Análise – Deathtrap

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Deathtrap é a mais recente aposta da NeocoreGames, um pequeno estúdio que nos trouxe jogos como “The Incredible Adventures of Van Helsing” e “King Arthur”, estando inserido no Universo do primeiro.

Deathtrap é um jogo de Tower-Defense com elementos de RPGs de ação à mistura, uma mescla bastante particular e que funciona muito bem. Se jogaram Dungeon Defenders, o formato é bastante semelhante. O objetivo é evitar que onde atrás de onda de criaturas diabólicas chegue ao portal que defendemos, usando para isso uma série de armadilhas e os nossos próprios poderes. A cada onda podemos reforçar as nossas defesas com variadas torres e armadilhas, tendo ainda que lutar mano-a-mano os invasores. O movimento e forma de batalhar são bastante reminiscentes de jogos como Diablo e ajudam a quebrar a habitual monotonia dos jogos de Tower-Defense. O jogo tem 3 modos, PvP, a solo e cooperativo. Há ainda um editor de mapas e integração com o Steam Workshop, pelo que podem descarregar mapas da comunidade e partilhar as vossas criações.

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Aí vêm eles!

A história está longe de ser um elemento muito relevante no jogo, mas é suficiente para percebermos o que se está a passar e qual a nossa missão. Para além da cinemática introdutória, a história é maioritariamente passada pelas descrições e não há muito mais a acrescentar. Os mais curiosos têm bastante lore para ler sobre os inimigos e o mundo se assim o desejarem. Ainda assim, não podemos deixar de ficar insatisfeitos com o final, que é tratado como apenas mais um nível e deveria ter mais algum conteúdo.

A premissa é simples: há uma barreira que separa que separa o submundo do nosso mundo, e nesse véu foram construídos uma série de fortes para proteger o mundo mortal. Durante muitos anos de paz, os fortes foram deixados ao abandono e deteriorando, mas agora os horrores do submundo estão de volta e vão tentar chegar aos portais que os podem levar para a superfície. A nossa missão é reconstruir as armadilhas dos fortes e defender os portais com o nosso herói, que pode ser uma feiticeira, um cavaleiro ou um atirador furtivo; cada um com habilidades e poderes diferentes.

O hub do jogo

O hub do jogo

Ao iniciar o jogo temos um mapa (acima) com os vários fortes, que representam os diferentes mapas, bem como o menu de acesso aos melhoramentos de armadilhas e personagem, loja de equipamento e criação. É fácil sentirmo-nos sobrecarregados de informação nas primeiras horas de Deathtrap, e por muito que leiam tudo, este é um jogo que requer experimentação e descoberta, sendo argumentavelmente parte do charme. Assim que percebemos as mecânicas do jogo, a adaptação não é difícil.

Mergulhando então no jogo propriamente dito, temos uma personagem na terceira pessoa num plano isométrico. Podemos fazer zoom para o nível que acharmos mais confortável, sendo que a maioria dos jogadores vão acabar por querer ver o máximo possível do mapa e só fazer o eventual zoom para desfrutar de algum detalhe e não para facilitar os movimentos. Os mapas são razoavelmente grandes, sendo que alguns têm segredos e pequenas sidequests para completar, de forma a obter melhor loot no fim do nível e mais pontos.

Joguem sempre com boa ética

Joguem sempre com boa ética

Antes de avançar para cada onda de inimigos, é possível ver quais e quantos vamos enfrentar, de modo a arquitetar as defesas da melhor maneira. As armadilhas e torres são construídas em sítios pré-definidos no mapa, havendo vários pontos e diferentes tipos de espaço. O jogo tem 25 armadilhas diferentes que vamos desbloqueando, com mais de 150 melhoramentos possíveis. Ainda que hajam alguns melhoramentos bons, a maioria tem um efeito bastante reduzido e encontrar os que valem a pena no meio da confusão pode ser extasiante. Apesar disso, ter tantas opções, aliado ao facto do material que precisamos para construir e melhorar, a Essence (essência), ser quase sempre escasso, trazem aquele sentimento de urgência e “qual será a melhor decisão agora”, dando peso às nossas decisões.

A curva de dificuldade algo acentuada nos primeiros 5-6 níveis pode afastar alguns, mas a partir daí há alguma repetição e as coisas facilitam. Não quero com isto dizer que o jogo perde o encanto, mas há alguns níveis algo aborrecidos na fase meio-fim, principalmente depois de passar horas e horas de volta de alguns níveis iniciais bastante complicados. Por vezes a melhor solução é mesmo voltar aos níveis anteriores e fazer alguns melhoramentos. É isso ou bater com a cabeça na parede.

Apesar de termos um modo para um jogador, Deathtrap brilha quando é jogado em modo cooperativo. Os mapas levam alguns ajustes, a Essence é partilhada, bem como as importantes decisões sobre o que construir. O desafio de superar hordas enormes de inimigos com companheiros faz deste um jogo muito cativante. Notamos a falta de comandos de voz in-game, mas isto pode ser facilmente ultrapassado com o uso do próprio Steam ou de outro qualquer serviço de VOIP.

O ambiente mágico e gótico é um dos pontos fortes de Deathtrap

O ambiente mágico e gótico é um dos pontos fortes de Deathtrap

Deathtrap foi lançado originalmente como Early Access no Steam, e ainda que tenha já sido lançado como produto final, não pudemos deixar de notar algumas falhas e coisas que pareceram não ficar completas. Algumas descrições que não aparecem, mostrando nomes de variáveis de desenvolvimento, um sistema de crafting que não conseguimos usar (o jogo simplesmente ia abaixo, em ambos os computadores com que experimentamos) e um final tudo menos satisfatório são alguns dos pontos que mais nos aborreceram. Também não conseguimos experimentar o modo Versus, que funciona com um matchmaking diferente do modo cooperativo, não nos deixando fazer o nosso próprio lobby; isto aliado ao facto de haver pouca gente na pesquisa e de alguns erros de ligação, levou a muita frustração e nenhum jogo.

Dito isto, Deathtrap é tudo menos um produto incompleto. Há horas e horas de jogo para explorar, e um sistema duro mas recompensador de tiers, modificações aos mapas, inúmeros melhoramentos e equipamento para a nossa personagem, bem como a inclusão de um editor e partilha de mapas da comunidade são razões mais do que suficientes para dar valor a este jogo, que não sendo excelente, é mesmo muito bom.

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Opinião Final:

Deathtrap não é um jogo perfeito nem é um jogo para todos, mas o que faz bem, faz muito bem. Marca por uma identidade bem definida e pelas horas que nos suga sem darmos por ela. Se estão à procura de algo para jogar com uns amigos, que seja fresco, diferente e desafiante, esta é uma escolha que não vai desapontar. A decisão fica ainda mais fácil se gostaram do trabalho artístico, gostam de Diablo ou jogos de Tower-Defense.

 

O que gostamos:

  • Jogabilidade bem conseguida, divertida, cativante e diversificada;
  • Longevidade;
  • Modo cooperativo;
  • Apresentação excelente, com um estilo próprio e bastante variedade e detalhe nos diferentes mapas;
  • Editor de mapas e integração com o Steam Workshop

O que não gostamos:

  • Muitas habilidades e melhoramentos parecem apenas existir para fazer espaço;
  • Não ser possível jogar versus com um amigo (e a impossibilidade de arranjar alguém no matchmaking);
  • Algumas partes do jogo ainda parecem inacabadas

 

Nota: 7.5/10

 

Deathtrap está disponível no Steam por 19.99€.

 


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