Relíquias Japonesas: Séries que nos marcaram #2

Kingdom Hearts

Depois do primeiro artigo sobre Patapon, elaborado pelo Joaquim, eis que chega a minha vez (Gil) e neste artigo irei apresentar e partilhar vários pormenores de uma série de grande impacto e renome no Japão, e como a mesma modificou o género de JRPG à sua maneira – Kingdom Hearts.

Apelamos mais uma vez à vossa opinião em relação a este tema e sugestões para futuros artigos da rúbrica, tal como troca de ideias e experiências que tiveram com a série em destaque neste artigo.

Walt Disney teve um sucesso enorme e marcou a história do cinema familiar desde que foi inaugurada. Durante o século XX, atingiu fama de níveis exorbitantes, com filmes que irão ficar para sempre na memória da humanidade e nunca passarão de moda, tais como O Rei Leão, Peter PanA Pequena SereiaAlice no País das Maravilhas ou mesmo Hercules, todos eles são filmes carismáticos que qualquer criança ou adulto que viveu em pleno século XX conhece, durante a chamada «Idade de Ouro» da Disney.

Como era de se esperar, foram realizados vários videojogos dedicados a estes clássicos, no entanto, nenhum deles criou grande impacto, pois eram curtos, genéricos e, em geral, não eram muito atraentes, visto que contavam exatamente a mesma história do filme. Foi então que a SquareSoft (mais tarde Square Enix) e a Disney fizeram uma parceria com o intuito de marcar o mundo dos videojogos com o universo dos filmes Disney. Foi em 2002 que o resultado desta parceria surgiu, Kingdom Hearts, um jogo que mistura o género JRPG com vários universos da Disney e uma história única.

Como se costuma dizer, primeiro estranha-se, depois entranha-se e foi exatamente isto o que aconteceu em relação a esta série: os fãs tiveram reações mistas, pois era um produto totalmente novo e, como tal, ficaram hesitantes, visto que estavam habituados à ideia de jogos como Final Fantasy VII, com histórias pesadas e dirigidas a um público mais desenvolvido. Assim, muitos ficaram reticentes quando Kingdom Hearts foi anunciado, visto que apelava a um público familiar, de todas as idades.

No entanto, quando o primeiro jogo foi lançado, a sua receção foi fantástica e foi fortemente elogiado pela crítica, devido à sua originalidade na jogabilidade simples e por ter conseguido criar uma fórmula excelente entre JRPG e histórias clássicas da Disney, a receita perfeita, tornando-se, assim, numa das maiores séries de videojogos da atualidade, com vários jogos lançados até à data: Kingdom Hearts, Kingdom Hearts 2, Kingdom Hearts Chain of Memories, Kingdom Hearts Coded, Kingdom Hearts Mobile, Kingdom Hearts 358/2 Days, Kingdom Hearts Birth By Sleep, Kingdom Hearts 3D: Dream Drop Distance, Kingdom Hearts HD 1.5 Remix e Kingdom Hearts HD 2.5 Remix. Mas a série não se fica por aqui e estão já em desenvolvimento jogos como Kingdom Hearts HD 2.8 RemixKingdom Hearts 3, que prometem ser tão ou mais memoráveis como vários destes lançamentos.

Kingdom Hearts é uma série que, tal como referido anteriormente, mistura o melhor de 2 mundos: o feeling comum dos JRPG e o seu design ao estilo de anime (idêntico ao da série Final Fantasy), onde o modo de história e personagens principais estão inseridos, e Disney, os vários mundos de fantasia clássica pelos quais a Disney é tão famosa e aclamada, misturando um pouco de história do jogo em cada mundo e alterando pequenos pormenores aos mesmos, de forma a fazer um conjunto delicioso e magnífico.

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Os heróis principais do primeiro jogo, da esquerda para a direita, Donald, Sora e Pateta

Kingdom Hearts leva-nos de imediato para uma ilha paradisíaca, Destiny Islands, onde encarnamos um jovem de 14 anos, Sora, o protagonista do jogo que sonha em explorar os vários planetas com os seus amigos KairiRiku. Depois de ocorrer um certo evento, Sora invoca o poder da Keyblade, uma espécie de “chave” para o coração de todos os seres deste fantástico universo, e é transportado para um outro mundo completamente desconhecido para ele, onde a sua aventura começa.

Na maioria dos jogos Kingdom Hearts controlamos Sora, que utiliza a sua Keyblade e diversas habilidades que vai adquirindo ao longo da sua aventura, de maneira a derrotar os seus inimigos, os Heartless, originados de corações inundados de trevas, Nobodies, corpos físicos que perderam a sua essência, ou seja, o seu coração, e procuram por uma razão para a sua existência. Sora tem a possibilidade de ter 2 aliados ao seu lado, que podem ser substituídos por outros conforme o progresso dos planetas e história, sendo que os principais são Donald Duck, o carismático pato zangado da DisneyPateta, o melhor amigo de Mickey, que também terá uma grande influência na história desta grande série, sendo o rei de um dos planetas.

Kingdom Hearts baseia-se sempre na exploração dos vários planetas Disney, em busca de respostas para os objetivos dos personagens que controlamos, visto que todos estes mundos foram apoderados pelas trevas, tanto dos Nobodies como dos Heartless, dependendo do jogo, sendo que apenas Kingdom Hearts 3D: Dream Drop Distance foge à regra, uma vez que se situa completamente nos sonhos de Sora. Nos vários mundos iremos encontrar vários cenários conhecidos da Disney e que nos dão a sensação de que estamos realmente dentro do filme, com vários elementos interessantes como a cabana de Tarzan, o tribunal da “Queen of Hearts” no mundo de Alice, ou até mesmo o coliseu do mundo de Hercules, e que nos trazem boas recordações dos melhores filmes familiares do século XX. É claro que, para além das personagens icónicas de cada mundo, iremos ver também os antagonistas dos mesmos, sendo que normalmente são estes os bosses dos mundos, ou pelo menos 1 dos bosses em alguns casos, visto que irão acontecer surpresas inesperadas que envolvem a história principal de Sora e companhia.

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Cerberus, um dos bosses de Kingdom Hearts

Um dos pontos fortes de Kingdom Hearts é a sua jogabilidade simples, flexível e variada, baseando-se simplesmente em escolher qual o “comando” que queremos que o nosso personagem principal efetue da lista que nos aparece do lado esquerdo(contendo ataque, magia, itens ou summons) e baseada na escolha que fazemos, que complementamos com o uso do botão circulo para saltar ou outras habilidades que iremos obtendo conforme progredimos no jogo, tal como guard ou dodge. Em Kingdom Hearts: Chain of Memories ao invés de ataque e magia, selecionamos cartas que correspondem aos mesmos, fazendo assim a jogabilidade à base da sorte, para que nos calhe as cartas que precisamos do nosso baralho. Já em Kingdom Hearts: Birth By Sleep o sistema de batalha foi simplificado, utilizando apenas um menu com todas as habilidades que temos disponíveis para executar (custando um X de energia/mana) e o botão X serve apenas para atacar normalmente. Todos os jogos, à excepção do primeiro, têm um modo especial que nos permite invocar um poder especial, em Kingdom Hearts 2 são os Limit, onde Sora obtém poderes diferentes, como Dual Keyblades, poder flutuar, etc.

Embora a história principal dos jogos seja o foco da série Kingdom Hearts, existem também vários mini-jogos e contra-tempos que Sora e os seus amigos terão de enfrentar, tornando assim o jogo menos repetitivo e mais empolgante, por vezes misturando até esses mini-jogos com a jogabilidade dita normal, inclusive no combate com os próprios bosses, como acontece em Kingdom Hearts 2. Estes mini-jogos estão muito bem conseguidos, apresentando-se de inúmeras formas, tais como: corridas, treinos de batalha, destruição de caixotes, criação de gelados, entre vários pormenores deliciosos. No entanto, o melhor do jogo é mesmo a história principal, que é bastante extensa e interessante, pois o mistério é enorme e os twists não param de acontecer, tendo-me deixando sempre de boca aberta quando descubro algum pormenor fantástico para ligar as peças do grande puzzle e desvendar algo novo na história, e que espero que continue  a acontecer nos próximos lançamentos.

Os gráficos e a banda sonora de todos os jogos são escolhidos com bastante pormenor e atenção, de maneira a nos sintonizarem quer com os personagens quer com a história, conseguindo até oferecer a emoção que é suposto experienciarmos ao ouvir/ver os mesmos, encaixando-se perfeitamente no ambiente que devem proporcionar aos diversos mundos e momentos que as personagens experienciam. Alguns mundos chegam mesmo a mudar conforme progredimos na história, ou deixam inclusive de estar disponíveis, obrigando-nos a voltar lá para uma 2ª aventura (nos casos  em que mudam dependendo do progresso).

Os gráficos e a liberdade de exploração do jogo são fantásticos

Os gráficos e a liberdade de exploração do jogo são fantásticos

 

 Kingdom Hearts é uma das séries que mais marcou o género de JRPG, tornando famoso o modo “action battle“, visto que a maioria dos jogos do género até à data eram baseados em sistemas de batalha por turnos. O mais aliciante em Kingdom Hearts é sem dúvida alguma a sua aliciante história, rodeada de mistério e pormenores fantásticos, não se dando a conhecer facilmente como em muitos jogos, obrigando os jogadores a explorar todos os cantos da série para conseguir perceber tudo, tal como várias séries de renome fazem, incluindo Metal Gear Solid, focando-se no universo da Disney para melhorar a forma como a história é contada e tornando o ambiente mais mágico e nostálgico para os fãs da Disney.

Depois de mais de 10 anos a explorarmos os vários jogos da série, está em desenvolvimento a aventura final de Sora, em Kingdom Hearts 3, que deverá ser lançada em 2017 ou 2018, sendo que já existem vários gameplays do mesmo, bem como várias artwork trailers.

Não percam daqui duas semanas o artigo que a Carla irá partilhar com vocês, revelando uma série nipónica que marcou a sua vida. Assim termina o meu artigo, digam o que acharam e partilhem as vossas ideias e experiências.

Qual será o tema do artigo da Carla? Fiquem atentos!

Qual será o tema do artigo da Carla? Fiquem atentos!

Divirtam-se acima de tudo!! 😉