Análise – Donkey Kong Country Tropical Freeze

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Em 1981, a Nintendo lançou para as máquinas arcade Donkey Kong, um título que juntamente com outros sucessos comerciais, levaram a que a Nintendo entrasse posteriormente no mercado de consolas com a NES e que se mantivesse até aos dias de hoje como uma das companhias mais influentes na criação de videojogos.

Desde então, Donkey Kong tem-se mantido como uma das séries mais marcantes das consolas Nintendo sendo que mesmo 33 anos depois, continua uma franquia forte e com novos lançamentos, que estão agora a cargo dos Retro Studios, estúdio americano adquirido pela Nintendo e que já foi responsável pelo reboot da série na Wii (Donkey Kong Country Returns) e  foi produtora nos títulos Metroid Prime.
Recentemente assistimos a mais um lançamento na série, Donkey Kong Country Tropical Freeze, lançado em fevereiro deste ano e que marca a chegada de Donkey Kong às consolas HD.

No departamento gráfico Tropical Freeze, embora não se apresente como um título com fraco desempenho técnico, não apresenta algo de notável em relação ao que já vemos na Wii U desde que foi lançada, no final de 2012 sendo que não existem pontos em que o jogo realmente se destaque neste quesito, tirando o pelo de Donkey Kong que está incrivelmente detalhado e ondula fluidamente enquanto corremos, saltamos e esmurramos os nossos inimigos ao longo dos vários níveis.

Durante o cinemático inicial, observamos uma invasão de pinguins vikings que se apoderam da ilha do famoso gorila, mesmo quando este, Diddy Kong, Dixie Kong e Cranky Kong festejavam um aniversário.

A partir deste momento o nosso herói parte de ilha em ilha derrotando os invasores, reclamando de novo o nosso território. Em cada ilha, encontramos vários níveis idênticos aos que já estamos habituados na série Donkey Kong Country desde a SNES, em que através de deslocação lateral, vamos descobrindo os ambientes selvagens das florestas das várias ilhas e vamos exibindo toda a nossa força perante os nossos obstáculos, sejam estes inimigos ou estruturas como torres, pontes ou estátuas.
O poder de Donkey Kong no entanto não é razão para o jogo nos facilitar a vida, na realidade, Donkey Kong Country Tropical Freeze, é, tal como os anteriores jogos da franquia, um dos títulos de plataformas em 2D mais desafiantes no mercado e que apresenta obstáculos difíceis de superar, ao mesmo tempo que consegue conciliar bem desafio e divertimento sendo que raramente nos deparamos com situações frustrantes por serem excessivamente difíceis.

Depois da invasão dos Vikings, as paisagens ficam cobertas de branco.

Depois da invasão dos Vikings, as paisagens ficam cobertas de branco.

Estes níveis desafiantes estão presentes desde bastante cedo no jogo sendo que mesmo a 1ª ilha que exploramos neste título já tem de ser encarada seriamente pois já apresentará um teste às nossas habilidades como jogadores.
No final de cada ilha temos ainda um boss final que é sempre bastante resistente e é preciso ter grande atenção aos seus movimentos para identificar os seus pontos fracos e conseguir diminuir lentamente a sua vida até este ficar inutilizado e ganharmos o combate, obrigando os vikings a abandonar a ilha que acabamos de percorrer.
Para além dos típicos níveis de plataformas 2D característicos da série, Donkey Kong Country Tropical Freeze oferece mais um conjunto de estágios com desafios diferentes como por exemplo os níveis em que controlamos um carro de mina por carris que se desmoronam à medida que passamos por eles e nos levam até cenários de morte quase certa mas que Donkey Kong e amigos conseguem passar,  criando cenários ridiculamente incríveis e surpreendentes, à semelhança do que acontece em passados jogos da série.

Estes níveis inesperados aparecem ocasionalmente nas várias ilhas, e são semelhantes ao que víamos no jogo da Wii sendo que para quem já tenha jogado o título lançado para esta consola (e posteriormente relançado também para a Nintendo 3DS), estes níveis não serão uma surpresa. Os cenários de Donkey Kong Country Tropical Freeze voltam a ser idênticos aos vistos nos jogos da série, sendo que agora recebem também o toque gélido que os vikings trouxeram para estas ilhas tropicais, daí o subtítulo do jogo: Tropical Freeze. Tirando a mudança trazida pela presença de neve e gelo em alguns cenários, o jogo apresenta-se bastante semelhante ao que vimos em Donkey Kong Country Returns para a Wii, apenas com visuais melhorados.

O aspeto pouco seguro destes carris não assusta Donkey Kong.
Aqui está então a maior falha deste jogo: a falta de grandes novidades em relação a títulos anteriores. O que embora possa não ser negativo para quem ainda não conheça a série, a verdade é que se esperava algo de refrescante deste novo Donkey Kong, como aconteceu no jogo para a Wii, tendo em conta os lançamentos existentes na época.

Quanto à jogabilidade, Donkey Kong também se apresenta bastante idêntico aos anteriores jogos da série, em que percorremos cenários naturais em duas dimensões e que apresentam belas paisagens tropicais. Desta vez para nos acompanhar, para além do habitual Diddy Kong, temos também o regresso de Dixie Kong que já há muito tempo não aparecia de maneira jogável e Cranky Kong, que podemos controlar pela primeira vez, possuindo todos eles diferentes habilidades que serão cruciais para podermos passar fases do jogo. Enquanto Donkey Kong se destaca pela sua força: Diddy Kong permite-nos planar temporariamente pelo ar usando os propulsores que trás às costas; Dixie Kong usa o seu cabelo como hélice o que nos permite atingir maiores alturas. Temos ainda Cranky Kong, o membro mais velho da família Kong, que com a sua bengala impede que nos aleijemos quando caímos em cima de picos ou inimigos com capacetes. Ao utilizar esta bengala somos projetados de novo para o ar com um ressalto, o que nos permite passar rapidamente grandes zonas perigosas.

Donkey Kong Country Tropical Freeze embora seja um título de uma consola poderosa como a Wii U e seja a primeira interação da série em HD, sente-se um pouco simples para esta consola sendo que possui poucos modos de jogo. Neste título apenas temos a campanha principal, não existindo qualquer outra opção de jogo que possamos disfrutar para além deste modo, o que revela ser uma falta de conteúdo comparando com o que estamos já habituados a ver nos últimos lançamentos.

Durante a campanha temos o modo co-op em que um amigo se pode juntar, localmente, ao vosso jogo e controlar Diddy, Dixie ou Cranky Kong e ajudar-vos na vossa jornada. Este modo não apresenta qualquer problema a nível técnico sendo que o jogo não sofre qualquer problema a nível de frame-rate enquanto outro jogador se junta a nós. Esta funcionalidade no entanto podia ter sido puxada mais além e seria interessante ver um modo em que existisse a possibilidade para 4 jogadores em simultâneo em que poderia entrar também Funky Kong para acompanhar Donkey Kong como um dos pesos pesados que podemos controlar.

O modo cooperativo está bastante engraçado mesmo que limitado.

O modo cooperativo está bastante engraçado mesmo que limitado.

Funky Kong, que apareceu pela primeira vez na série com o lançamento de Donkey Kong 64 e que é um dos mais carismáticos personagens do universo de Donkey Kong, está de volta em Donkey Kong Country Tropical Freeze e vai nos prestar ajuda ao longo do jogo já que podemos a qualquer altura visitar uma das suas lojas em qualquer uma das ilhas para, em troca de bananas, conseguirmos mais balões (que simbolizam vidas), novos bónus como maior capacidade de vida e alguns itens que nos permitem realizar vários movimentos fantásticos e que nos ajudam a prosseguir mais facilmente em níveis e situações mais complicadas.

Outro dos pontos em que Donkey Kong se sente como algo incompleto é nas funcionalidades da Wii U. Embora utilize algumas das novidades da consola como o Miiverse, este novo jogo pouco aproveita as novas funcionalidades do Wii U GamePad sendo que se estiverem a jogar com este sistema de controlo enquanto a ação decorre na TV, apenas verão um ecrã preto no vosso controlador. A experiência é portanto idêntica ao que vivenciamos na Wii com o Pro Controller sendo que os controlos do próprio jogo continuam bastante idênticos ao que vimos em Donkey Kong Country Returns.

Em Donkey  Kong Country Tropical Freeze temos várias opções de controlo e podemos controlar a ação com o Wii U GamePad, o Wii U Pro Controller e ainda com a combinação Wii Mote+ Nunchuck. Esta terceira opção de controlos não se sente tão natural como as restantes nem como a opção primária de Donkey Kong Country Returns em que apenas necessitávamos de um Wii Mote não sendo necessário o Nunchuck.

Em termos de banda sonora, este novo Donkey Kong não dececiona e volta a ter, tal como os restantes títulos da franquia, uma grande variedade de músicas divertidas e perfeitamente adequadas ao que decorre no ecrã e que enriquece ainda mais os bonitos cenários naturais e variados que nos acompanham ao longo de todo o jogo.

Funky Kong está lá sempre com itens que nos ajudarão em fases mais difíceis do jogo.

Funky Kong está lá sempre com itens que nos ajudarão em fases mais difíceis do jogo.

Opinião final:

Donkey Kong Country Tropical Freeze é mais um jogo típico Donkey Kong sem nenhuma novidade de destaque, o que acaba por ser o seu maior erro já que possui estágios divertidos, variados e bastante desafiantes e que prendem o jogador ao televisor por horas,sem que este se aperceba.
Em suma com a parecença com o título anterior, Donkey Kong Country Tropical Freeze revela-se como um título bastante simples para os padrões de qualidade atuais e apresenta poucas adaptações de modo a tirar partido do que a Wii U oferece de diferente.
Se gostam dos clássicos jogos Donkey Kong, este novo título é uma pérola a ter e que com certeza irá agradar, no entanto caso não sejam grandes adeptos desta série da Nintendo, este jogo deverá passar-vos despercebido.

O que gostamos:

  • Modo cooperativo sem quaisquer problemas técnicos;
  • Modo de dificuldade desafiante;
  • Níveis e cenários variados e impressionantes.

O que não gostamos:

  • Semelhança com Donkey Kong Country Returns;
  • Pouca utilização das funcionalidades da Wii U;
  • Poucos modos de jogo.

Nota: 7/10