FEZ, o icónico jogo criado pelo controverso (e actualmente fora de cena) Phill Fish, foi um dos jogos do ano de 2012.
Criado pela Polytron Corporation, foi um dos primeiros jogos a iniciar o que se chama actualmente de movimento indie, numa altura onde apenas as grandes editoras tinha algo a dizer no ramo dos videojogos.
A história de FEZ é deveras conturbada, talvez daí advenha o seu carisma e popularidade quando em 2007 Phill Fish anunciou que iria produzir um jogo onde o mais importante seria a história e o conceito, ao invés dos gráficos e fps como seria usual na altura.
Depois de várias apresentações, demonstrações e datas de lançamento falhadas eis que na primavera de 2012 é lançado oficialmente para a XBOX360, e praticamente um ano depois os jogadores de PC teriam também acesso às aventuras de Gomez.
A crítica foi unânime, FEZ era uma obra de arte, uma lufada de ar fresco naquilo que era um mundo repetitivo, com jogos similares e sem factores de diferenciação entre eles, FEZ trouxe aquilo que muitos esperavam à muito tempo, a mudança.
Depois do lançamento o movimento indie disparou, várias foram as imitações que não vingaram mas vários foram também as pérolas com as quais fomos sido presenteados ao longo destes anos, e isso deve-se em parte a Phill Fish e a FEZ.
Escrever sobre FEZ sem falar do seu criador é praticamente impossível, FEZ é Phill Fish, para o bem e para o mal. Temperamental, impulsivo, apaixonado pelo que faz, Fish é amado e odiado por muito. Pouco tempo depois do lançamento de FEZ, Fish anunciou que estaria em produção FEZ II e que seria ainda melhor e mais espectacular que o primeiro, mas após uma troca de palavras via twitter Fish anunciou que estava farto das criticas e que FEZ II nunca veria a luz do dia, ficando assim para sempre (?) no éter.
Falar da história de FEZ hoje em dia é como rever um filme antigo, já todos nós o conhecemos mas existe sempre alguém disposto a revê-lo. E assim é, tal que no passado dia 25 de Março chegou a vez das consolas da Sony receberem FEZ no seu catalogo.
Lançado em simultâneo para a PS3, PS4 e PS Vita, poderá parecer um lançamento tardio, pois um jogo tão famoso e já com tantos anos de existência não teria qualquer outro destino que não fosse o passar despercebido. Mas tal não aconteceu, FEZ provou que uma boa jogabilidade e história cativante são intemporais, e à semelhança do filme antigo, existe sempre alguém com vontade de o rever. E neste caso foram bastantes jogadores.
FEZ conta a história de Gomez, um ser num mundo bi-dimensional que um dia descobre que existe mais uma dimensão para além da sua, começando então a sua aventura.
Após uma explosão que rompeu com o tecido dimensional, Gomez descobre que com a ajuda de um pequeno chapéu (fez) é capaz de moldar o espaço para o utilizar a seu favor, alcançando plataformas outrora inatingíveis e revelando novas perspectivas e mundos. Este é no seu âmago um jogo de plataformas com puzzles à mistura, difícil o suficiente para manter o jogador cativado e atento, em parte devido à sua história envolvente.
Mas FEZ é também um jogo simples, embora complexo. E apesar de parecer um contra-senso não o é, porque Gomez não tem inimigos, não tem armas e não tem bosses finais. O que FEZ tem é um elevado numero de puzzles que nos ajudam a progredir durante o jogo, a uma cadência controlada para que tenhamos tempo de absorver o mundo que nos rodeia. O jogo recompensa os jogadores pacientes, os puzzles são baseados em problemas que se resolvem com tempo e não com destreza, o que não significa que não tenhamos que ter para progredimos no mundo de Gomez.
Apesar de tudo Gomez não morre, apesar de o design dos níveis se assemelharem a torres, Gomez não morre quando falhamos um salto, apenas reaparece no ultimo ponto onde nos encontramos, pois a ideia aqui não é punir o jogador pelos erros mas sim mostrar-lhe que o objectivo deste jogo é contar-lhe uma história e proporcionar-lhe uma experiência.
A arte de FEZ é outro dos seus pontos forte. Num misto de retro e actual, o mundo de Gomez é populado por arte pixelizada, com pequenas sugestões e tributos a outros jogos. Canalizações que parecem retiradas de um Super Mário, homenagens às aventuras de Link e mesmo um tributo às consolas retro dos tempos de infância de Phill Fish, mas o melhor de tudo é uma simulação de um computador a ligar que ocorre quando um evento especifico se dá no jogo, pequenos (grandes) pormenores que dão um toque especial a este jogo e que proporcionam uma experiência inesquecível.
No que diz respeito a aspectos gráficos e a performances, não existe muito a apontar a FEZ. Desde o início que este é um jogo que não se foca nesses aspectos, não que os gráficos não sejam óptimos, mas não chegam ao ponto de colocar o hardware da PS3 em cheque face ao hardware superior da PS4. Quer isto dizer que as aventuras de Gomez são similares em todas as consolas da Sony, e não existem diferenças significativas entre qualquer das versões agora publicadas.
Em suma, FEZ é daqueles jogos que todos deveríamos jogar (e re-jogar), pois apesar de tudo temos a obrigação de separar o jogo do temperamento visceral do seu criador, e ao fazê-lo podemos afirmar que para o bem e para o mal, FEZ é uma obra de arte digital que recomendados a todos os leitores.
O que gostamos:
- História;
- Grafismo;
- Jogabilidade;
- Banda sonora.
O que não gostamos:
- Nada a assinalar.