A ideia base deste jogo já estava presente num projeto escolar realizado por 5 estudantes, chamado Path Of Shadows. Mais tarde, 3 destes fundaram o Lince Works e começaram a refinar o projeto inicial, fazendo uso do motor Unity 5, remodelando várias mecânicas e aperfeiçoando-o a vários níveis. O resultado é o jogo a que hoje chamamos Aragami.
Aragami é o nome do protagonista principal do jogo, um espírito de vingança que foi convocado para eliminar as forças militares de Kaiho, os guerreiros da luz que tiranizam constantemente o povo Kyûryu, estando a imperatriz do mesmo e a misteriosa Yumiko presas por estes guerreiros. Foi graças à sede de vingança de Yumiko que Aragami foi convocado, para terminar por fim o reinado dos Kaiho.
Começamos o jogo precisamente no momento do “nascimento” de Aragami, um espírito de vingança criado nas sombras, que não aguenta com luz e cujo propósito é tornar a vingança de Yumiko numa realidade. Aragami utiliza a sua shadow essence para se teleportar através e criar sombras, no entanto, a shadow essence que se encontra disponível é limitada, estando visível nas costas do nosso personagem, mais precisamente na sua capa, símbolos que desaparecem consoante o uso da mesma (sendo recarregados quando permanecemos nas sombras durante alguns segundos).
Além das habilidades de shadow essence e da famosa katana que utilizamos para executar os nossos inimigos, teremos à nossa disposição um arsenal de habilidades fatais que nos proporcionam momentos fantásticos, tais como: buracos negros que podemos criar quando o inimigo alcança o nosso selo presente no local; invocação de monstros a partir das sombras para consumir os nossos inimigos sem deixar qualquer rasto; as famosas kunai para atingir os arqueiros quando estes nos veem, entre várias outras habilidades deliciosas. Para desbloquearmos mais habilidades, será necessário colecionar pergaminhos conforme vamos jogando, estando estes escondidos nos diversos capítulos do jogo.
As mecânicas de jogo estão bem executadas, sendo que ao atacarmos os inimigos ou ao nos movimentarmos entre as sombras e os locais mais claros, raramente encontramos bugs ou glitches, que não estragam assim a imersão do jogo. O modo furtivo é essencial neste jogo, sendo necessário planear como iremos matar os nossos inimigos e não morrer, visto que basta apenas 1 toque dos mesmos para morrermos (e vice versa).
Os membros da milícia de Kaiho estão divididos em 2 grupos, os “brutamontes” a que estamos habituados, com uma espada que deita uma rajada de luz que automaticamente nos mata, e os arqueiros, que estão constantemente a rondar o local a partir de lugares estratégicos para nos enfiar uma flecha de luz na cabeça. A inteligência artificial está espetacular, respondendo bem aos nossos movimentos quando estamos desprotegidos (fora das sombras) ou mesmo quando estamos nas sombras, mas perto dos mesmos, visto que o som também serve para que nos detetem, obrigando-nos a manter a distância e a pensar qual será a melhor maneira de quebrar a rotina de movimento do guarda sem sermos detetados e matá-lo, visto que os outros guardas nos podem observar e matar instantaneamente.
Os gráficos do jogo estão espantosos e, misturados com som da banda sonora do jogo, que foi pensada no Japão feudal, dá um clima perfeito, proporcionando momentos fantásticos em vários locais baseados nesta conhecida época histórica do país do Sol Nascente, escolhidos cuidadosamente para representar a 100% a sensação e os locais do mesmo.
Embora Aragami seja uma experiência fantástica, também tem alguns defeitos, como é o caso de algumas quebras de frame rate quando começamos um capítulo ou os traços que se formam no ecrã devido à rotação da câmara em locais fechados. Mas o maior defeito é sem dúvida a repetição em termos de objetivos dos capítulos, variando apenas entre matar os inimigos da milícia de Kaiho e destruir as barreiras de luz que nos impedem de avançar na nossa jornada, deixando a desejar algumas mudanças quer nos inimigos quer nos nossos objetivos.
Opinião final:
Aragami é uma das melhores experiências de jogo furtivo possíveis, transmitindo da melhor maneira o que é um verdadeiro ninja, escondendo-se nas sombras com as suas habilidades mortais e silenciosas no cair da noite. Um dos melhores jogos indie disponíveis, fazendo frente a títulos como Guacamelee! e Brothers: A Tale of Two Sons.
Do que gostamos:
- Mecânicas de jogo e habilidades espantosas de tirar o fôlego;
- Personagens bem desenvolvidos e com boa história de fundo;
- Flexibilidade no que os jogadores podem fazer, sendo possível não matar ninguém;
- Locais e gráficos fabulosos;
- Exploração e interação excelentes;
- Dificuldade adequada e realista, sentindo-nos mortais;
- Banda sonora adequada e fabulosa.
Do que não gostamos:
- Repetividade nos objetivos;
- Quedas de frame-rate em certas partes do jogo;
- Pequenos “traços” ao rodar a câmara em locais fechados.
Nota: 8/10