões no início do jogo. Esta espécie de “experiência” é também ganha de cada vez que compramos carros novos, aumentando o nosso nível de colecionador. Os carros comprados conferem quantidades de experiência diferentes e apenas a partir de um certo nível atingido podemos comprar carros do patamar seguinte.

Sonho de criança realizado? Check!

Uma palavra para as tão infames “loot crates” que têm gerado muita polémica. De forma alguma em todo o tempo que joguei senti qualquer obrigação ou estímulo para comprar, usando o meu próprio dinheiro real, qualquer pacote de extras do género. As caixas são adquiridas por meio de créditos do jogo e os prémios são principalmente modificações (mods). Na sua grande maioria os mods são basicamente “apostas” que fazemos com nós próprios em que nos desafiamos por exemplo a chegar em primeiro lugar. Se tivermos sucesso, podemos ganhar alguns créditos ou experiência extra. Existe uma quase infinidade de jogos que eventualmente “abusam” destes tipos de prémios com mais gravidade, ou que nos lembram constantemente da possibilidade da compra. Forza 7, honestamente, também o faz, mas de maneira muito mais delicada.

Opinião final:

Depois de Forza Motorsport 6, o qual já era quase irrepreensível, muito dificilmente a Turn 10 iria conseguir fazer uma revolução na série. A evolução, então, é natural e passa por uma nova e melhor experiência para um jogador, melhoramentos consideráveis a nível de condições meteorológicas mais dinâmicas, mais cerca de 2 centenas de carros e outros vários aspectos que simplesmente tornam algo desde logo quase perfeito, ainda melhor. É ideal para os mais puristas, e ao mesmo tempo acessível para os mais casuais. É Forza novamente. O jogo é enorme em tudo e afirma-se firmemente, e de novo, como um dos estandartes de maior peso da marca Xbox.

Do que gostamos:

  • Estória com narrativa brilhante;
  • Escolhas difíceis que nos fazem trabalhar o cérebro na expectativa das consequências;
  • Arte visual interessante;
  • Ambiente e banda sonora irrepreensíveis;
  • A iniciativa Xbox Play Anywhere que permite ter o jogo na consola e no PC.

Do que não gostamos:

  • Alguns podem achar as loot crates injustas;
  • Um modo com alguma história dar-lhe-ia um pouco mais de personalidade .

Nota: 9/10