Análise – Don’t Starve: Giant Edition

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Produzido pelo estúdio independente Klei Entertainment, Don’t Starve, é um jogo de sobrevivência altamente desafiante e penalizador, tem ocupado (e frustrado) vários jogadores desde o seu lançamento em 2013 para o PC (Windows, Linux e Mac).

No passado dia 4 de Junho chegou a vez das consolas Nintendo Wii U europeias receberem também uma versão do aclamado jogo: Don’t Starve Giant Edition, uma edição que inclui, para além dos conteúdos originais, a expansão Reign of Giants, onde encontrarão novos personagens, criaturas, estações e ambientes, entre outras novidades. Neste jogo de sobrevivência controlamos Wilson, um brilhante cientista que, persuadido por um ser maléfico e misterioso, constrói uma máquina que o leva até um ambiente selvagem aleatório, onde terá de encontrar recursos para sobreviver e tentar encontrar o caminho de volta até à sua, muito mais confortável, casa.

Wilson vai-se estabelecendo e «habituando» ao ambiente.

A premissa de todo o jogo passa então por prestarmos atenção ao ambiente que nos rodeia para assim encontrarmos alimento e materiais que nos ajudem a sobreviver ao novo cenário, principalmente de noite. As adversidades são muitas: desde criaturas selvagens sempre à espera de uma oportunidade para nos atacar até às condições meteorológicas agrestes e à falta de tempo até à chegada da noite, existem inúmeros fatores a que devemos prestar atenção enquanto nos aventuramos pelo desconhecido.

Desde sempre a noite representou para o Homem o mistério, e, por isso, medo pois no escuro é impossível distinguir se algum perigo se aproxima. Muitos jogos de sobrevivência pegam neste facto histórico e colocam a noite como o grande desafio a superar. Em Don’t Starve não é diferente, ao longo do dia, enquanto arranjamos materiais e alimentos, é obrigatório que estejamos atentos a quanto tempo falta até ao anoitecer pois é necessário, acima de tudo, ter fogo que dure toda a noite, pois caso contrário a morte é certa. Outro dos fatores mais importantes a ter em conta é a estação do ano em que nos encontramos. No início do jogo somos transportados aleatoriamente para um mapa selvagem e, também aleatoriamente, somos levados até uma das quatro estações. Dependendo da estação do ano em que somos colocados, todo o jogo se torna diferente. Por exemplo, no Verão os dias são mais longos e quentes mas existem mais incêndios, ao passo que no Inverno os dias são bem mais curtos e frios, pelo que Wilson irá precisar de se comportar de maneira diferente dependendo também do clima.

Os incêndios são sempre devastadores.

Os incêndios são sempre devastadores.

Tirando as causas externas, também a saúde do cientista importa (e muito), já que este vai ficando com fome e perdendo a sanidade. De maneira a restaurar o equilíbrio mental de Wilson devemos coloca-lo em contato com outros, nomeadamente com porcos com quem pode estabelecer amizade ao dar-lhes comida. Podemos ainda, por exemplo, dormir, embora aumente a fome. Para além do que é preciso ter em conta para Wilson continuar a viver, Don’t Starve está repleto de detalhes engraçados e que são sempre bem vindos, como a barba que vai crescendo, as expressões faciais de Wilson, etc.

Existe ainda uma enorme variedade de coisas para fazer como criar porcos, cultivar plantações e arranjar novas maneiras de cozinhar os alimentos que encontramos. Mesmo com todos estes detalhes, Don’t Starve cai no problema que afeta muitos dos jogos deste género: a repetitividade. Depois de passados alguns dias, e embora exista o objetivo de levar Wilson de volta ao seu laboratório, o jogo começa a ficar cansativo já que, sendo tão difícil cumprir a proposta inicial de regressar a casa, o jogador acaba por sobreviver apenas por sobreviver e criar mais objetos e ferramentas úteis para… continuar a sobreviver, sem qualquer outro objetivo.

Os porcos são a nossa maior companhia ao longo do jogo.

Os porcos são a nossa maior companhia ao longo do jogo.

Tirando esta crítica apenas tenho a apontar mais um aspeto negativo ao jogo: a sua dificuldade, que é também um ponto positivo. Quando chegamos ao mundo de Don’t Starve, não nos são dadas quaisquer indicações sobre como devemos proceder, o que ajuda bastante a que, nos possamos colocar no lugar de Wilson, para além de que é uma lufada de ar fresco numa altura em que muitos jogos vêm com longos e maçadores tutoriais. No entanto o jogo é impiedoso neste aspeto e pode levar à frustração dos jogadores visto que, por exemplo, passados vários dias de sobrevivência, perdem tudo por um pequeno erro de cálculo de tempo.

Visualmente, Don’t  Starve faz lembrar bastante os filmes de Tim Burton, como o famoso Eduardo Mão de Tesouras, devido ao seu tom mais negro, embora tenha também um toque «cartoonesco», criando algo único e bastante adequado ao que o jogo nos quer transmitir: o desconforto de ter que sobreviver num ambiente tão adverso.

Para além do ambiente há que não esquecer as criaturas ameaçadoras.

Para além do ambiente há que não esquecer as criaturas ameaçadoras.

Opinião final:

Don’t Starve é um dos melhores jogos de sobrevivência atuais e por isso excelente para quem gosta do género, mas infelizmente não resolve nenhum dos problemas que muitos outros enfrentam. É também um jogo bastante desafiante, pelo que precisarão de uma grande paciência para sobreporem os obstáculos e ajudarem Wilson, sem  ficarem frustrados. Caso consigam ou gostem de superar desafios exigentes e gostem de jogos de sobrevivência Don’t Starve é o jogo perfeito para vocês, seja em que versão for.

O que gostamos:

  • Feeling do jogo adequa-se perfeitamente ao tema;
  • Liberdade para jogar de diversas maneiras;
  • Ausência de tutorial ou ajudas;
  • Bastante atenção dada aos detalhes.

O que não gostamos:

  • Acaba por se tornar repetitivo;
  • Dificuldade pode tornar o jogo frustrante.

Nota: 8/10