Análise – Unholy Heights

unholyheights_analise_portugalgamers

Se o vosso sonho é jogar um misto de Tower Defense com uma espécie de simulação de gestão de apartamentos, vão adorar Unholy Heights! Ou, pelo menos, durante os primeiros dez minutos. Unholy Heights é um pequeno joguinho que veio agraciar a 3DS para vos dar a oportunidade de assumirem o papel do Diabo e gerirem um negócio de sonho: um bloco de apartamentos para monstros, demónios e muita outra bicharada.

Como já seria de esperar, os monstrinhos nunca conseguem ter um bocadinho de sossego e volta e meia vêm uns heróis chatos tentar matar a bicharada toda, ou não fosse isto um jogo do género Tower Defense. Ao mesmo tempo, têm de se certificar de que os vossos inquilinos estão devidamente satisfeitos e felizes, o que inclui não só adquirirem as suas peças de mobiliário favoritas (e olhem que a bicharada é exigente!) como também terem em atenção às picardias naturais entre monstros, espíritos, entidades e outros que tais.

Como em qualquer tipo de negócio, mesmo sendo o Diabo à frente do mesmo, começamos de forma humilde, com apenas quatro apartamentos para arrendar. Várias criaturas ectoplásmicas e demoníacas vão vendo o nosso anúncio e poderão manifestar o seu interesse em mudarem-se, mas cabe sempre ao jogador escolher quem quer meter em casa – até porque, como já mencionei, não se admirem se tiverem um dos vossos inquilinos a queixar-se de que não suporta o vizinho do lado com ar cthulhu-esco. É importante ir ganhando uns trocos, balançando sempre o fino equilíbrio entre a renda e as condições da casa, para que possam ir aumentando o vosso edifício e o número de inquilinos que podem ter.

Lovecraft iria adorar este jogo...

Lovecraft iria adorar este jogo…

Unholy Heights, conta com um sentido de humor no mínimo peculiar. Visualmente, a arte remete para um estilo fofinho e querido que quase nos faz esquecer de que estamos a lidar com monstruosidades e, de resto, consegue sempre arrancar um sorriso, principalmente quando reparamos que um dos nossos amiguinhos não está em casa porque, claramente, está a trabalhar como contabilista ou algo do género. Sim, Os demónios e demi-humanos têm trabalhos (senão como pagavam a renda?) e até vidas sociais, podendo até terem de ficar em casa doentes. Não se espantem se virem que um demóniozinho acabou por levar uma demóniazinha para casa – ou vice-versa – e que acabam por ter uma vida nova a dois, sempre no vosso apartamento.

Como nem tudo são rosas, volta e meia o vosso edifício é atacado por bandos de pseudo-heróis que acham que a melhor maneira de terem fama e fortuna é a matarem meia dúzia de bicharada. Ora a união faz a força e aqui cabe-nos a nós chamar todos os nossos inquilinos para que possam fazer frente aos humanos idiotas. Isto é, afinal de contas, um tower defense e não se admirem se alguns dos vossos inquilinos acabarem por morrer – cabe-vos a vocês também terem em atenção os níveis de energia dos monstrinhos e mandá-los para casa para evitar que morram. O que vale é que a enxurrada de mortos-vivos e entidades espíritas é sempre constante e poderão sempre substituir os pobres falecidos.

Têm ainda acesso a uma espécie de missões que se manifestam na forma de diversas ondas de inimigos, acabando por culminar numa espécie de boss, cuja derrota normalmente é um dos objectivos que deve ser completado para poderem ir aumentando o vosso edifício. Estas missões obrigam a que também tenham um pouco de estratégia – ao invés de mandarem os vossos monstros todos ao molho – uma vez que determinado tipo de monstro poderá ser mais ou menos eficaz contra determinados inimigos. As recompensas dão sempre jeito, uma vez que o dinheiro ajuda-vos a melhorar os apartamentos já existentes, dando-vos mais do que desculpas para aumentarem a renda, ou não fossem vocês o Diabo.

A bicharada é imensa, mas não se preocupem, têm um Bestiary à vossa disposição.

A bicharada é imensa, mas não se preocupem, têm um Bestiary à vossa disposição.

Ainda assim, é impossível não sentir que existe pouca variedade na jogabilidade. No fundo, irão estar sempre a fazer o mesmo, o que se adequa ao género de tower defense, é certo, mas que no fim acaba por fazer com que o jogador se canse do jogo, não existindo um desafio aparente. Mas, então e as missões e os bosses? Mesmo essa progressão natural de dificuldade acaba por saber a pouco face à jogabilidade repetitiva. Chega a um ponto que cansa não fazermos mais nada senão comprar ventoinhas e camas e mandar bicharada sair dos apartamentos para lutar contra os humanos.

Podem utilizar o stylus para jogar mas os botões da consola permitem um controlo até bastante intuitivo. No ecrã touch podem ver o vosso edifício bem como a placa onde se encontram afixadas as missões que podem aceitar,  já no de cima poderão ver informações sobre o que estão a selecionar, como por exemplo quem se encontra alojado em determinado apartamento. Com uns toques do circle pad facilmente conseguem navegar por todas as opções disponíveis e assim fazer uma gestão eficaz do vosso edifício.

Unholy Heights tem como objetivo levar-vos até alturas maléficas, com um toquezinho de humor e proporcionando um bom bocadinho com a portátil da Nintendo. Não é extremamente exigente nem tão pouco consumirá muito do vosso tempo, tendo tanto como ponto forte e fraco a sua simplicidade. É um joguinho engraçado mas que mesmo tendo como objectivo as alturas, não se consegue elevar muito acima disso. Ainda assim, conta com o ponto positivo de conseguir ser daqueles jogos que permanecerá na vossa consola durante algum tempo… dá sempre jeito dar uma abada a uma cambada de humanos de vez em quando.

Opinião final:

Unholy Heights decidiu misturar dois géneros que aparentam não ter muito a ver um com o outro, com uma premissa no mínimo original. O que daqui resulta, é um pequeno jogo que consegue manter um sentido de humor peculiar através dos pequenos detalhes que o permeiam. A jogabilidade é simples mas acessível e faz com que o jogo seja o ideal para uma curtas jogatanas de vez em quando. Unholy Heights não vos vai roubar horas e horas de jogo mas é o produto adequado para os momentos em que apenas querem dar uns toquezinhos na vossa 3DS. Não há nada como assumir o papel de um Lúcifer empreendedor, ainda que com alguns percalços pelo meio.

Do que gostamos:

  • Simplicidade e acessibilidade do jogo;
  • Mistura com sucesso do género tower defense com um simulador de gestão de apartamentos;
  • Visuais fofos que contrariam a temática demoníaca.

Do que não gostamos:

  • É tão simples que muito facilmente nos esquecemos que ele existe;
  • Jogabilidade que acaba por cansar.

Nota: 6,5/10