Análise – Bound

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Já se está a tornar habitual vários estúdios de renome apoiarem projetos de jogos indie, e os Santa Monica Studios, criadores do famoso God Of War para as consolas da PlayStation, não são exceção. Juntamente com a equipa Plastic, desenvolveram Bound, um jogo artístico onde o foco se trata de deslumbrar os jogadores com a arte do jogo em movimento enquanto manobramos a bailarina protagonista do jogo. O género em que este exclusivo indie se insere é cada vez mais frequente, visto que a indústria está cada vez mais exigente no que toca à arte  e grafismos, juntamente com interações únicas e vislumbrantes, que são exatamente as apostas de Bound.

Bound não é propriamente o típico jogo onde derrotamos inimigos ou desvendamos puzzles para avançar na história, mas sim um jogo de plataformas dedicado ao mundo de ballet, onde a protagonista é uma bailarina extraordinária, utilizando esta dança como forma de protecção à medida que desvenda os perigos do reino da mãe e nos deixa deslumbrados com a vida do cenário à medida que passa por ele.

A narrativa do jogo deixa a desejar, visto que mal nos explicam o que se passa. Por exemplo, num momento estamos numa praia encarnando uma mulher grávida e abrimos um livro, no outro momento já estamos numa espécie de capela a encarnar uma princesa de um reino prestes a ser destruído por um monstro. Certamente, Bound não é um jogo que se foque na forma como se conta uma história, sendo que, passadas uma ou duas horas vi-me completamente à nora sobre a mesma. No entanto, alguns momentos das cutscenes dão a entender que o mundo da pequena bailarina e sua mãe é um mundo imaginário, proveniente do caderno da mulher que controlamos na praia no fim de cada nível. Bound, tal como o nome indica, foca-se nos vários laços que existem, desde os familiares, até de amizade,  passando por alguns menos comuns como o que é sentido pela monarquia (no caso da rainha e da princesa quererem proteger o reino). Assim, este jogo tenta transmitir a mensagem de que o mundo está sempre em constante mudança e que os laços que criamos são afetados pela mesma, podendo ser fortificados, enfraquecidos ou até mesmo perdidos.

O mundo de Bound é uma obra artística e sem dúvida alguma o ponto forte do jogo, caracterizado por um estilo fora do comum na maneira como o cenário está construído, transmitindo várias cores radiantes através de figuras geométricas que se vão compondo e permitindo a passagem da nossa personagem à medida que avançamos, estando este em constante movimento e cheio de vida. Esta perpétua mudança não seria possível sem as especificações das consolas da atual geração, visto que estão muito bem polidos e em constante movimento os vários objetos que nos são apresentados. É claro que existem “barreiras” no caminho da jovem princesa, como selvas que escondem tentáculos, chuvas de setas, chamas e até barreiras de microrganismos, e para superar todos estes, teremos de contar com os belos truques de ballet da princesa, que variam consoante o nível que jogamos e que a envolvem em várias cores protetivas.

Cenário impressionante em qualquer parte do jogo

Em qualquer parte do jogo encontramos cenários impressionantes.

Bound, ilustra os sentimentos das personagens através do tom de cores do cenário e da quantidade de obstáculos que enfrentamos, sendo que a princesa é alvo constante de mudanças de nível para nível. Dependendo da situação em que se encontra com a sua mãe. Devido a isto, o cenário muda completamente, ficando cinzento e obstáculos totalmente diferentes aparecem quando a princesa está triste, conseguindo transmitir o sentimento da mesma.

As mecânicas do jogo envolvem todas a arte e delicadeza das melhores praticantes de ballet, sendo que até o simples andar e correr da princesa são feitos de acordo com passos desta mesma dança, misturando-se na banda sonora incrível do jogo, e criando uma harmonia sem igual à medida que vislumbramos as várias formas de ballet, rodando a princesa com uma esfera criada através de laços coloridos. Dependendo do já referido estado de espírito da mesma, podem-se ver várias cores: azul, laranja, vermelho, entre outras, que protegem a princesa de todos os perigos da sua jornada e criando embates deslumbrantes com a natureza, como é o caso do embate da chuva de setas na esfera, ou da barreira de microrganismos, criando um aspeto visual sem igual. Este é, sem dúvida, o ponto mais forte de Bound.

O inimigo da princesa poderia ter tido mais destaque.

O inimigo da princesa poderia ter tido mais destaque.

Embora Bound tenha uma duração bastante reduzida (demorando-se apenas cerca de 2 horas até se acabar o modo história), a Plastic preparou alguns incentivos para os jogadores que querem voltar a repetir esta experiência artística, sendo uma delas a ordem como enfrentam os diferentes níveis do jogo, sofrendo estes alterações tanto nas cores como na própria atmosfera. Outro incentivo é o modo Speedrun.

Opinião Final:

Bound é um dos melhores jogos artísticos que se pode jogar atualmente e que vale a pena explorar e vislumbrar mais que uma vez, com o seu mundo artístico e as suas paisagens em constante movimento, para além da história da princesa bailarina e da sua mãe, que deixa muita emoção no fim do jogo.

Do que gostamos:

  • Cenários e visuais deslumbrantes;
  • Movimentação do cenário à medida que a personagem se movimenta;
  • Harmonia perfeita entre banda sonora e cenário.

Do que não gostamos:

  • Narrativa pouco explícita;
  • Falta de obstáculos com maior dificuldade;
  • Pouca clarificação nas imagens que aparecem dos laços familiares;
  • Duração máxima de 2 horas para completar a experiência.

Nota: 7/10