Grandes jogos são considerados clássicos por diversos motivos, talvez por ainda provarem ser uma experiência de jogabilidade sólida nos dias de hoje, por terem definido um género, marcarem uma geração, ou simplesmente revolucionarem o panorama dos videojogos.
Devil May Cry é uma série icónica por estes e muitos outros motivos e a possibilidade de jogar a série em consolas mais recentes – aumentando assim a sua acessibilidade – é muito bem-vinda. O que não é bem-vindo é um re-lançamento de uma colecção dos três primeiros títulos da série que acaba por não ser nada mais nada menos do que uma cópia do lançamento para a PlayStation 3 – que por sua vez era uma cópia das versões originais da PlayStation 2.
Tal e qual como a versão da PS3, Devil May Cry HD Collection para a PlayStation 4 inclui os três primeiros jogos da saga: Devil May Cry, Devil May Cry 2 (que acredito que muitos preferissem que não estivesse incluído) e Devil May Cry 3: Dante’s Awakening – sendo que este último é a edição especial que foi lançada posteriormente.
Mesmo para quem nunca teve a oportunidade de jogar estes três títulos aquando do seu lançamento original, o potencial para melhoria é notório. A colecção lançada para a PS3 já tinha levado um tratamento cosmético mas aqui o mesmo foi completamente esquecido. Podemos argumentar que sim, de facto houve uma alteração de 720p para 1080p – mas isso não desculpa o facto de nada mais ter sido feito, nem os horríveis menus que de repente mudam o modo de apresentação para uma visualização 4:3, pouco nítida e polida.
A “nova” HD Collection deu o salto os 720p para 1080p… mas na verdade foi só isso.
Os piores aspectos de cada um dos jogos saltam ainda mais à vista, como o não tão estelar sistema de Saves de Devil May Cry ou os cenários largamente vazios de Devil May Cry 2. E mais uma vez me abstenho de referir a componente gráfica… é certo que no que toca a gráficos, não é algo com o qual seja muito exigente e eventualmente acabamos por nos habituar… mas estando em 2018, com televisões 4K e HD é impossível não franzir o sobrolho face ao aspecto desta “HD” Collection.
O único ponto de salvação desta colecção é o facto de que Devil May Cry e Devil May Cry 3: Dante’s Awakening ainda são jogos incrivelmente divertidos. No entanto, é-me difícil ver novos jogadores a quererem pegar nesta colecção como forma de conhecer Devil May Cry. À falta de lançamento de um novo título da série, seria bom ver um remake/remaster como deve ser, como tem sido feito recentemente com alguns clássicos, trazendo assim efectivamente novos fãs para a série. E é difícil fazê-lo quando estamos constantemente a tentar contextualizar, dizendo que há uns aninhos atrás era assim que se faziam as coisas. Especialmente quando o género já levou tantas melhorias e quando temos tantos títulos mais recentes e tão bons.
Por outro lado, é bom jogar ou voltar a jogar Devil May Cry e perceber o caminho que desbravou e a influência que teve em jogos que hoje em dia são eles próprios clássicos do género hack ‘n’ slash (sim Bayonetta, estou a olhar para ti). Só é triste que a Capcom não perceba ou não queira perceber o seu verdadeiro valor, se deixe de preguicite aguda e dê à série Devil May Cry o amor que ela merece.
Opinião final:
Devil May Cry é uma série bem amada pelos fãs e jogadores em geral, e com razão. Dante é uma personagem memorável, infinitamente cool e que merecia mais do que um port preguiçoso que claramente mostra a idade avançada dos primeiros três títulos da série. Com o carinho que tem sido dado a certos clássicos que vimos serem relançados na nova geração, não há desculpa para o lançamento desta “HD” Collection. Acaba por ser apenas mais uma migalha para os fãs enquanto esperam um novo título da série.
Do que gostamos:
- Devil May Cry nunca é demais;
Do que não gostamos:
- Oportunidade perdida de fazer um verdadeiro remake/remaster de jogos com mais de duas gerações de consolas em cima;
- Mais um lançamento pobre e preguiçoso de jogos clássicos que mereciam bem mais.
Nota: 5/10