Análise – Dungeon of the Endless

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É fácil contemplar Dungeon of the Endless pela capa porque temos mais um jogo indie com aspecto pixelizado e estilizado e à primeira vista não parece trazer nada de novo, visto que hoje em dia muitos são os jogos indie do género. No entanto são muitos os que ficam no esquecimento, devido a receberem a “marca” indie, só os que realmente destacam-se é que têm sucesso, de tempos a tempos. Partimos então do princípio, será que este é uma dessas jóias? Será que é mesmo?

Desde já aviso que o jogo pouco ou nada explica-nos sobre o que é para fazer, e o que se passa. Depara-mo-nos com uma seleção inicial de modo campanha ou multi jogador. Ao iniciar a campanha, podemos escolher entre a dificuldade “fácil” ou “muito fácil”o que nos deixa a pensar se não seria melhor ter dificuldades maiores. Após uma ligeira apresentação cutscene, onde mostram uma nave a despenhar-se num planeta, começamos num quarto com um cristal em forma de losango.

Que raios está a acontecer aqui? E porque é que está o alarme a soar?

Infelizmente, a escassez de qualquer tipo de explicação permanece e damos por nós a tentar controlar a personagem escolhida, com bastante dificuldade até apercebermos que basta apenas mover o cursor para uma porta e carregar no botão A  para a personagem abrir. Rapidamente a percepção sobre o jogo altera, o controlo torna-se estratégico, feito de modo a “clicarmos” para o local que a personagem se deve mover. Claro que eventualmente iremos encontrar inimigos, onde o personagem que controlamos sem qualquer aviso irá atacá-los. Porém as curiosidades não param por ali.

O jogo é uma mistura curiosa de vários géneros, incluindo um sistema rogue-like (quando perdemos é mesmo game over, tendo de começar o jogo do início), acção estratégica com um toque de RPG e de RTS. Sim, espero me tenha exprimido bem. Comecemos pela parte mais fácil, o objectivo do jogo(pois eventualmente existe um tutorial escondido nos menus do jogo ao invés de estar no menu principal), que passa por tentar levar o tal losango de cristal até à saída de cada um dos 12 andares gerados aleatoriamente em cada jogo. Este cristal só pode ser transportado após ter sido encontrada a saída, e o interessante do jogo acontece precisamente nesta parte.

Depois de algum tempo as coisas começam a fazer sentido.

Podemos ter uma equipa de 4 “heróis” e é possível controlar individualmente ou todos ao mesmo tempo, dando ordens para irem abrir novas zonas, contendo inúmeros itens novos ou armadilhas e emboscadas(o que é habitual). O cristal é a fonte que fornece energia para os quartos funcionarem, e é aqui que começa a estratégia, pois nem sempre conseguimos dar energia a todos os quartos que abrimos. Temos à nossa disposição quatro funcionalidades, sendo elas: Industria, Ciência, Alimento e Dust (que é a funcionalidade energética). Por cada quarto aberto ganhamos um pouco de cada, sendo muito importante estar atento ao nível de Dust, e se tivermos disponível, podemos fornecer energia ao quarto que acabámos de abrir. A Industria por outro lado serve para construir mais módulos, a Ciência para pesquisar novos módulos e o Alimento para melhorar ou recrutar personagens.

Os quartos que decidimos não fornecer energia acabam como habitat para monstros que irão ter como objectivo principal destruir o nosso cristal, que ao ser atingido vai perdendo Dust, o que irá levar os quartos com fornecimento de energia a ficarem inactivos. É este o desafio e perigo do jogo, sendo constante.

Em quase todos os quartos temos postos de colocação onde podemos instalar módulos de ataque, defesa e de apoio, no entanto estes só funcionam se tiverem energia. Entre eles incluem-se estações que disparam contra inimigos, desaceleram-nos, cura ou aumenta o ataque/defesa dos heróis se estiverem presentes no quarto.

Baús com tesouros, vendedores e especialmente monstros. Cada quarto uma incógnita.

Esta profundidade e complexidade escondida é uma surpresa agradável, visto que existe uma boa variedade de módulos (como já mencionado) e de cada vez que começarmos um jogo novo, estaremos perante masmorras sempre “diferentes”, o que força nos irá forçar a pensar seriamente como poderemos ter sucesso para desbravar as masmorras. Existe ainda o elemento de RPG que permite aos nossos personagens obter equipamentos superiores ou melhorar os seus atributos, sendo isso opcional pois utiliza a funcionalidade de Alimento. Será que melhoro o herói mais fraco ou guardo para uma eventual recruta de alguém que possa encontrar num quarto perdido?

O jogo tem um visual muito retro e pixelizado apesar de oferecer efeitos de sombras e luzes. Isto por vezes pode causar alguma confusão para percebermos onde estão os heróis, especialmente quando existe uma onda de monstros a caminho do nosso precioso cristal. A história é contada através de desenhos e arte desbloqueados durante o jogo e a nível sonoro, podemos dizer que contém uma musica interessante que causa boa imersão. Curiosamente, quando passamos um nível, toca uma “música de elevador” cómica enquanto carrega o nível seguinte. Uma mudança curiosa de facto.

Podemos ver o mapa a qualquer altura para ter um ponto da situação.

Acima disto tudo temos à nossa disposição um modo multi jogador online parece interessante,  infelizmente não tive oportunidade de o testar devido ás diversas tentativas sem sucesso de encontrar alguém para jogar. Outra situação de lamentar é que o nível de dificuldade, que é realmente elevado até no modo de jogo “muito fácil”, o que faz com que estejamos sempre alertas para os perigos. A curva de aprendizagem é bastante elevada, pois somos literalmente “atirados aos lobos” sem percebermos o que temos ou podemos fazer. No meu ver, o jogo beneficiaria de um tutorial disponível no menu inicial, sendo este mais explícito e completo no que toca ao que podemos fazer no jogo.

Opinião final:

Dungeon of the Endless é uma bela surpresa, sendo uma mistura de géneros muito bem conseguida, obrigando-nos a fazer uso do cérebro  para conseguirmos ultrapassar os obstáculos sem levarmos com a famosa frase de “Game Over“. A gestão das personagens, elementos e módulos para defendermos o nosso cristal está implementado de forma excecional, o que eleva a nossa moral a querer jogar “mais uma vez”, sendo este um óptimo sinal. Apenas, peca pelo visual, sendo que por vezes é confuso quase não nos explicam o que temos de fazer, senão fosse estes dois pontos estávamos realmente perante uma “jóia escondida”, e visto que o preço é muito apelativo, recomendo inteiramente a experimentarem.

O que gostamos:

  • Mistura de géneros bem conseguida;
  • É viciante;
  • Tem 18 personagens desbloqueáveis com características diferentes;
  • Inclui modo multi jogador online.

O que não gostamos:

  • Curva de aprendizagem extrema;
  • Tutorial muito incompleto;
  • Só permite salvar o jogo enquanto não perdemos senão teremos de começar tudo de novo;

Nota: 8/10