Análise – 1080º Snowboarding

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Em 1998, 1080º Snowboarding chegava à Nintendo 64 e era bastante bem-recebido pelos fãs, tendo conseguido trazer, com sucesso, o Snowboard para a consola da Nintendo. Atualmente, passados quase 18 anos, chega-nos a versão para a Virtual Console da Wii U e perguntamo-nos, tal como fazemos com todos os relançamentos de jogos retro, que estragos causou a passagem do tempo desde o lançamento original.

Ao contrário do que sucede em jogos como Wave Race 64 (cuja análise podem ler aqui), 1080º  Snowboarding  sofreu um pouco mais com o passar dos anos. Os efeitos visuais que antes eram encarados como soberbos (e em que o jogo se foca bastante) hoje já não nos motivam, salvo raras e felizes exceções.

Devido à importância dada aos efeitos visuais aquando da sua conceção, 1080º Snowboarding, embora divertido e correspondente aos padrões da altura em que foi lançado, perdeu a sua magia com a evolução do tempo. Assim, a própria diversão característica do jogo se foi perdendo sendo agora raros os momentos em que 1080º Snowboarding diverte realmente. De facto, esta falta de atenção a outros pontos do jogo torna-se evidente quando nos deparamos, por exemplo, com um reduzido número de circuitos disponíveis, existindo apenas 6, isto se conseguirem chegar à dificuldade máxima, para o que é necessária alguma perícia e umas boas horas de jogo.

A principal atração de 1080º Snowboarding são as corridas...

A principal atração de 1080º Snowboarding são as corridas…

O sistema deste jogo não é muito complexo. Antes de começarmos o evento selecionado temos de escolher entre cinco atletas e diversas pranchas, cada qual com características próprias, mas que não se notam claramente na experiência de jogo. Já no evento em si, controlamos o atleta com o analógico enquanto aceleramos e nos podemos agachar (que aumenta a nossa velocidade, o que será essencial para obtermos resultados positivos). Ao longo do circuito vamos encontrando curvas apertadas, em que teremos de reduzir ligeiramente a velocidade, e ainda rampas ou desníveis que nos projetam no ar e em que temos de controlar o nosso centro de gravidade para conseguirmos aterrar adequadamente.

Nos momentos em que nos encontramos no ar podemos realizar acrobacias que variam desde o simples pressionar de um botão até ao truque 1080º (que dá o nome ao jogo), em que precisamos de realizar uma sequência rápida (já que temos pouco tempo até chegarmos ao chão) de 9 botões a pressionar. No geral estas acrobacias são engraçadas de ver, mas, por outro lado, são raras as situações em que as podemos realizar sem nos preocuparmos com uma queda iminente, o que acaba por roubar, em parte, a atenção aos truques que estamos a efetuar.

... Mas há que não esquecer as acrobacias!

… Mas há que não esquecer as acrobacias!

Existem quatro modos de jogo distintos em 1080º Snowboarding. O primeiro deles, o Match Race, que recebe também um maior destaque, consiste num conjunto de corridas entre nós e um atleta controlado pelo CPU, em que apenas ganhando podemos passar à próxima ronda, dispondo de apenas 3 vidas, isto é, apenas podemos perder três vezes nas corridas que façamos (que varia entre 4 e 6, dependendo da dificuldade). Para além destas três vidas temos ainda uma barra no canto superior direito do ecrã que contra o dano sofrido, e, se a esgotarmos, somos obrigados a retirar-nos da competição e a começar de novo.

O dano vai-se acumulando através do choque com paredes, de quedas mal efetuadas e ainda de certos obstáculos colocados no circuito por alguém que pretende gravar uma compilação de quedas engraçadas.

O Contest é um modo em que encontramos dois tipos de desafios: um em que encontramos uma série de bandeiras vermelhas e azuis que temos de passar pelo lado certo e que nos vão dando um bónus de pontos e de tempo; e provas em que devemos fazer acrobacias para ganharmos pontos, aparecendo estas competições alternadamente. Assim, o objetivo passa por concluirmos cada um dos desafios com o máximo de pontos possível para estabelecermos um recorde o mais alto possível.

Time Attack, como o nome indica, é um modo de contra-relógio em que percorremos os mesmos circuitos dos outros modos, mas desta vez apenas preocupados com obter o melhor tempo possível e superar recordes pré-estabelecidos.

Finalmente existe o modo Trick Attack em que devemos realizar truques para ganharmos mais pontos, isto enquanto avançamos entre os diversos checkpoints bem colocados ao longo do percurso e que nos dão também um certo número de pontos.

Neste jogo temos vários atletas por onde escolher mas as diferenças não são muitas.

Neste jogo temos vários atletas por onde escolher mas as diferenças não são muitas.

Em todos estes modos, especialmente naqueles em que não temos nenhum atleta ao nosso lado a competir (todos os modos exceto o Match Race), sentimo-nos bastante sozinhos, já que não existe ninguém em nosso redor e, para piorar, não existe vida alguma nos cenários, o que torna o espaço em redor um pouco contrastante com o que a banda sonora do jogo pretende transmitir. Apenas no modo multijogador local existe essa sensação de companhia, e, mesmo neste caso, o fator competitivo é muitas vezes menor do que aquele a que estamos habituados a encontrar em jogos de corridas.

A acompanhar todo a ação, a banda sonora de 1080º Snowboarding tem como especial objetivo dar o ar de coolness, em sintonia com o que o jogo já foi e que pretende transmitir, e que acaba por fazer, de maneira razoável, com o aspeto dos atletas e com os truques que realizam.

Opinião final:

1080º Snowboarding, foi, em tempos, um jogo bastante apreciado da Nintendo 64, quer pelo seu estilo quer pela maneira divertida como podíamos fazer truques pelo ar e descer as montanhas nevadas a alta velocidade. Infelizmente este jogo é, também, um exemplo claro de como, no mundo dos videojogos, o passar dos anos pode ser fatal. Chega-nos, por isso, uma versão muito mais frágil do que foi antes um grande jogo de corridas, mas que, mesmo assim, ainda consegue divertir em certos momentos.

O que gostamos:

  • Variedade de personagens e pranchas;
  • Acrobacias no ar;
  • Banda sonora adequada ao objetivo do jogo.

O que não gostamos:

  • Ambiente sem vida;
  • Número reduzido de cenários disponíveis;
  • «Onde está toda a gente?»;
  • Alguns truques muito complicados de executar.

Nota: 6/10