Análise – Dark Souls III

DARKSOUL_analise_1_portugalgamers

A FromSoftware regalou os seus fãs com o último capítulo da trilogia Dark Souls, em que prometeu fechar com chave de ouro esta grande série.

Lothric está arruinada, e prestes a entrar no Apocalipse, e serás tu, um herói ressuscitado do mundo dos mortos, que irá ter a espinhosa missão de matar os heróis lendários (Lords of Cinder), para reacender o fogo e evitar o Apocalipse.

Embora seja uma história já bastante conhecida, e explorada, como já é de esperar da FromSoftware, não é a história que brilha no jogo, mas sim a exploração, as tácticas para conseguirmos enfrentar os maiores pesadelos existentes no mundo de Lothric, e o enorme desafio que enfrentamos neste a cada segundo que nos aventuramos no jogo. Iremos explorando sem rumo os mapas enormes e armadilhados de Lothric, deixando rastos de carnificina e corpos inanimados à medida que avançamos no jogo, sentindo que na próxima curva iremos ver a famosa mensagem “You Died” e apanhar um grande susto ao ver o monstro que nos mata pisar nas nossas cinzas.

DS3_1

Exemplo de uma surpresa inesperada

É nisto que Dark Souls 3 brilha, no desafio que nos propõe à medida que vamos passando os vastos mapas de castelos em ruínas abandonados e sombrios, montanhas tão silenciosas que nos deixam com o coração na mão ou abismos e esgotos tão escuros que pensamos sempre dez vezes antes de nos aventurarmos neles. Sentimos estes desafios maioritariamente no combo entre os mapas assombrosos e dos seus monstros que ninguém desejaria enfrentar que nos esperam no local mais inesperado para nos dar o golpe final depois de tanto trabalho, de tanto suor, fazendo-nos perder as nossas souls.

Dark Souls, um dos poucos jogos que consegue transformar beleza em algo sombrio

Os inimigos deste jogo são muito variados quer em termos de gameplaymecânica, estrutura física,armas e claro forma de agir, esta última foi alvo de várias melhorias em relação aos últimos jogos da série, tornando os inimigos mais astutos e temíveis com várias engenhocas que utilizam contra nós quer estejamos longe ou perto a tentar enfrentá-los. Estes inimigos têm vários tipos de armas, físico, classes e forma de pensar partindo de simples mortos vivos em decomposição até demónios horrorosos e gigantes que nos impedem com um simples ataque caso não tenhamos cuidado. Estão divididos em várias classes tal como o nosso personagem, podem utilizar armas físicas, como espadas, lanças, machados, facas. Como podem utilizar arcos e bestas, ou ataques de magia. Chegam a utilizar bombas de fogo, poções de regeneração de vida ou até mesmo a mandar-nos facas, é como se tivéssemos a lutar com um clone do nosso personagem em alguns casos.

O jogo conta ainda com cerca de 19 bosses de história e secundários, sendo que a maioria dos bosses secundários dão “boss soul” para criar em um npc armas muito poderosas, por isso não convém passar estes à frente. Tal como os inimigos normais, também os bosses foram alvo de melhorias, tanto a nível de inteligência artificial como em truques e modos de ataque. Alguns têm fases especiais, tal como em BloodBorne, onde depois de certa percentagem de vida perdida, irão mudar de forma, outros irão ficar mais frenéticos e utilizam ataques diferentes ou chegam mesmo a mudar ambas as coisas mudando totalmente o tipo de combate que tivemos até 1 segundo atrás.

DS3_3

Combates épicos é o que não falta

Dark Souls III oferece-nos inúmeras possibilidades, como estamos habituados, em relação à criação do nosso personagem e a classe que queremos ser, diria mesmo que continua igual aos últimos, senão fosse alguns ajustes em certos aspetos. Os menus estão iguais, continuam com as mesmas categorias(Equipamento, Itens, Personagem, Mensagens e Opções).Além destes últimos pormenores, os stats continuam inalterados, os npc são praticamente os mesmos na parte inicial e vamos recebendo alguns conforme avançamos no jogo, etc. Tudo isto tem agora um “hub“, como tínhamos em Demons Souls, chamado de Firelink Shrine em que podemos contar com os tronos vazios dos Lords of Cinder, o ferreiro do primeiro Dark Souls, uma velhota que nos vende tudo e mais alguma coisa e, no centro da Firelink Shrine, está uma senhora que nos permite aumentar os stats e criar a nossa build, nada destas coisas reveladas são novidades nestes jogos, apenas coisas que já era de esperar.

O sistema de travel foi modificado, como já nos habituámos em BloodBorne, todos os mapas sem ser o inicial(Firelink Shrine map) irão estar acessíveis a partir deste método, à medida que progredimos no jogo e descobrimos os Bonfire, embora este sistema nos facilite em alguns mapas, no início custa um pouco a adaptar-nos, uma vez que temos de voltar sempre a Firelink Shrine para melhorar os nossos stats e não é possível fazer isso nos bonfire.

DS_4

A senhora que nos permite aumentar os stats

Podem contar com uma belíssima banda sonora enquanto jogam o jogo com músicas bastante sombrias em certas partes, o que nos emerge ainda mais e nos deixa mais cautelosos, sendo que podemos até, a partir de uma certa parte,  perceber quando um inimigo vai surgir, devido à mudança da banda sonora, o que indica que foi feito um ótimo trabalho relativamente à banda sonora.

Em termos de gráficos, mecânicos e de combate, podemos dizer que está equiparável a BloodBorne, tirando alguns pormenores como a transformação das armas. Graficamente posso dizer que é o único jogo que me consegue transmitir momentos sombrios, bizarros e que me deixam sem fôlego, misturados com entusiasmo e fascínio pela vista, pelos objectos inanimados que vemos em nosso redor e que nos deixam ansiosos, com medo de que nos ataquem quando viramos as costas(a uma dada altura vi-me a partir todas as armaduras inanimadas no chão), é a mistura de todos estes pequenos elementos, que torna grandiosa a experiência tanto gráfica, como mecânica ou sonora a todos os níveis possíveis.

Embora Dark Souls III consiga com sucesso o que os anteriores conseguiram, este não emendou alguns pormenores desapontantes e que chegam, por vezes, a estragar a experiência, tal como não existir pausas em nenhuma altura do jogo senão nos Bonfire ou em Firelink Shrine. Cheguei até a sentir-me desesperado porque precisei de deixar o jogo durante 10 minutos e quando voltei tinha perdido 10,000 souls, apenas porque não existe forma de pausar sem ser no botão PS(que na altura ainda não sabia), e sendo que ao carregarmos no botão PS pausa o jogo, não faz sentido não pausar quando abrimos os menus. Para além deste pormenor, temos ainda o velho problema de ter que ir ao menu, procurar a opção de sair e de sermos obrigados a gravar o jogo… senão não podemos sair, então imaginem, perdemos uma vasta quantia de souls por um erro que fizemos, e não arranjamos forma de as recuperar, ou então estamos com um bug ou glitch, somos obrigados a fechar o jogo através do menu XMB e quando voltamos a este, aparece a mensagem que podemos ter perdido progresso no jogo, onde está a lógica disto? Seria mais acessível implementarem 1 opção para sair bem visível ao lado do “system” ou então uma opção de sair sem gravar.

Opinião final: 

Dark Souls III, mais uma vez a FromSoftware presenteia-nos uma pérola da série, juntando gráficos,jogabilidade e banda sonora em uma experiência única e inesquecível, que nos deixa com sede de explorar mais e mais, mesmo sabendo que vamos morrer de 1001 maneiras com os mais diversos inimigos e monstros pelo caminho, que nos desafiam de diversas formas. Embora tenha os seus defeitos, a magia de Dark Souls III não falhou, e temos aqui um sério candidato ao GOTY de 2016.

O que gostamos:

  • A lore do jogo e os inimigos estão esplêndidos;
  • Paisagens deslumbrantes;
  • Desafio enorme e gratificante;
  • Diálogos que nos marcam com poucas palavras.

O que não gostamos:

  • Falta de inovação;
  • Alguns problemas técnicos por resolver.

Nota: 9/10

Podem ver ainda o nosso gameplay exclusivo de Dark Souls III: