Análise – Digimon World: Next Order

Digimon World é uma das mais antigas séries de jogos dedicadas à série animada de Digimon, tendo começado em 1999 com o lançamento de Digimon World para a PS One, onde o protagonista tinha de cuidar do seu parceiro no mundo digital e confrontar os vilões que queriam destruir este mundo desconhecido. Devido a ter sido um jogo aclamado por muitos fãs como um dos melhores jogos de Digimon, a Bandai Namco decidiu lançar uma sequela para a PlayStation Vita. Neste, tomou o primeiro como base, fazendo apenas uma cópia de todas as suas mecânicas, aperfeiçoado apenas alguns pontos e gráficos, implementando uma história genérica.

Mais uma vez, a Bandai Namco decidiu trazer um exclusivo da PlayStation Vita também para a PlayStation 4, a segunda vez no que toca à série de Digimon, visto Digimon Story: Cyber Sleuth foi um êxito enorme para os fãs, tanto pela sua história cativante como pelo seu gameplay, semelhante ao da série Persona.

No entanto, é precisamente nos pontos fortes de Digimon Story: Cyber Sleuth que Digimon World : Next Order falha, apoiando-se nos sistemas do primeiro jogo “World“, a história é, como referido, muito genérica, baseando-se apenas no transporte do protagonista para o mundo digital através de um digivice para combater uma ameaça, os Machinedramon, que estão a ser controlados pelo suposto “vilão” do jogo. A história é muito semelhante à do primeiro jogo, tendo apenas alguns pormenores de diferença, tal como a implementação de 2 parceiros Digimon, a possibilidade de escolhermos uma personagem feminina como protagonista e a implementação de outros aliados humanos.

Como se a história não fosse uma mancha suficiente neste jogo, há ainda o facto deste não nos permitir controlar os Digimon nas batalhas, limitando-nos a dar ordens, que podem ser bem executadas ou não. Fora do nosso controlo, os nossos Digimon estão constantemente a recuar e a se evadirem do inimigo, compreendendo-se que a sua IA é muito fraca para um sistema de batalha autónomo. Não os podendo controlar, as únicas coisas que podemos fazer nestas são: utilizar discos de recuperação de HP ou MP; escolher o alvo que queremos que eles ataquem (ou fugir da batalha) e juntar pontos “order” para efetuar ataques.

A única novidade frente ao primeiro jogo da série é a possibilidade de realizar fusões entre os Digimon no meio da batalha. Assim, embora o sistema seja todo ele muito semelhante ao do primeiro jogo “World“, existem sistemas que não valem a pena serem reutilizados nas sequelas, e este é um deles.

É uma pena não dar para controlar os parceiros Digimon.

O mundo digital é enorme e cheio de vida, estando bem acompanhado por uma banda sonora excelente e imersiva, o que faz com que seja um prazer explorá-lo. Embora os cuidados que os parceiros Digimon requeiram de nós sejam praticamente constantes (senão podem morrer mais cedo) e nos obriguem a parar constantemente a exploração deste mundo, ainda assim é possível arranjar algum tempo para nos aventurarmos por ele. Ao fazê-lo, algumas áreas fornecem-nos materiais, comida e alguns Digimon que tanto podem ser uma ameaça para o protagonista, obrigando a um confronto, como podem ter missões para nós, que, ao serem concluídas, os fazem regressar à cidade de Floatia.

Floatia é a cidade principal do jogo, muito semelhante à File City do primeiro “World“. Inicialmente, esta não passa de uma “vila” com apenas 2 cabanas (a casa de Jijimon e a sala de treinos) e uma casa de banho. Nesta, vários Digimon refugiam-se dos Machinedramon, que destruíram a cidade antes do protagonista chegar ao mundo digital. Jijimon irá pedir ao protagonista do jogo que ajude os diversos Digimon perdidos a retornar a Floatia, e serão estes que nos irão fornecer as missões secundárias a troco de voltarem para a cidade.

Frase que terão de colocar no nosso Passatempo Digimon World: Next Order:

“Da série de TV para os videojogos numa nova aventura em Digimon World: Next Order.

A acessibilidade neste jogo é escassa no inicio.

Depois de algum progresso na história e de vários Digimon retornarem à cidade, Floatia irá ser transformada e estará dividida em 6 distritos:

  • Central, que tem como foco a casa de Jijimon, permitindo o uso da Dimensional Box (da qual irei falar mais à frente). É ainda nesta área que poderemos fazer uso do armazém e manobrar as obras realizadas em toda a cidade, para fortalecer os serviços que os Digimon nos fornecem. É esta a área da cidade que faz a ligação entre todas as outras, servindo como lobby;
  • Business, onde podemos comprar comida, discos de regeneração e outros acessórios para cuidar dos nossos parceiros;
  • Research, onde irá estar presente: o ginásio para treino, que nos irá permitir evoluir os stats dos nossos parceiros até estarem aptos a digivoluir (embora as suas evoluções sejam muito aleatórias, ao contrário de Digimon Story: Cyber Sleuth); um espaço para eles descansarem e recuperarem fatigue e ainda o laboratório, que nos irá permitir a descoberta de novos itens;
  • Entertainment, área onde podemos encontrar o coliseu, onde decorrem partidas entre Digimon e outras atividades de “lazer“;
  • Agricultural, área que nos fornece todo o tipo de comida de que precisamos, em troco de mão de obra dos nossos parceiros (que evoluem alguns stats). Todos os dias podemos ir buscar fornecimentos a esta área.

Floatia tornasse acessível à medida que recuperamos cidadãos.

O modo online do jogo poderá ser acedido através da já referida Dimensional Box, que se encontra localizada na casa de Jijimon, ao lado de Tokomon (guia que nos ensina a utilizar o modo online). Dentro desta caixa podemos iniciar batalhas online com outros utilizadores para obter NWP, pontos que podem ser trocados diariamente por produtos exclusivos da Dimensional Box. Estas lutas serão entre 6 digivices, cada um transportador de um Digimon que tenhamos registado, sendo o vencedor aquele que derrote mais Digimon do oponente.

Opinião final:

Digimon World: Next Order não é o melhor jogo da franchise Digimon, deixando os fãs uma vez mais à espera do derradeiro jogo que irá fazer justiça a esta série, que conta com já 20 anos. Embora tenha sido feito a pensar nos fãs do primeiro título Digimon World, Next Order torna-se acessível para qualquer fã de Digimon, exigindo apenas tempo para que dediquemos cuidados aos nossos Digimon, utilizando várias parecenças aos famosos brinquedos da franchise, os digivice.

Do que gostamos:

  • Mundo digital extenso e com muita vida;
  • Diversas atividades para efetuar;
  • Gráficos dignos de um jogo da franchise Digimon;
  • Banda sonora imersiva e cativante;
  • Relação muito detalhada entre o protagonista e os seus parceiros Digimon.

Do que não gostamos:

  • Modo de combate limitado e impossibilidade de controlar os Digimon;
  • Falta de acessibilidade para quem é iniciante nos jogos da franchise, especialmente para quem nunca jogou um simulador;
  • Inflexibilidade nos requisitos dos Digimon;
  • Abuso nos cuidados que temos de prestar aos nossos parceiros, tornando o jogo repetitivo e secante;
  • História genérica;
  • Limite de vida dos Digimon, sendo que ao fim de X dias morrem.

Nota: 7/10