Chibi-Robo é daquelas franchises que apesar de acompanhar a Nintendo já há algum tempo, facilmente passa ao lado dos mais distraídos (como eu!), mas cuja personagem principal é absolutamente encantadora. Tanto que a Nintendo decidiu criar um novo Amiibo baseado no mesmo que vai acompanhar este Chibi Robo!: Zip Lash. Não sei dizer não a coisas fofas e antes que digam algo, sim um pequeno robô de 10cm com uma ficha elétrica na mão consegue ser fofo.
O que não falta são jogos de plataformas, mas Chibi-Robo é simplesmente adorável, com a sua ficha elétrica que serve de mote a este Zip Lash. Com a perspetiva de poder andar a chicotear coisas sem fim e com uma ficha, lá me lancei às cegas com o Chibi-Robo, não sabendo de todo o que ia encontrar.
A história resume-se basicamente a isto: uns extraterrestres decidiram começar a roubar os recursos naturais da Terra e cabe ao Chibi-Robo e companhia (neste caso uma televisão voadora originalmente chamada de Telly) salvar o dia, e enquanto vão apanhando lixo e guloseimas. Porquê? Porque sim.
É certo que num jogo deste tipo pretende-se que a jogabilidade seja boa e qualquer tipo de tentativa de narrativa servirá apenas e somente para conseguir criar algum pano de fundo ao jogo. Mas a sua simplicidade não permanece apenas na história, mas acaba por ser estender a todo o jogo e não da melhor maneira.
Vamos começar pelo básico: em termos de jogabilidade, Chibi-Robo destaca-se principalmente pela utilização da sua ficha tanto para se deslocar, abrir portas, combater os inimigos e até resolver puzzles. Esta utilização divide-se em dois modos, o Whip Lash, de curto alcance, cuja ação é mais rápida e o Zip Lash, de maior alcance e que pode ser aumentado através de itens espalhados pelo cenário, mas com um ataque e ação mais demorados. Parece ter tudo para gerar uma jogabilidade variada e interessante, certo? Errado.
Apesar de a utilização da ficha aparentar ser interessante, limita-se a “apontar e atirar”, com um sistema de mira que é tosco – não o suficiente para causar problemas ao avançar durante o jogo, mas que tem pequenas nuances que irritam, como o facto de não se poder apontar diretamente para cima com o Whip Lash, apenas na diagonal. Existem pequenas instâncias em que terão de usar o Zip Lash para atingir diversos pontos do cenário à distância, conseguindo fazer ricochete estrategicamente para conseguirem alcançar o vosso objetivo. Até estes pequenos puzzles são lineares e poderiam ter sido explorados de uma melhor forma.
A energia de Chibi-Robo vai-se esgotando a pouco e pouco, decrescendo também bastante ao sofrerem danos causados pelos inimigos. Podem recuperar esta energia através de baterias que vão apanhando ou simplesmente ligando-se a uma tomada elétrica. A fonte destas tomadas não é inesgotável e para se certificarem de que têm sempre uma boa quantidade de energia á vossa disposição, podem e devem ir recolhendo o lixo espalhado pelo cenário – que depois poderá ser reciclado na Chibi-House, gerando watts.
Após tudo isto, o combate é, essencialmente, uma chachada. Bicharada que se move em linha reta sem grande ação e que apenas nos poderá causar dano por burrice nossa. Sempre que encontrava algo que fugia à norma, até batia palminhas – sol de pouca dura uma vez que a dificuldade dos inimigos nunca é nada de extraordinário. Até os bosses de cada nível não oferecem resistência, deixando os outros oponentes introduzir padrões de ataque um pouco mais variados.
Ainda assim, existem maneiras de quebrar a monotonia. Em cada mundo terão um nível que vos permite tomar o controlo de um determinado veículo. Ena pá, coisas diferentes!, dizem vocês. Garanto-vos que rapidamente vão querer voltar à rotina dos restantes níveis. A implementação destes veículos é tão tosca e tão desenquadrada que se acaba sem perceber muito bem o porquê da criação destes níveis. São curtos e geralmente chatos, quebrando o ritmo do jogo mas de um modo negativo.
Num jogo com um foco no ambiente e na preservação do mesmo, não se consegue perceber o porquê de andarmos a colecionar guloseimas do nosso mundo real. O seu único propósito é de servir como colecionável e como item para darmos a determinadas personagens que vamos encontrando em cada mundo. Não existe grande motivação para os procurar todos, a menos que queiram completar tudo a 100% ou tenham curiosidade sobre os mesmos. Acaba por parecer mais publicidade forçada, mais uma vez sem se perceber porquê, do que algo que verdadeiramente adicione conteúdo à experiência do jogo.
Apesar de todos os pontos acima, posso dizer que me consegui divertir com Chibi-Robo, avançando despreocupadamente pelos níveis até me ver obrigada a repetir alguns deles, não por vontade própria, mas devido à pior mecânica de selecção de níveis que já vi num jogo. No fim de cada nível, têm de atingir um ovni de bronze, prata ou ouro, que vos dará respetivamente uma, duas ou três hipóteses de girarem a grande roda! Para quê? Para poderem selecionar quantas casas avançam, podendo calhar no nível seguinte ou noutro qualquer que já tenham feito! Esta mecânica não traz nada de positivo ao jogo, levando apenas a que os jogadores fiquem frustrados por serem obrigados a ter de repetir níveis e níveis só porque sim. Podem ultrapassar isto (graças aos santinhos!), comprando as plaquinhas com o número que mais vos for conveniente. Esta é uma mecânica francamente dispensável e que não se consegue perceber bem o porquê da mesma existir.
Eu gostava mesmo muito que Chibi-Robo!: Zip Lash fosse um dos títulos obrigatórios da Nintendo 3DS, tendo tudo para o ser, mas depois acabando por se perder um pouco pelo meio. O que deveria fazer bem acaba por ser medíocre e o tempo que poderia ter sido utilizado para melhorar estas mecânicas parece ter acabado por ir para outros pormenores que, apesar de engraçados, são completamente dispensáveis.
Opinião final:
Apesar de, na sua essência, conseguir ser um jogo de plataformas divertido, Chibi-Robo!: Zip Lash tem pouco por onde se destacar. É impossível não falar em potencial perdido quando nos deparamos com mecânicas interessantes pouco utilizadas e outras que são introduzidas nem se sabe para quê. Em poucas palavras, Zip Lash é divertido, mas pouco memorável. É rapidamente posto de lado por tantas outras melhores opções, perdendo relevância ao invés de se afirmar junto de outras franchises Nintendo.
O que gostamos:
- Personagem adorável;
- Conceito de utilização da pequena ficha elétrica interessante e com potencial para se diferenciar dos restantes jogos do género.
O que não gostamos:
- Sistema de seleção de níveis completamente obtuso e frustrante;
- Utilização pouco aproveitada do Zip Lash, principalmente em puzzles;
- Adição de colecionáveis um pouco sem sentido que mais se assemelham a publicidade gratuita e fogem à temática do jogo.
Nota: 6/10