Análise – Chasing Dead

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Já muitas vezes ouvimos a expressão “é tão mau que chega a ser bom”. Infelizmente, com Chasing Dead não é esse o caso. A premissa parece ser boa, um First Person Shooter sci-fi com zombies. A execução, nem por isso.

Em Chasing Dead, assumimos o papel de um marine chamado Jake, que também é um mercenário e ainda um antigo agente da DEA! Só não descobriu ainda a cura para o cancro porque não calhou.

Ao ir avançando logo no primeiro nível de Chasing Dead, levantaram-se mais perguntas do que respostas. Porque é que há tantas armas no avião? Porque é que a minha parceira é tão seca comigo? Porque é que o piloto zombie está em tronco nu? Porque é que a cortina parece feita de cartão? Porquê porquê porquê! O que vale é que todas estas perguntas foram acompanhadas por belas gargalhadas pela incredulidade que me iam acompanhando à medida que ia jogando. Já mencionei que têm bastantes armas espalhadas pelos cenários, mas não se preocupem se ficarem sem balas. A vossa melhor amiga é a bota.

Apesar de estarem sempre a ser atacados, o que interessa a Luna é que fique bem na fotografia.

Apesar de estarem sempre a ser atacados, o que interessa a Luna é que fique bem na fotografia.

Exato. Jake, o floco de neve especial que nos tempos livres deve ajudar velhinhas a atravessar a estrada enquanto desmantela operações de tráfico, tem um pontapé de tal maneira poderoso que desfaz qualquer zombie em bocados que vão a voar para todos os lados. Murros, socos, cabeçadas? Não! O poder está na bota hiper mega poderosa.

Ainda assim, à medida que forem avançando cada vez mais se depararão com situações incrédulas – isto se conseguirem aguentar o suficiente para irem avançando. Chasing Dead encontra-se dividido em missões, que por sua vez se dividem em áreas. Não existe mapa e o design dos níveis é tão mau que muitas das vezes andam à toa à procura do vosso próximo objetivo enquanto matam alguns zombiezitos e explodem coisas.

Os gráficos não são nada de espetacular e andam no limiar entre o decente e o ranhoso. Com uma tática retirada de alguns títulos da era da PSX, é normal vermos edifícios ou outros bocados do cenário a surgirem do nada ao longe. E mesmo ao perto. Os modelos são muitas das vezes repetidos – não se admirem se matarem um determinado zombie e os seus 20 gémeos – e as animações são para lá de hilariantes. É difícil não começar às gargalhadas quando a ameaça é um zombie que se aproxima como se se tivesse descuidado nas calças, o que é ainda mais notório quando estamos em espaços mais abertos. O nível de preguicite deve decerto ter atingido níveis loucos no estúdio da 2020Venture porque até as grades são apenas paredes cujas texturas têm transparência, o que é ainda mais gritante quando conseguimos ver buracos de balas entre as barras de ferro.

Se um zombie já chateia muito, 20 zombies iguais chateiam muito mais!

Se um zombie já chateia muito, 20 zombies iguais chateiam muito mais!

Como criar quatro modelos de inimigos já deu o seu trabalho, a equipa de Chasing Dead decidiu deixar-se de coisas e optar por imagens reais para tudo o que é cutscene. Com este tipo de opção artística num jogo, as atuações são um ponto fulcral – e por algum motivo as sequências de imagem real foram postas de lado há uns bons anos atrás. As atuações são atrozes e é ainda mais gritante por parte da nossa parceira Luna (que infelizmente não é um gato) que nos vai dando briefings ao longo das nossas missões. Com um tom monocórdico e desinteressado, parece estar a evocar uma funcionária da Segurança Social ao invés de nos estar a ajudar a combater zombies. Coisas da vida. Felizmente ela acaba por compensar a sua falta de interesse mostrando várias vezes o decote. Há que haver prioridades.

Mas como em qualquer bom FPS, grande parte do jogo depende do modo como é controlado. Como Chasing Dead é um jogo extremamente revolucionário, decidiu tomar partido do comando da WiiU e providenciar a possibilidade de utilizarem Motion Controls. Soa bem? Aqui acabamos por ter uma funcionalidade que acaba por não servir para nada. Os controlos são simples, acessíveis e é das poucas coisas decentes que o jogo tem. Não são excelentes, ainda para mais para um FPS, mas servem o seu propósito decentemente – desde que não usem os Motion Controls. Esta funcionalidade até poderia fazer sentido se Chasing Dead tomasse partido decentemente do comando da WiiU. Como já foi referido, não existe mapa e o comando apenas serve como uma imagem duplicada do que se passa na televisão. Ora bem, sendo assim alguém pode ficar a ver a novela e eu jogo esta maravilha do terror sci-fi!! Claro que o podem fazer, mas apenas se o quiserem fazer sem som – uma vez que todo o som está programado para ser transmitido apenas através da televisão. Sinceramente, também não perdem muito. Desde os efeitos sonoros que são repetidos ad nauseum às atuações miseráveis dos atores, a única coisa de emocionante que acontece a nível sonoro em Chasing Dead é quando o som encrava e se engasga.

Chasing Dead tem muita coisa que o poderia facilmente tornar num The Room dos videojogos – algo que se leva a sério, mas que acaba por ser terrivelmente hilariante sem intenções para tal. No entanto, aproxima-se mais de um Twilight – sem sal, sem piada e que por mais que tentemos usar para nos divertirmos no gozo, acabamos muito provavelmente a adormecer no sofá a babar-nos para cima do comando.

Opinião final:

Com uma premissa interessante e potencialmente divertida para um jogo, Chasing Dead põe o jogador a lutar contra zombies e quase tornar-se num jogo que estupidifica o cérebro do jogador com tanta coisa parva a acontecer. Incompetente a nível técnico, aborrecido a nível de design, é um jogo que apenas consegue ter a honra dúbia de levar com a nota mais baixa que já dei aqui no Portugal Gamers. E só porque me fez rir de vez em quando. Pelo menos até começar a avançar no jogo.

O que gostamos:

  • Equivalente a um filme de série Z;
  • Diversos momentos que acabam por ser hilariantes (apesar de decerto não ser essa a intenção do estúdio).

O que não gostamos:

  • Gráficos maus, com pequenos detalhes que denotam preguicite aguda ao invés de limitações técnicas;
  • Utilização de sequências live action que fazem as piores produções da TVI parecer um filme de Scorsese;
  • Design de níveis mau, largando o jogador ao deus-dará;
  • Utilização de motion controls mal implementados e desnecessários.

Nota: 4/10