Análise – Bayonetta 2

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Resultado de uma colaboração entre a Nintendo e a Platinum Games, no passado dia 25 de Outubro, e em exclusivo para a Wii U, saiu Bayonetta 2, a sequela do famoso hack n’ slash Bayonetta, cuja análise está já disponível no nosso site e que podem ler aqui.

Depois de no jogo original a Platinum Games nos ter presenciado com uma experiência épica, considerada por muitos a melhor escolha dentro do género de hack n’ slash dos últimos anos,  a chegada de Bayonetta 2 é vista com grande expectativa já que se espera que o jogo mantenha a qualidade do título original e que é tão apreciada quer pelos jogadores quer pela crítica.

Em Bayonetta 2 a história desenrola-se imediatamente a seguir aos acontecimentos de Bayonetta e voltamos mais uma vez a controlar a sensual e ágil Ubran Witch que agora se apresenta com um estilo diferente do jogo original no entanto com a sua personalidade inalterada, pelo que podem esperar momentos de humor idênticos aos que presenciamos em Bayonetta. Todo o jogo, aliás, se apresenta bastante idêntico ao que vimos no título original sendo que ao contrário do que aconteceu no processo de desenvolvimento do mesmo, desta vez a Platinum Games não deu asas a toda a sua imaginação mas teve sempre em atenção em manter a sequela o mais próxima possível de Bayonetta. Embora possamos ver isto como algo positivo já que o título original representa um dos melhores jogos de hack n’ slash da geração anterior, a verdade é que Bayonetta 2 perde um pouco da magia e da surpresa que foi o seu antecessor quando saiu originalmente para a PlayStation 3 e Xbox 360.

Jeanne e o restante elenco está de volta com algumas alterações.

Jeanne, Bayonetta e os restantes personagens estão de volta, agora com algumas alterações.

Em Bayonetta 2 o elenco é praticamente o mesmo que no título original sendo que Enzo, Luka, Jeanne e Rodin voltam a acompanhar Bayonetta na sua jornada e todos eles permanecem iguais sendo que podem contar com momentos bastante idênticos aos que viveram em Bayonetta. A este grupo junta-se agora Loki, um misterioso rapaz que usa cartas mágicas e outros truques que vamos descobrindo ao longo do jogo assim que este e Bayonetta continuam em direção ao seu destino. Embora não faça parte do elenco do jogo original, este novo personagem rapidamente se dá bem com a protagonista e torna-se uma personagem bastante relevante no enredo deste segundo título estando presente em quase todo o jogo.

Mais uma vez ao longo do jogo podemos visitar “The Gates of Hell”, uma loja controlada por Rodin, com um estilo alusivo a um bar, mas que no entanto serve para adquirirmos novas armas, novas combinações de ataques e itens que nos vão ajudar ao longo do jogo como chupa-chupas que curam uma parte da nossa vida ou aumentam momentaneamente o nosso poder de ataque.
Em Bayonetta 2, usando as várias armas que podemos adquirir na loja de Rodin e com as combinações que podemos fazer com elas, temos acesso a uma grande variedade de combos que provocam mais uma vez movimentos fantásticos que aliados à velocidade frenética dos combates da série levam a que a jogabilidade deste novo jogo continue tão viciante como no primeiro jogo e que diverte por horas e horas.

O combate continua tão viciante, variado e rápido como sempre.

O combate continua tão viciante,variado e rápido como sempre.

Graficamente Bayonetta 2 está bastante bem concebido sendo que todo o jogo, desde os inimigos até aos cenários e os personagens jogáveis apresentam um bom aspeto e estão bastante detalhados.  A direção artística deste título volta a seguir o mesmo estilo usado em Bayonetta em que enfrentamos inimigos colossais em vários cenários que variam entre ruas e locais citadinos como ambientes celestiais em que dominam os anjos ou nas profundezas do inferno.

De entre todas as novidades de Bayonetta 2, talvez a maior seja a presença de demónios e de visitarmos o Inferno. Devido a estranhos fenómenos que nos são posteriormente explicados, desta vez não temos de nos defrontar apenas com os anjos mas também contra vários demónios, que supostamente deveriam estar do lado das Ubran Witches, mas entretanto revelaram-se contra as mesmas sendo agora inimigos a abater. Tal como acontece no caso dos anjos, existem vários demónios diferentes, cada um usando estratégias diferentes para pôr fim à nossa jornada. Entre os anjos e os demónios, excepto o seu aspeto, que no caso dos demónios é mais negro e monstruoso, não existem grandes diferenças sendo que a maneira como abordamos cada tipo de inimigos não varia e o combate permanece igual tanto nas fases em que combatemos os demónios tanto nas fases em que combatemos anjos.

Desta vez também os demónios se opõe ao nosso caminho.

Desta vez também os demónios se opõem ao nosso progresso.

No Inferno somos levados até cenários mais negros e em que temos mais uma vez vários segredos para explorar, sempre guardados por um grupo de demónios. Tal como acontece no jogo original os vários capítulos desenrolam-se em espaços lineares onde somos confrontados com grupos de inimigos que não nos deixam passar até que acabemos com todos eles. Mesmo sendo os espaços lineares, nos cenários estão escondidas várias áreas que por vezes podem passar despercebidas, mas que contêm tesouros que podem significar num aumento de vida ou da nossa capacidade de magia.

À medida que vamos derrotando inimigos, e em semelhança ao que acontecia no primeiro jogo, se não sofrermos danos, vamos ganhando magia até enchermos o máximo da nossa capacidade. Quando atingimos a capacidade máxima podemos utilizar, tal como no primeiro jogo, os Torture Attacks, que através de máquinas de tortura usadas por centenas de anos pelas Umbran Witches retiram bastante vida aos nossos inimigos. Para além dos Torture Attacks, temos ainda uma novidade no combate em Bayonetta 2, o Umbran Climax que torna os nossos ataques bastante mais fortes num determinado período de tempo. O Umbran Climax acaba por se manifestar como algo muito importante ao longo da nossa aventura já que encontramos vários bosses gigantes e que são bastante resistentes sendo que pouca é a vida que perdem com os nossos combos normais.

Os inimigos colossais estão de volta

Os inimigos colossais estão de volta.

Enquanto vamos explorando o mundo de Bayonetta 2, vamos nos deparando com vários desafios em que podemos ganhar bónus como LPs para mais tarde trocarmos por armas, maior capacidade de magia etc. Estes desafios possuem exatamente a mesma estrutura que os desafios de Bayonetta em que somos levados para uma arena, exatamente igual à do título anterior, em que num tempo limite devemos abater uma série de inimigos com condições dadas e que podem variar entre não podermos usar o Witch Time ou não podermos sofrer danos sob qualquer circunstância.

O Witch Time, referido anteriormente funciona exatamente como no jogo original, isto é, sempre que nos desviamos de um ataque inimigo no último instante os movimentos dos adversários ficam muito mais lentos durante um curto intervalo de tempo, o que nos permite reivindicar e tirar bastante vida aos nossos inimigos. Este modo raramente apresenta restrições sendo que podem inclusive usar o Witch Time e o Umbran Climax simultaneamente para resultados mais efetivos.

Os combate de Bayonetta 2, tirando a inclusão do Umbran Climax continua todo ele idêntico ao de Bayonetta, em que com reflexos rápidos temos de descobrir as aberturas nos inimigos, normalmente presentes quando estes atacam, dando-nos a oportunidade de contra-atacar usando o Witch Time.

Durante o Umbran Climax vários demónios vêm em nosso auxílio.

Durante o Umbran Climax vários demónios vêm em nosso auxílio.

Para além do modo história temos ainda um modo completamente novo em Bayonetta 2, o modo Tag Climax, um modo cooperativo em que dois jogadores através de uma ligação à Internet se juntam para combater versões mais fortes de inimigos que já tenham sido derrotados no modo história.

Estes desafios podem variar também na dificuldade sendo que podem apostar Halos em como conseguem concluir o desafio ou não. Este modo é então um modo também de aposta sendo que quanto mais apostam mais fortes são os inimigos mas também mais podem ganhar com o desafio.

Embora o modo Tag Climax seja um modo essencialmente cooperativo, a verdade é que está sempre presente uma grande competitividade entre os participantes pois embora o objetivo seja derrotar todos os inimigos, a verdade é que sai vitorioso quem infligir mais danos e/ou tenha sofrido menos danos, isto é, quem tenha uma prestação melhor. Enquanto vão derrotando os inimigos, os poderes passam a ser partilhados isto é, caso um dos jogadores ative o Witch Time ou o Umbran Climax, ambos ficam sobre o efeito deste poder.

Neste modo poderão jogar com vários personagens jogáveis, incluindo personagens já conhecidos como Rodin ou Jeanne e que marcam presença em ambos os títulos da franquia e que podem ser controlados pela primeira vez.

Competição e cooperação tudo no mesmo modo.

Competição e cooperação tudo no mesmo modo.

Os Halos, referidos anteriormente, são a moeda de troca em Bayonetta 2, sendo que as armas, habilidades e itens que compramos nos Gates of Hell são adquiridos por darmos Halos a Rodin.

Os Halos são metais preciosos que conseguimos sempre que acabamos com algum inimigo, seja este um anjo ou demónio. Dependendo dos combos que realizamos e da nossa prestação em combate podemos ganhar diferentes quantidades de Halos pelo que será importante manter constante concentração ao longo do jogo caso queiram amealhar Halos suficientes para comprar as armas e habilidades mais fortes.

Para além de diferentes quantidades de Halos, sempre que acabamos um combate somos classificados com uma medalha que pode ir de pedra até pura platina dependendo da vida que perdemos, do tempo que demoramos até terminar o combate e da variedade e da sequência de combos que utilizamos.

No fim de cada capítulo, baseado na nossa prestação nos diferentes combates, incluindo se descobrimos áreas escondidas ou não, somos classificados com um troféu que pode variar também entre pedra e platina dependendo da nossa prestação.

No fim de cada capítulo somos recompensados sempre com um troféu.

No fim de cada capítulo somos recompensados sempre com um troféu.

Cada troféu não representa apenas um capítulo mas sim também a dificuldade em que o jogaram, isto é, caso concluam um capítulo em dificuldade normal e obtenham um troféu de bronze por exemplo, isso não significa que tenham alcançado o bronze para todas as dificuldades sendo que nas diferentes dificuldades podem ter vários troféus diferentes para o mesmo capítulo.

Caso queiram alcançar a platina até mesmo em dificuldades mais difíceis, Bayonetta 2 volta, tal como acontece no título anterior, a oferecer um grande desafio pelo que atingir esse nível leva a inúmeras horas de jogo.

Tal como acontece na versão Wii U de Bayonetta, temos vários controlos que podemos utilizar, o Wii U Pro Controller, o Wii U GamePad, que apresentam o mesmo padrão usado na PlayStation 3 e Xbox 360, bem como a possibilidade de controlar o jogo usando apenas o ecrã tátil. Embora seja positivo a integração de mais maneiras de controlar o jogo, a verdade é que os controlos táteis não se enquadram bem ao jogo que é Bayonetta já que para além de tornarem todo o jogo automático, em momentos de maior ação, o uso da stylus não é eficiente para realizarmos por exemplo desvios no último momento. Neste modo de controlo apenas precisamos de tocar no inimigo que queremos atacar que Bayonetta se desloca até ele e aplica os vários combos disponíveis aleatoriamente. Para nos desviarmos basta deslizar a stylus para que Bayonetta se esquive de qualquer ataque feito durante esse tempo.

Este modo de jogo, embora possa ajudar jogadores menos experientes em hack n’ slash revela-se um pouco aborrecido e pouco cómodo, ao contrário dos controlos tradicionais que continuam presentes e continuam a ser a melhor opção.

Loki, um novo personagem crucial que se revela crucial na história do jogo.

Loki, um novo personagem que se revela crucial na história do jogo.

Quanto ao enredo, mais uma vez a Platinum Games foi capaz de conceber uma história bem construída e em que os acontecimentos fazem perfeito sentido com o que vimos em Bayonetta, não existindo contradições entre os dois jogos, sendo a história tão fluída que olhando apenas para a história do jogo, quase nem nos apercebemos que alguma vez deixamos o universo de Bayonetta.

Em termos de música, mais uma vez Masami Ueda volta a mostrar o seu talento e mais uma vez temos uma grande banda sonora que acompanha os momentos épicos deste novo Bayonetta. Desta vez o tema principal intitula-se “Tomorrow is mine” que fica rapidamente no ouvido, tal como a versão de “Fly me to the Moon” presente em Bayonetta, embora pessoalmente prefira o tema do primeiro jogo.

Opinião final:

Bayonetta 2 apresenta-se como um dos melhores jogos de hack n’ slash e talvez a melhor compra para os detentores da Wii U este ano. Com um bom enredo, um combate viciante e momentos épicos idênticos, Bayonetta 2 é uma boa sequela para um dos melhores hack n’ slash da geração anterior.
Para quem já tenha jogado Bayonetta irá encontrar surpresas como encontrou no título anterior. Esta sequela poderá desiludir um pouco já que permanece fiel ao primeiro jogo, no entanto nunca será um mau investimento já que se apresenta como um grande jogo. Em suma, o maior problema de Bayonetta 2 é a qualidade do título que lhe antecedeu e que provocou uma grande expectativa, que o jogo acaba por não cumprir totalmente.

O que gostamos:

  • Combate viciante e desafiante;
  • Momentos épicos;
  • Modo cooperativo bastante competitivo;
  • Música original e adequada aos momentos de ação;
  • Arte dos inimigos e dos cenários.

O que não gostamos:

  • Demasiada dependência do título original.

Nota: 9/10