Análise – Rock of Ages 2: Bigger & Boulder

Em 2011 a ACE Team, estúdio sediado em Chile, lançou um jogo para a Xbox 360 que apesar de não ser o mais bem pontuado pela crítica, ganhou pelo menos o prémio de “jogo mais original” nesse ano. Esse jogo foi Rock of Ages, que mesmo com a receção mais ou menos favorável, acabou por conquistar alguns fãs com a sua mistura de géneros de jogo até bem conseguida e, especialmente, pelo seu distinto estilo humorístico muito derivado do saudoso grupo cómico Monty Python. Desta feita o estúdio lança uma sequela com o desafiante subtítulo de “maior e melhor”. Será que cumpre o pressuposto?

O jogo não se diverge muito do primeiro, de facto. Basicamente trata-se de um jogo melhorado e maior em relação ao primeiro. Como já havia mencionado, o jogo é uma pequena (e bem sucedida) mistura de géneros ou de jogos. Se pensarmos que Super Monkey Ball ou Marble Madness decidiram casar-se com o género de “defesa de torre” e tiveram filhos então Rock of Ages foram esses filhos. Basicamente batalhamos contra um (ou mais) adversário, cada um com o seu castelo, que tem de ser defendido dos rochedos do inimigo. Isto é feito colocando defesas e armadilhas pelo caminho que a pedra tem de percorrer até ao castelo na esperança de a atrasar ou danificar o suficiente minimizando assim os danos causados no nosso castelo. A dava altura podemos optar por atacar com a nossa própria pedra da nossa escolha e ter de também atravessar as defesas do inimigo até chegar ao seu castelo. O vencedor é quem conseguir destruir a porta de entrada e invadir o castelo inimigo primeiro.

A atenção aos pequenos detalhes é fantástica.

O modo principal, que pode ser jogado acompanhado, consiste de irmos “conquistando” as mais variadas e icónicas figuras histórias reais ou fictícias criadas por autores, lendas ou crenças. Temos um “mapa” ao nosso dispor por onde podemos navegar entre as várias batalhas e ter alguma liberdade para escolher entre 2 ou 3 sempre que conseguimos ultrapassar alguma dessas batalhas. O sucesso também normalmente quer dizer que podemos ganhar pedras ou unidades novas proporcionando uma maior escolha aquando do menu de “pré-batalha onde podemos seleccionar a pedra e as unidades de defesa queremos usar. Alguma estratégia é requerida, especialmente depois de uma derrota poderemos saber que tipo de armadilhas será mais útil com certos inimigos.

Podemos também, com o desenrolar do jogo, desbloquear uma boa variedade de personagens e diferentes itens de alterar o padrão ou cores das nossas pedras. O jogo tem alguma variedade na sua jogabilidade e nenhuma batalha será igual às anteriores devido à boa variedade de escolha começando pelas pedras que pode ser uma simples bola circular como, brilhantemente, a “primeira roda”. Sim, a invenção da roda. Temos uma quantidade limitada de ouro para poder dispor as nossas armadilhas e defesas mas podemos ganhar mais com minas ou destruindo as do adversário. Como já havia dito, cada nível pode ser jogado com as nossas escolhas, sendo algumas melhores para certos inimigos que outras, principalmente tendo em conta o mapa onde jogamos.

Sim, esta é uma imagem “Iin-game”!

Em algumas ocasiões somos confrontados com batalhas de “boss” onde, ainda mais estratégicamente temos de os destruir. Algumas destas batalhas têm contornos épicos dando azo a uma certa dose de adrenalina. Nunca, no entanto, descartando o brilhante sentido humorístico durante, literalmente todo o jogo. Muito poucas foram as vezes em que o jogo não me surpreendeu pela positiva em relação ás mais variadas situações. Seja nos inimigos, nas épocas e cenários históricos ou mesmo nos fictícios ou fantásticos, seja na fantástica escolha da banda sonora que acompanha na perfeição as nossas batalhas. No meu ver é das melhores bandas sonoras que tenho ouvido nesta geração, sem exageros.

Além do modo de campanha podemos entrar em batalhas contra amigos ou até desconhecidos. Podemos entrar num “um contra um” localmente em diferentes modos como a batalha normal ou até em corridas onde ganha quem conseguir chegar com a sua pedra primeiro ao castelo. Além disso tem também ainda modos contra-relógio para tentarmos os melhores tempos. Estes modos também podem ser jogados online contra outras pessoas, o que é muito bom e só complementa um pacote delicioso no seu todo. Uma palavra menos positiva para deixar umas notas sobre a jogabilidade que pode levar algum tempo a habituar-se e que pode acontecer em certas alturas alguns erros especialmente nos mapas onde por vezes ficamos presos. A dificuldade também é algo as apontar pois após as primeiras batalhas parece subir repentinamente em espiral o que pode frustrar um pouco. Isto causou com que obtivesse mais divertimento jogando contra amigos do que no modo campanha. Por último, ás vezes o jogo fica com “tempos mortos”, que é quando ficamos sem ouro para mais defesas e esperamos que a nossa pedra fique pronta para mais um ataque. Deveria haver, talvez, um botão de acelerar o tempo.

A inspiração nas épocas ou personagens é brilhante.

Tirando isso, e como já tinha mencionado também, o jogo sendo jogado a quatro é de uma diversão caótica e de uma satisfação tremenda. Garantidos, ao menos estão umas boas gargalhadas, nem que seja pelo brilhantismo de certas personagens trazidas “à baila” mas que estranhamente e magnificamente se encaixam na perfeição. Dou como alguns exemplos apenas para não estragar a surpresa: William Wallace (o escocês), Joanna D’Arc, Van Gogh com o seu fantástico mapa baseado nas suas pinturas ou até a figura do quadro “O Grito” de Edvard Munch. Simplesmente brilhante. O jogo roça, de facto, o ridículo mas posso garantidamente afirmar que nunca ultrapassa essa linha, tal como de um programa de Monty Python se tratasse, o humor é de uma qualidade louvável. Além do mais, o estilo artístico de todo o jogo é de uma qualidade tremenda, bastando por exemplo, olhar em volta quando controlamos a pedra, constatamos o trabalho brutal e a atenção a detalhes mesmo deliciosos.

Opinião final:

Rock of Ages 2: Bigger & Boulder é uma sequela digna do seu nome. É maior e melhorada em tudo. O jogo transmite qualidade desde os visuais fora do normal, passando pelo trabalho dos atores de voz com qualidade aos modos de jogo presentes e, no meu ver principalmente a toda a originalidade do seu tom humorístico que é absolutamente delicioso e irrepreensível. É um jogo que certamente tem algumas falhas, especialmente em certos mapas com falhas técnicas que causam alguns bugs, porém caem facilmente no esquecimento dada a constante boa disposição e diversão que proporciona. Sendo jogado sós é muito bom, porém o melhor proveito tira-se quando jogamos com ou contra outras pessoas localmente ou online. Uma bela surpresa, definitivamente, este jogo, e uma das mais agradáveis este ano.

Do que gostamos:

  • Toda a sua ambientação muito à lá Monty Python;
  • Sequências pré-batalha de um brilhantismo pouco visto nos videojogos;
  • Divertido jogar a sós, fantástico com amigos localmente ou online;
  • Boa variedade de armadilhas e de de itens para alterar o nosso aspecto.

Do que não gostamos:

  • Alguns glitches por vezes surgem mas que não estragam a experiência de jogo;
  • Os “tempos mortos” depois de colocação de armadilhas e à espera de atacar.

Nota: 8,5/10