Análise – Forza Horizon 3

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A série Forza há muito que é conhecida e vista como a resposta da Microsoft a um dos grandes pináculos  dos jogos de corridas motorizadas, Gran Turismo, que tem como casa os sistemas da Sony, as PlayStation. O primeiro jogo, que remonta ao ano de 2005, foi lançado para a Xbox original e desde logo conseguiu cativar um número considerável de fãs. A sua sequela, Forza Motorsport 2, já foi lançada para a Xbox 360 e teve suporte para o Volante sem Fios da consola. Forza Motorsport 3 melhorou consideravelmente em relação aos primeiros e incluiu mais de 400 carros customizáveis, sendo incluídos mesmo mais de 500 na versão especial, de 50 marcas diferentes e mais de 100 variantes de pistas onde as competições decorriam com até 8 carros ao mesmo tempo. Para o 4º jogo da série, a Turn 10 juntou-se com o famoso programa Top Gear da BBC tendo incluído no mesmo comentários dos vários apresentadores da série de TV e ainda incluindo o modo Autovista, bem como suporte para a câmara sensora de movimentos Kinect.

Depois de tudo isto, eis que surgiu o jogo que viria a abanar um pouco os alicerces, Forza Horizon. Este foi o primeiro a desviar-se dos padrões habituais de simulação e de corridas em pista fechada. Este jogo, passado em terras americanas, mais precisamente no Colorado, abraçava a cultura de festivais musicais e de carros. O objetivo era o de progredir na lista de corredores obtendo pulseiras coloridas e atingir o topo. Neste jogo destacou-se o mundo aberto e a possibilidade de andar com o carro em quase qualquer sítio. Tinha o pedigree dos seus antecessores, porém apresentou um mundo de corridas mais light e ligeiramente menos realista, apesar de manter o motor de Física fantástico de Forza Motorsport 4. Com uma nova geração, uma sequela, Forza Motorsport 5 foi um dos jogos de lançamento da Xbox One. Foi algo criticado por conter um número reduzido de carros, especialmente quando comparados aos quase 500 de Forza 4.  Um ano depois, Forza Horizon 2 conquistou a crítica e os gamers em geral com um novo festival, desta vez na Europa e com um novo sistema meteorológico dinâmico. Uma expansão gratuita a promover o filme Velocidade Furiosa mais recente foi lançada meses depois.

O jogo começa de forma espetacular com este evento. E nunca mais para.

O jogo começa de forma espetacular com este evento. E nunca mais para.

Em finais de 2015 foi lançado Forza Motorsport 6, corrigindo alguns dos erros cometidos em Forza 5 e proporcionando um dos melhores jogos de simulação de carros de sempre. O jogo teve direito a uma versão Windows 10 subtitulada de Apex. Finalmente, foi anunciado Forza Horizon 3, e, com ele, a promessa de novos festivais, um mapa 2 vezes superior ao de Horizon 2 e o nível de excelência a que a série nos tem habituado. Desta feita, o jogo situa-se na Austrália, onde não somos simplesmente um mero condutor, mas sim o dono e organizador do festival. Este jogo fica para a história como o primeiro a permitir jogar em cross-platform, ou seja, jogar tanto na Xbox One como no PC, inclusivamente com amigos que estjam a jogar em qualquer um dos sistemas. É também o segundo jogo com a iniciativa de, ao comprar a versão da consola, termos direito à versão Windows 10 gratuitamente e o progresso do jogo pode ser continuado em qualquer sistema, sendo o primeiro jogo com esta funcionalidade ReCore.

Ora, após esta extensa introdução, vamos falar do jogo em si. Como já mencionado, começamos o jogo em grande estilo como diretor do novo festival Horizon com o intuito de o tornar no maior e melhor de sempre. Para isso temos de inicialmente, após estabelecer o primeiro ponto de festival, procurar condutores que estejam ao nível do mesmo. Isto para quê? Para aumentar o novo tipo de pontos “monetários”: os fãs. Praticamente tudo o que fazemos e em que participamos garante o ganho de mais fãs. E com mais fãs, novas oportunidades de abrir novos pontos de festivais ou de melhorar os já existentes. Ora, ao encontrar os ditos condutores temos de os desafiar e de ganhar contra eles para os convencermos a trabalhar para nós. Claro que temos um número limitado de contratações, no entanto, se encontramos um condutor mais experiente e com mais fãs, podemos sempre “substituir” um dos anteriores. De salientar que estes condutores são os drivatars (regressam também as “sombras” online dos jogadores) dos nossos amigos.

Frase que terão de colocar no nosso Passatempo Forza Horizon 3:

“Prontos para as corridas? Forza está de regresso à Xbox e promete não desapontar os fãs.”

São mais variados os cenários desta feita do que no último jogo

São mais variados os cenários desta feita do que no último jogo.

Como já é conhecido na série, a variedade é um dos pratos fortes “da casa” e este 3º capítulo não fica atrás, aliás, ainda melhora consideravelmente. Primeiro, temos as corridas de exibição que surgem após estabelecermos os pontos de festival. Estas são corridas únicas que servem para ganhar fãs e dar mote a pequenos campeonatos compostos de várias corridas em locais diferentes perto desse festival. Além dessas, temos os mais variados desafios, desde as habituais câmaras de velocidade e zonas de velocidade, como também os bucket lists – que são desafios usando carros específicos e especiais –  e os desafios a rivais (tanto após uma corrida como em plena estrada, podemos desafiar em andamento) sejam dos drivatars de amigos ou não. A adicionar a estes temos algumas novidades como zonas de drifting onde temos de amealhar a melhor pontuação possível e desafios de PR (relações públicas) onde temos saltos ou outro tipo de desafios muito divertidos a superar para ganhar ainda mais fãs. Claro que, tratando-se de um Forza, todas as nossas pontuações são comparáveis às dos nossos amigos e às do mundo inteiro com tabelas classificativas e inclusivamente é possível enviar desafios aos nossos amigos.

Além disto tudo, ganhamos obviamente experiência em tudo o que fazemos, que, ao se subir de nível, nos permite participar num sorteio cujos prémios podem ir desde créditos a um carro novo para o jogo, para além de  pontos de perícia que podem ser utilizados para desbloquear ganhos extra nas nossas ações, melhoramentos para os nossos festivais. O dinheiro, após algum tempo deixa de ser problema na aquisição de carros novos pois acabamos por também ganhar alguns em várias situações, seja quando abrimos novos festivais ou sorteados, ou em outra situação mais específica como os barn finds que implicam irmos para o meio “do nada” em zonas suspeitas procurar por carros abandonados para ficarmos com eles e serem restaurados. Todo o progresso pode ser jogado com até 4 amigos online cooperativamente o que abre ainda mais os horizontes de uma jogabilidade riquíssima em variedade.

Podemos explorar os nossos carros ao detalhe na garagem

Podemos explorar os nossos carros ao detalhe na garagem.

Em termos visuais Forza Horizon 3 está praticamente irrepreensível. Por incrível que pareça conseguiu melhorar mesmo o seu antecessor que por si já era brilhante. Este jogo marca a implementação da conversão visual HDR (possível com a Xbox One S) que melhora bastante as cores no entanto a versão que testei foi na Xbox One original. Atrevo-me também a dizer que na Austrália temos um pouco de mais variedade em termos de cenários com praias extensas, florestas tropicais e desertos cheios de arbustos e areia. Passei grande parte do tempo simplesmente parado à beira de um local com vista para admirar as nuvens quase fotorealistas ou a tentar fazer com que o carro ficasse na melhor posição para poder usar o “photo mode” para tirar fotos fantásticas alterando o zoom, filtro e posição. Estas fotos podem ser partilhadas para todos poderem admirar.

Os carros estão com um dos melhores aspectos de sempre e enquanto que ao serem conduzidos não reparamos, foram desenhados ao mais ínfimo e minucioso detalhe. É possível os explorar por dentro e por fora na nossa garagem com mais calma para nos podermos salivar. Os menus são uma cópia quase a papel químico de Horizon 2 porém incluem as opções extra naturais com tudo o que foi adicionado. O ciclo manhã/meio-dia/tarde/noite ou chuva/nublado/sol está simplesmente delicioso com efeitos de luz de chorar por mais e que transparecem o trabalho de amor dado pela Playground ao jogo. As gotículas de água nos carros, os pequenos pormenores que podemos encontrar em tantos sítios. Ferrugem numa parabólica, um canguru a atravessar uma estrada, a poeira que os carros levantam, os danos nos carros, os raios de sol, fábricas, casas de madeira, bananeiras, flores, tudo. É quase assoberbante apercebermo-nos da quantidade de trabalho atribuído ao jogo. E tudo sem nunca acontecer nenhuma quebra. De facto a única falha que notei foi por vezes em alta velocidade e entre árvores por vezes as sombras destas levam um breve instante a “aparecer” na estrada.

Cenários impressionantes como este não são incomuns durante o jogo

Cenários impressionantes como este não são incomuns durante o jogo.

A condução dos bólides está aperfeiçoada ao máximo mesmo que mantendo aquele toque mais arcade conhecido pela série. Cada um dos mais de 350 carros tem a sua própria forma de conduzir, a sua própria sensação ao conduzir, na qual consegue-se “sentir” o seu peso e mais ou menos leveza na direção. Ao alterar as características como suspensão, por exemplo, nota-se ao levar o carro para a estrada. Os prefecionistas de tuning e mecânica vão agradecer essa opção ainda estar presente no jogo. A de poder “mexer” nas partes mais especializadas como os tempos de mudança ou altura das rodas e por ai adiante. Os menos interessados ou menos conhecedores do assunto podem simplesmente optar por fazer upgrades automáticos  e só escolher a classe do carro. Classes estas que, novamente, vão de “D” crescendo até à “A”, e acima disso os mais “especiais” nas classes S, S1, S2 no topo.

A nível sonoro temos uma vez mais um trabalho de topo com as já habituais estações de rádio a marcarem a sua presença, com DJ’s incluidos. Temos algumas estações novas além de algumas veteranas mas o certo é que toda a banda sonora foi renovada com variadíssimos géneros musicais que com certeza irão fazer a delícia dos jogadores “com ouvido para a música”. Podemos ouvir desde as musicas de Rock ao Hip-Hop, de dança (ou Techno) à musica clássica composta por Beethoven, Mozart ou Tchaikovsky. A Playground assegurou-se, uma vez mais, que haja algo para todos os gostos. No entanto, mesmo assim superou-se a si mesma e adicionou uma novidade que é a de podermos fazer stream das nossas playlists presentes no OneDrive através da aplicação Groove Music. Isto abre ainda mais para parâmetros quase infinitos as possibilidades pois podemos ouvir o que quisermos e bem entendermos. E garanto que o jogo muda de forma substancial ao ouvirmos as nossas músicas escolhidas.

Serviço aos fãs: o Warthog da série Halo está presente para quem comprou Halo 5 ou fez pré-encomenda do jogo

Serviço aos fãs: o Warthog da série Halo está presente para quem comprou Halo 5 ou fez pré-encomenda do jogo.

Que mais mencionar além de tudo o que já foi dito? Que tal passearmos por todo o mapa usando um drone? E que tal a possibilidade de podermos criar as nossas próprias provas através dos Horizon Blueprint? À medida que vamos desbloqueado mais provas e eventos também temos essas esquemáticas ao nosso dispor para alterar entre o tipo de corrida, o tipo de carros participantes que além dos clássicos ás máquinas mais modernas temos sub-géneros de marcas contra marcas ou baseadas em décadas saudosas como carros dos anos 80, clássicos de rally e por ai adiante. Além disso podemos alterar a altura do dia, condições meteorológicas ou até a rádio (ou a música) a tocar durante a prova. Depois de darmos um nome à prova podemos a partilhar e a partir daí participar na mesma ou escolher entre as já partilhadas por outros jogadores. Este nível de interação social é deveras entusiasmante. E por falar em interação, não esqueçamos a possibilidade de criar um clube ou entrar num e ainda todos os dias nos ser dada a informação sobre os ganhos do nosso drivatar e em quantas corridas participou.

Continuando em termos de interação, temos o retorno dos leilões onde podemos ver e comprar desenhos ou mesmo obras de arte criadas por outros jogadores para embelezar os nossos carros. Também temos a opção, tal como em Horizon 2, de (quando compramos um carro) adquirir pinturas sugeridas já criadas por outras pessoas baseadas em popularidade. Podemos consultar e admirar também as fotos tiradas pelos jogadores, escolhidas pelos estúdios, as mais recentes e tudo mais. O jogo online continua fantástico como sempre onde podemos participar em modo de passeio livre ou de provas específicas além do já mencionado modo cooperativo. Qualquer pessoa pode pedir para juntar-se a nós, desde que essa opção esteja ativada.

Desde pequenos

Desde pequenos “ratos de praia” a carros luxuosos. Há de todo o tipo em Forza Horizon 3.

Opinião final:

A série Forza é, neste momento, o pináculo do género de jogos de corridas sem dúvida alguma. Uma série que tem vindo a acimentar a sua superioridade especialmente nestes últimos anos, especialmente porque consegue superar-se a si própria a cada iteração. Sejamos sinceros, a concorrência também não tem apresentado argumentos para tentar contrariar este ascendente. Contudo, não é por haver falta de concorrência que os estúdios responsáveis de Forza Motorsport e Forza Horizon se desleixaram. Antes pelo contrário, a cada entrega nota-se uma paixão pelo mundo motorizado automóvel quase sem igual. E é neste Forza Horizon 3 que, atualmente, se atinge o exponente máximo de como um belo jogo de corridas que transborda qualidade deve ser feito: com serviço aos fãs, com visuais estonteantes, com qualidade sonora irrepreensível, com liberdade de escolha e com uma interação social difícil de superar com a inclusão de todos os aspectos sociais e ainda a possibilidade de corrermos com e contra os nossos amigos que estejam a jogar nos seus computadores. Isto, meus caros, é o que um jogo de corridas com longevidade e qualidade cada vez mais aperfeiçoada deve ser. Isto, é o que um jogo de nova geração deve proporcionar. Isto, é Forza.

Do que gostamos:

  • Dos melhores visuais até agora nesta geração;
  • Impressionante banda sonora com várias rádios e poder ouvir a nossa música;
  • Aspecto social de topo, com inúmeras possibilidades de juntar uma comunidade;
  • Longevidade impressionante com inúmeras provas, desafios, corridas, etc
  • Jogo online irrepreensível com multitude de modos e opções.

Do que não gostamos:

  • Algum atraso nos efeitos de luz notórios entre árvores quando a alta velocidade;
  • Alguma facilidade de obter créditos demasiado rapidamente.

Nota: 9,5/10