Crash Bandicoot foi a primeira franquia de videojogos desenvolvida pela Naughty Dog, tendo sido lançado em 1996 o primeiro jogo do marsupial para a PlayStation 1, tornando-se imediatamente na mascote principal da consola. Nos dois anos seguintes foram lançadas 2 sequelas, Crash Bandicoot 2: Cortex Strikes Back e Crash Bandicoot 3: Warped, cada sequela evoluiu bastante a franquia, Crash Bandicoot 2 aplicou várias melhorias aos movimentos de Crash, tal como a adição da rasteira e do salto esmagador, neste jogo o objetivo era a conquista de cristais que estão espalhados pelos diversos níveis, outra das melhorias implementadas nesta sequela foi a adição de vários utensílios e animais para ajudar em certos níveis. Em Crash Bandicoot 3: Warped foram adicionados poderes especiais a Crash, que melhoram as suas habilidades e permite mais opções para enfrentar os inimigos e as diversas armadilhas espalhadas no jogo. Depois do terceiro jogo estar terminado, a Naughty Dog ainda lançou um spin-off de Crash Bandicoot, que era corridas de karts, dando como terminada a franquia na primeira consola da Sony.
A Activision adquiriu os direitos de Crash e desenvolveu vários títulos do mesmo, tal como Crash Bandicoot: Wrath of Cortex, Crash Bandicoot: Twin Sanity, entre outros títulos, mas nenhum deles conseguiu conquistar os fãs como os três originais. Já eram poucas as esperanças dos fãs em relação ao futuro de Crash Bandicoot, quando a Activision decide surpreender a indústria dos videojogos durante a E3 de 2016, anunciando Crash Bandicoot N.Sane Trilogy, uma coleção com os três jogos originais de Crash feitos de raiz, revelando que Crash Bandicoot está de volta.
A voz que dá vida a N. Cortex (o vilão do jogo) é muito conhecida pelas suas expressões contra Crash Bandicoot, tendo sido um dos alvos principais de humor dos jogos originais, muito devido à personalidade do personagem. A Vicarious Visions percebeu isso, decidindo implementar a voz de N. Cortex como apresentador da introdução do jogo. Durante os créditos iniciais e o menu do jogo, somos alvejados com algumas falas humorísticas nesta voz tão famosa e carismática, que nos apresenta os títulos dos três jogos num tom humorístico, enviando uma sensação familiar aos fãs de Crash Bandicoot logo pelo começo, antes mesmo de jogar.
Ao seleccionarmos um dos três jogos, iremos assistir à introdução do mesmo, onde poderemos ficar a conhecer os vilões do jogo e os seus planos em gráficos impressionantes e animações fluídas, transportando-nos de seguida ao marsupial no primeiro nível do jogo. Os inimigos, armadilhas e objetos estão todos iguais e no mesmo sítio, com uma ou outra excepção, oferecendo uma experiência superior aos jogos originais, devido ao facto de nos apresentar mecânicas de jogo mais fluídas com o uso do analógico esquerdo (na PlayStation 1 o Dualshock não tinha analógicos) e o salto de Crash ter sido modificado, agora Crash aterra mais rápido quando salta, duplicando a dificuldade em alguns níveis e exigindo mais cuidado e cálculo em certas partes dos mesmos, oferecendo um desafio extra para quem estava habituado à física de Crash nos jogos originais.
Nos primeiros três jogos de Crash Bandicoot, apenas poderíamos controlar Coco Bandicoot no terceiro título, quando controlávamos a sua moto de água ou o seu animal de estimação, Pura, em níveis próprios, deixando os jogadores a perguntar porque não poderiam utilizar Coco Bandicoot. Em N.Sane Trilogy, a Vicarious Visions implementou uma funcionalidade nos mapas dos três jogos, que nos permite chamar Coco Bandicoot através da sua máquina de tempo (nos primeiros dois jogos), e controlar a irmã de Crash em praticamente todos os níveis disponíveis, à excepção de níveis com engenhocas feitas para Crash Bandicoot ou às lutas contra bosses do jogo. Coco Bandicoot executa todos os truques que o seu irmão executa, à excepção das animações quando morre e quando não a estamos a controlar, neste último caso ela utiliza muitos dos seus dispositivos eletrónicos, em comparação às maluquices que o seu irmão faz. Coco Bandicoot apenas estará disponível depois de alguns níveis introdutórios, onde nos explicam como controlar Crash Bandicoot e evitar as armadilhas.
Além de podermos controlar Coco Bandicoot, tal como referido em cima, foram adicionadas diversas animações enquanto não a controlamos, mas não foi só ela que recebeu animações novas, Crash Bandicoot também recebeu algumas animações, tal como o Wumpa Volley, onde Crash retira uma maçã Wumpa e começa a executar manobras de Volley com Aku Aku (se tiver presente), até a maçã lhe cair em cima da cabeça e deixá-lo pintado de roxo durante alguns momentos. Todas as animações de Crash Bandicoot foram totalmente renovadas e estão fluídas e humorísticas, assemelhando-se ao original.
Em Crash Bandicoot N.Sane Trilogy os menu de loading apresentam Aku Aku, o famoso guardião mascarado de Crash Bandicoot, que nos fornece pistas sobre o nível que seleccionarmos. Estas pistas poderão ser conselhos para evitar armadilhas, tal como caixas de TNT ou Nitro, informações relativas aos pontos fracos dos bosses ou segredos dos níveis em questão, informando os jogadores como podem obter as preciosas gemas, que desbloqueiam finais alternativos da história, ou rotas secretas. Embora estas informações sejam úteis e seja divertido ver Aku Aku a fazer caretas, os menus de loading aparecem com muita frequência, mesmo quando não é necessário carregamento de nenhuma estrutura, fazendo os jogadores esperarem cerca de 20 segundos quando entram no jogo, quando escolhem os níveis, quando entram em plataformas de bónus, quando morrem ou quando desistem/completam os níveis, nestas funções todas, os menus de loading apenas são estritamente necessários quando se inicia um nível e quando se desiste/completa, porque as plataformas de bónus e as mortes de Crash não afetam as estruturas do nível em questão.
Uma das novas funcionalidades presentes em Crash Bandicoot N.Sane Trilogy é a opção de auto-save quando se entra no menu principal do jogo, aparecendo uma caixa castanha no canto inferior direito para informar o jogador que está a decorrer a gravação automática. Nos primeiros níveis de Crash Bandicoot, vi-me confuso devido a este sistema, muito devido a ser automático e por vezes não querer perder as vidas do marsupial, este problema devia-se ao facto de eu apenas utilizar o slot de auto-save. No total existem 4 slots de gravação disponíveis, mas apenas 3 são manuais, sendo totalmente independentes da funcionalidade auto-save implementada no quarto slot. Portanto, se quiserem utilizar alguma estratégia para não perderem vidas, convém gravarem manualmente num dos 3 slots disponíveis.
As relíquias do modo time attack disponíveis em Crash Bandicoot N.Sane Trilogy também foram alvos de melhorias, sendo agora possível verificar o nosso recorde para o nível em questão e o dos outros jogadores a nível mundial, oferecendo desafios extras aos jogadores mais hardcore, além das passagens secretas que se encontram mais acessíveis, visto que apenas é necessário desbloquear 1 vez para termos acesso à room das mesmas.
Embora Crash Bandicoot N.Sane Trilogy seja uma melhoria feita de raiz dos três jogos originais, que tentou oferecer a derradeira experiência das aventuras que tornaram Crash Bandicoot famoso, alguns problemas ainda continuam a existir, como a inexistência de legendas para as falas dos personagens, visto que algumas vozes são difíceis de compreender, ou a existência de glitches nas estruturas laterais de alguns níveis do primeiro jogo de Crash Bandicoot, onde é possível passar em cima das cordas da ponte ou nas cadeiras e superfícies laterais ao caminho de jogo no castelo de N.Cortex. A Vicarious Visions ainda não resolveu estes problemas, se tivesse dado atenção a estes pequenos pormenores, a experiência desta trilogia seria perfeita.
Opinião final:
Crash Bandicoot N.Sane Trilogy pegou numa das trilogias mais famosas do mundo dos videojogos e restaurou o seu brilho para esta geração, implementando várias funcionalidades novas para os três títulos, tal como a possibilidade de jogar com Coco Bandicoot livremente e o sistema de auto-save, oferecendo uma experiência refrescante aos fãs da trilogia original e três aventuras obrigatórias aos jogadores que nunca tiveram a possibilidade de experimentar estes jogos. A Activision e a Vicarious Visions prometeram que iriam restaurar Crash à sua velha glória e conseguiram cumprir a sua palavra, tornando Crash Bandicoot N.Sane Trilogy um dos melhores jogos disponíveis para a PlayStation 4 este verão.
Do que gostamos:
- Coco Bandicoot jogável em todos os níveis (excepto nas lutas contra bosses e níveis de engenhocas);
- Remasterização total dos níveis incluídos nos três jogos;
- Aumento de dificuldade em certos níveis, exigindo cuidado extra nos saltos de Crash;
- Informações sobre gemas, caminhos secretos e armadilhas durante os menus de loading com Aku Aku;
- Animações novas para Crash e Coco Bandicoot;
- Menus acessíveis e cheios de humor com a voz de N. Cortex a introduzir Crash Bandicoot N.Sane Trilogy;
- Implementação de várias funcionalidades que melhoram a experiência de jogo, tal como o sistema de auto-save, mensagem para repetir níveis de corrida ou acesso aos níveis secretos em Crash Bandicoot 2 Cortex Strikes Back.
Do que não gostamos:
- Implementação excessiva dos ecrãs de loading, que duram no mínimo 20 segundos cada;
- Glitches em alguns níveis de Crash Bandicoot e Crash Bandicoot 2, permitindo ao jogador avançar um nível complexo ao andar nas bordas do cenário que este apresenta;
- Não terem implementado legendas nos três jogos de Crash.
Nota: 9/10