Análise – SUPERHOT

Por vezes os melhores jogos vêm de ideias simples e é justamente isso que a SUPERHOT Team pretende mostrar com o recém-lançado para PlayStation 4, SUPERHOT. Neste, todo o universo se movimenta quando o jogador se movimenta. A ideia é fugir de outros jogos do género, com experiências intensas, SUPERHOT coloca a estratégia, cadência e planeamento em primeiro plano.

Lançado para PC em fevereiro de 2016 e Xbox One a 03 de maio de 2016, o jogo finalmente chegou à consola de nova geração da Sony, tanto na sua versão normal, como para PlayStation VR, que promete trazer uma experiência ainda mais imersiva.

SUPERHOT foi um jogo muito aclamado e elogiado por todos os jogadores quando lançado, precisamente por fugir ao padrão de outros shooters em primeira pessoa. Infelizmente, apesar de mais de um ano desde o seu lançamento para PC, esta versão para PlayStation 4 não traz nenhum conteúdo exclusivo, como armas, níveis únicos, mais armas ou algo do tipo – trata-se do mesmo jogo, com os mesmos conteúdos, e que finalmente permite aos jogadores da Sony desfrutar desta experiência.

Não há muito a dizer sobre a história de SUPERHOT. O jogo vai de encontro a uma narrativa metalinguística, colocando o jogador na pele de uma personagem a experimentar um jogo independente para PC. E esta narrativa é ainda mais enriquecida pelo facto do jogo ter um design, até nos próprios menus, característico de jogos para PC dos anos 80-90.

Apesar de não entregar uma história profunda e cheia de textos, vale mencionar que SUPERHOT é um dos jogos que ultimamente mais deu atenção à língua portuguesa, estando o jogo totalmente traduzido para português de Portugal, mostrando mais uma vez que os estúdios indie, apesar de terem menos recursos, são quem mais atenção dão aos diferentes países nos quais os seus jogos são lançados.

No entanto, é justamente no seu design que reside o ouro. SUPERHOT faz uso de uma palete de cores bem simples, que varia entre o vermelho, amarelo, preto e uma predominância do branco, que vai de encontro à sua simplicidade, mas também permite ao jogador ter o mínimo de poluição visual possível no seu ecrã, o que, aliado ao seu conceito de movimentação e ação rápida, vai fazer com que muitos jogadores se sintam dentro da Matrix.

Todo o jogo é estruturado para que cada movimento ou ação dos inimigos, itens ou conteúdo do cenário ganhe movimento quando o jogador se movimenta. Então um simples andar, disparar ou mover a câmara vai, automaticamente, fazer com que tudo em vosso redor se movimente, ou seja, cada mínimo movimento deverá ser amplamente analisado e pensado, com base no que irá desencadear.

Cada missão em SUPERHOT funciona numa sequência simples de puzzles, sendo necessário derrotar um determinado número de inimigos que se encontram no nosso caminho, com uma média de duração de 5-6 minutos, e oferecendo uma relativa diversidade de armas, desde armas brancas até armas de combate corpo-a-corpo.

Porém, para ampliar ainda mais esta sensação de planeamento e estratégia constante, cada item é descartável, ou, no caso das armas, tem um numero limitado de munições, pelo que cabe ao jogador encontrar sempre o melhor momento para se livrar de uma arma, o que também vai abrir portas a outro elemento que irá conquistar o jogador e que são as sequências de ação. Ao descartar uma arma, na maior parte das vezes é aconselhado fazê-lo ao arremessarem num inimigo, o que lhes dará um maior tempo antes de se preocuparem com ele, porém caso ele esteja a utilizar uma arma, essa também será solta, então não será difícil haver momentos em que o jogador irá assumir a pele do John Wick e fazer sequências de ação que desafiam tudo e todos, e eliminar um inimigo com a sua própria arma.

Graças a essa mecânica, o jogo tem como base muito a ideia de erro e aprendizagem, colocando o jogador constantemente numa situação onde terá diversas possibilidades e terá de aprender qual a melhor abordagem para cada situação. SUPERHOT possui uma curva de dificuldade sempre constante, mas nunca injusta, ao apresentar situações onde o jogador nunca irá realmente ficar preso, apenas terá que pensar de maneira analítica antes de uma ação.

Após a conclusão da campanha, serão desbloqueados dois outros modos de jogo: o Endless Mode, no qual o jogador será colocado em diferentes situações a desafiá-lo a ir o mais longe possível; e o Challenge Mode, que consiste numa série de desafios com limitações, a proporcionar uma dificuldade ainda maior. Ambos funcionam muito como uma expansão da campanha, que pode ser considerada demasiado curta. Apesar disso, estes novos modos não trazem novos cenários, mas reaproveitam todos os cenários pelos quais o jogador já passou anteriormente na campanha.

Opinião final:

Em resumo SUPERHOT e a sua versão para PlayStation VR fazem uso de uma ideia simples para oferecer ao jogador uma experiência única e desafiadora, que foge por completo ao estilo de outros jogos do género, sendo constantemente lembrado que a ação existe, é possível criar um ballet de morte e destruição, mas tudo isso só acontecerá de maneira fluida e assertiva, se houver um planeamento prévio.

Do que gostamos:

  • Combates bem fluidos que proporcionam momentos de ação únicos;
  • Jogo possui tradução para português de Portugal;
  • Apesar de curta e simplista, a história possui uma boa profundidade;
  • Sem dúvida nenhuma a utilização da mecânica de movimento-ação torna o jogo uma experiência própria dentro da indústria dos videojogos.

Do que não gostamos:

  • Campanha demasiado curta;
  • Reaproveitamento dos cenários no Endless Mode e Challenge Mode.

Nota: 8/10