Análise – The Crew

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Ao contrário de alguns géneros, os jogos de corridas tem mantido um ritmo constante neste últimos anos graças não só a jogos como Need for Speed ou a série Forza Motorsport como também a novas experiências como Driveclub que auferem ao jogador experiências tanto a sós como online em modos de multijogador competitivos. Com The Crew a Ubisoft, em conjunto com dois estúdios: Ivory Tower e Ubisoft Reflections, pretende entregar um mundo online persistente onde jogadores podem correr com outros competitiva ou cooperativamente à medida que conduzem os seus carros favoritos. O jogo tem tido algumas beta tests nos meses precedentes ao seu lançamento e finalmente teve o seu lançamento oficial para PC, PS4, Xbox One e Xbox 360 ficando a PS3 de fora. Será que estamos perante um bom começo? Ou estaremos perante “apenas mais um jogo de corridas”?

Enquanto alguns jogos do género normalmente abdicam de qualquer enredo The Crew inclui, de facto uma estória, para melhor ou para pior. Jogamos como Alex, um corredor ilegal de Detroit que foi injustamente incriminado por algo que não fez. Por sorte é libertado pelo FBI para ajudar, infiltrando-se no gang que causou a sua prisão, a derrubar as autoridades corruptas que operam usando o mesmo gang para traficar drogas, carros e outros bens pelos Estados Unidos. O enredo em si poderia até resultar pensando de uma maneira pirosa porém logo de início nos diálogos que falham completamente em prender a nossa atenção. Talvez por tentarem demasiado. E talvez por isso somos constantemente “bombardeados” nos inícios do jogo por pedidos de missões e outro tipo de “trabalhinhos” o que se torna muito aborrecedor.

O “mundo” por onde podemos passear: Estados Unidos da América.

The Crew terá sido construído de raiz para ser um jogo de corridas online, porém algo estranho acontece, especialmente nas primeiras horas de jogo e é o seguinte: nunca realmente sentimos que estamos num mundo com outras pessoas. Tudo bem que os membros do gang andam pela cidade e vemos muitos carros pelas estradas no entanto escassos são os encontros com jogadores reais e, na maior parte das vezes quando existem estão muito distantes de nós. Podemos tentar chegar a eles mas o sistema de interagir com os mesmos é bastante pouco acessível. Isto deita por terra um dos objetivos principais do jogo devido a causar com que participemos em corridas sozinhos na maior parte do tempo por isso se não tens amigos com o jogo com quem possas jogar o incentivo de procurar outros e estabelecer amizades com os mesmos é quase nulo.

Como é óbvio o jogo é todo jogado dentro de carros e a condução é mediana e a precisar de melhoramentos. Nas retas os carros portam-se bem nas curvas parecem sabonetes dentro de uma banheira, algo que após algum tempo acabamos por nos habituar mas que nunca consegue prender nem brilhar pelo controle dos bólides. As missões envolvem corridas de voltas em circuito, de um ponto a outro, sprints, perseguições e coisas do género. Existem alguns eventos especiais que envolvem correr através de checkpoints ou fugir à policia no entanto estes na sua maioria são frustrantes pois alguns destes eventos podem durar até 1 hora ou mais o que acabam por “arrastar-nos”, frustrar por completo e simplesmente perder o interesse e desejar nunca mais ter de participar em algum desses eventos.

Uma das provas todo-o-terreno

O mapa é uma das qualidades mais impressionantes do jogo. Nele podemos explorar uma versão “encolhida” dos Estados Unidos da América com apenas algumas cidades presentes tais como Detroit, New York, Chicago, Los Angeles, Dan Francisco ou Las Vegas. A representação destas cidades está muito bem feita porém, claro, estão a faltar alguns marcos da paisagem ou lugares conhecidos nessas mesmas cidades sendo que a primeira onde começamos, Detroit causa uma primeira fraca impressão. Ao começarmos a expandir as nossas “viagens” então temos melhor percecão de variedade que o jogo pode proporcionar.

Como em quase todos os jogos deste género começamos com um carro gratuito o qual temos de melhorar desbloqueando melhor equipamento podendo escolher entre vários tipos de especificações como mais baseada em corridas de rua, circuito ou mesmo todo o terreno. Existem vantegens e desvantagens nas escolhas como é óbvio mas desde o início se o nosso carro não corresponder ao evento escolhido é-nos dado um especialmente modificado para o mesmo. Ganhamos peças para os carros ao completar eventos e desafios mas podemos também dar uso ao nosso dinheiro real para, em forma de microtransações, obter o que quisermos, incluindo carros. Juntar-se a facções do jogo acelera os ganhos de dinheiro do jogo e até alguns pontos premium mas existe limite para o quanto podemos acumular.

Uma das zonas que ainda tem bom aspecto.

Muitos eventos podem ser jogados cooperativamente com outras pessoas além dos competitivos. Hoinestamente alguns até são divertidos porém os tempos de espera para encontrar pessoas para participar é doloroso. O que vem de novo ao de cima a questão do aspeto online de The Crew, que sendo um dos focos do jogo sinceramente não parece tendo em conta as demoras ao encontrar jogadores, períodos repentinos de manutenção de servidor e tempos de carregamento de eventos excessivamente longos. O que pode ainda frustrar um pouco mais caso entremos naqueles eventos de duração de 45 minutos ou mais e se o servidor cai temos de os refazer desde o início.

Em termos visuais o jogo até não é mau de todo apesar de algumas falhas gráficas em termos de jaggies, texturas com pouca resolução e alguns objetos aparecerem de repente. Só mesmo os bons cenários e paisagens acabam por salvar “a honra do convento” mas não esperem uma experiência 100% suave pois temos algumas quebras de frames e por vezes acontecem com alguma frequência. Quase podemos dizer que passava por um jogo de PS3 ou Xbox 360 com muito bons visuais. Sendo numa consola de nova geração não chega a convencer o suficiente tendo em conta outros jogos já lançados e com melhor aspeto.

Customização dos veículos.

Sonoramente o jogo até tem uma boa banda sonora e boa variedade de rádios fictícios e a qualidade dos atores de voz até é decente apesar dos diálogos menos bem conseguidos. Contudo a ambientação sonora não é nada de especial especialmente quando nos apercebemos que muitos carros têm exatamente o mesmo som ou muito parecidos entre eles.

Opinião final:

The Crew prometeu e… em certa parte cumpriu. É proporcionado ao jogador um mapa extenso o qual pode ser atravessado de uma ponta a outra em quase uma hora e contém uma variedade impressionante de locais baseados em cidades reais dois Estados Unidos e até, também, uma boa variedade de veículos e customização. Porém, estes são elementos atualmente presentes em boa parte dos jogos e não é algo que seja inédito. A novidade seria o seu foco principal das equipas e do online que supostamente seria de transição suave e a componente mais forte do jogo. Acabou por ser o contrário. A desilusão que se sente ao jogar The Crew é desencorajadora pois o jogo prometia e acaba por não ficar na memória.

 O que gostamos:

  • Boa variedade de paisagens;
  • De carros também;
  • Mapa incrivelmente extenso.

O que não gostamos:

  • Gráficos não impressionam;
  • Jogabilidade, condução principalmente, mediocre;
  • O online. Onde andam os jogadores?

 

Nota: 7/10