Muitos jogadores de Fire Emblem decerto já terão tido a oportunidade de terminar tanto Birthright como Conquest. Para quem não viu poder ler a nossa Análise a Fire Emblem Fates: Birthright e Conquest, aqui. Ainda assim, é também normal vermos jogadores a saltar diretamente de um modo de história logo para o Revelation, sem terem jogado os dois lados da guerra.Apesar de isto ser possível, não é recomendado porque convém passar pelos dois jogos. Ao passo que em Birthright e Conquest temos uma visão limitada dos acontecimentos com cada facção a afirmar que tem razão, Revelation opta pela neutralidade e diz que ninguém tem razão e teremos de o provar. Este Revelation deveria ser o melhor dois dois mundos, certo?
Este terceiro caminho tinha tudo para ser fantástico: recusar as duas famílias? Percorrer o caminho sozinho, apenas com alguns bravos e bravas sem nada a perder para tirar o rei Garon do poder e desvendar o verdadeiro vilão por detrás da cortina? Infelizmente a história ou o que a motiva é um pouco fraca – principalmente em comparação com os caminhos que a precedem – e é algo que já não ouvia desde a escola primária que é, sem spoiler, tenho um segredo para te contar, mas não te posso contar, mas tens de confiar em mim (pois se revelarmos o verdadeiro plano somos amaldiçoados por alguém num reino distante, apenas acessível por uma fenda…Nem estamos a salvo no nosso castelo noutra dimensão – mas afinal quantas dimensões existem?!). E é assim que abordamos as duas famílias e é assim que somos mandados passear (não os censuro). Algumas personagens lá caem nisso e encolhem os ombros. Não têm melhor sítio para ir, então ficam com o herói na fé de que tudo corra bem. Ao fim de diversas reviravoltas, a conclusão é ainda assim satisfatória, com Revelation a funciona como um fim adequado de todo o enredo criado pelos dois caminhos deste Fire Emblem mas caso o joguem imediatamente a seguir a Birthright e Conquest, o sentimento de cansaço decerto existirá por estarem a percorrer parte do mesmo caminho de novo.
Se em Hoshido e em Nohr os nossos aliados eram pessoas pertencentes a essas facções, (menos o Silas, esse junta-se a nós em qualquer modo…) neste Revelation temos uma salada russa de personagens, ora juntam-se Hoshidans, outra juntam-se Nohrians. Este aspeto tem tanto de bom, como de mau. Por um lado podemos ter os nossos favoritos na mesma equipa e formar um exército imparável, por outro, a maneira como se juntam é forçada, aparecendo aleatoriamente só porque sim. O problema da quantidade de personagens mantém-se com muitas a serem palha para enfeitar as filas que nunca usaremos. Óbvio que se jogarmos com Permadeath, somos obrigados a rodar a equipa, algo que não acontece caso optem pelo contrário permitindo que joguem sempre com os vossos favoritos – e terão personagens de sobra para escolher.
As influências orientais de Hoshido versus as influências ocidentais de Nohr misturam-se em Revelation. Temos armas, magias e restante equipamento à nossa disposição para experimentarmos e fazermos as nossas combinações. Até o nosso castelo pode adquirir as aparências dos dois lados, se assim o quiserem. Ainda no castelo, admito que à terceira volta estou algo cansada de repetir as mesmas ações: andar pelos campos, pelas minas, alimentar a Lilith, ir à arena, cozinhar, etc. Não digo que seja culpa do jogo, mas acaba por quebrar um pouco o ritmo do mesmo e é impossível não comparar ao sistema do Awakening onde continuávamos sempre no mapa mundo.
Se Birthright era o modo mais fácil, com opção de treinar e fazer level up e Conquest era o modo difícil sem essas acessibilidades, Revelation consegue achar um meio-termo com bastantes níveis de Challenge e Scout para treinarmos as nossas personagens e termos um percurso equilibrado, nem fácil nem difícil. E como experimentámos os mapas adicionais, incluindo o mapa gratuito Before Awakening, temos bastantes hipóteses de treinar a equipa. E como é o DLC? Tirando o Before Awakening, os restantes são bastante fúteis. Este é o único que contém elementos história e uma parte bastante interessante que vê Corrin e amigos a interagir com Chrom e os Shepherds antes de encontrem Robin e dar início ao Fire Emblem Awakening. Um mapa sem desafios, mas engraçado, nem que seja pelo factor nostalgia que vos deixará com um sorriso.
Os outros mapas apenas são úteis para ganhar armas, dinheiro e experiência. Num mapa participamos num torneio cujo objetivo é ganhar as armas dos inimigos; noutro temos de recuperar o ouro que os inimigos roubaram ou derrotamos hordas infinitas de fantasmas para ganhar experiência. Até Corrin o admite. E, como cereja no topo do bolo, o último mapa disponível metia os Lordes e respetivos assistentes a combater por um bilhete para a praia. Leram bem. Todos trocam as armas letais por parassóis, paus e brinquedos para não se magoarem. No início podem fazer apostas e escolher o Lorde a controlar. No final, o que “sobreviver” ganha um bilhete para ir de férias. São pequenos momentos que oferecem alguma variedade ao jogo mas que no fundo não justificam a sua aquisição separada.
Ainda que pareça pouco e até superficial, Revelation e os mapas adicionais asseguram que os jogadores terão muito conteúdo para se entreterem. Não será tão bom e recompensador como Conquest e Birthright, é certo, mas serve o seu propósito para completar a narrativa de Fates, dando uma conclusão satisfatória a todos os fios que compõem esta trama. Deste modo, apesar de estar à espera de um pouco de mais, posso dizer que Revelation é parte integrante de Fates e não uma peça dispensável.
Opinião final:
Revelation podia ser o melhor modo de história, mas parece colado com fita cola e notam-se as falhas a cada missão. Não obstante, a essência de Fire Emblem está nas batalhas e nas estratégias e, nesse campo, o jogo continua exímio. Temos uma vasta selecção de personagens e armamento para experimentarmos. Temos o regresso de favoritos e mais opções de Support. Revelation não apresenta muitas dificuldades, mas cada mapa apresenta os seus próprios desafios e ainda assim decerto que irá proporcionar ainda mais algumas horas de divertimento aos fãs do jogo.
Do que gostamos:
- Mais personagens;
- Mais diversidade das missões.
Do que não gostamos:
- À terceira volta, o jogo começa a ser repetitivo;
- Modo de história mais fraco.
Nota: 7/10