Análise – Fragments of Him

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Fragments of Him da produtora Sassybot é uma narrativa passada em várias alturas passadas antes, durante e depois de um evento prifundamente marcante na vida de quatro pessoas. O jogo aborda várias temáticas muito atuais tais como a vida e a morte, a sexualidade, inclusão social, amor e perda, entre outros. Trata-se de um jogo algo diferente, especialmente para uma consola onde normalmente donos de hardware deste género estão mais habituados a experiências mais imediatas. Será que consegue captar o suficiente para garantir alguma atenção?

Como já havia dito, em Fragments of Him passamos, na maior parte do parte do tempo por uma retrospectiva sobre uma personagem central. Basicamente passamos pela narrativa de quatro pessoas focando-se todas elas numa só. Começámos justamente com o personagem foco da história e, após alguns acontecimentos fulcrais na sua vida passamos o resto do jogo nas narrativas das três pessoas mais importantes da sua vida. Cada um conta a sua história em comum com Will. Cada um à sua maneira e as suas convivências mais íntimas e memórias saudosas.

As vezes parece que estamos a olhar para uma foto com efeitos

O jogo trata-se afinal de uma história interactiva onde nós temos de interagir com certos objetos presentes no cenário para dar continuidade à narrativa. Inicialmente isso não é tão aparente mas rapidamente percebe-se que realmente não temos quase qualquer controlo sobre o seguimento lógico e prefixo da narrativa. Apenas temos de escolher objetos ou as pessoas apontando para os mesmos e os selecionar para dar seguimento aos eventos seguintes. Além disso muitíssimo pouco a nível de jogabilidade muda ao longo do jogo. Daí mais depressa podemos denominar-lhe de “narrativa interactiva” do que propriamente um jogo.

E é ai que o “jogo” mais se destaca. Temos uma narrativa bem realista com personagens credíveis e reais, com os seus próprios problemas e crenças e personalidades vincadas. Apesar de apenas quatro personagens temos uma boa variedade de personalidades porém com algo em comum nas suas vidas. O trabalho de voz de todos os atores está bem conseguido contribuindo assim para a melhoria de qualidade na narrativa. Com esse excelente trabalho notam-se as emoções e opiniões de cada um deles muito bem e o que exatamente estão a sentir naquele momento.

São destes pequenos momentos emotivos que se fazem a história

Visualmente temos um estilo minimalista com cenários simplificados tanto em conteúdo com o na cor adicionando ainda mais um toque de história. Inclusivamente os personagens aparecem sem cara no entanto bem reconhecíveis após os conhecermos. Mais um ponto a adicionar ao trabalho de voz pois sem face não se deteta muita emoção ou estado de espírito. Os obejatos a selecionar são fáceis de reconhecer com um delinear vermelho, azul ou amarelo. De resto compreende-se que também não seja o visual mais atrativo a todos mesmo que considera-se que ajuda no envolvimento do jogador com a narrativa. mesmo assim até tem momentos bem conseguidos nos quais, devido à utilização monocromática, quase podemos levar a crer que estamos a olhar para uma foto trabalhada com esse género de cor.

O que acaba por desiludir bastante é justamente acabar por não ser um jogo em si. Apesar de parecer que não a narrativa obriga o jogador a ter de seguir um caminho pré-determinado retirando muito qualquer liberdade de escolha. Estamos num certo sítio e muita pouca exploração nos é dada. Após um ou dois capítulos torna-se infelizmente bastante aparente que estamos a “ler um livro” interativo e que quando acabar não há motivos para voltar. O jogo faz um bom trabalho a envolver o jogador com a sua narrativa no entanto, em certos pontos, chega a arrastar-se um pouco sobre um assunto e torna-se cansativo.

Um dos momentos chave da narrativa.

Esta limitação de simplesmente termos de clicar onde o jogo quer que seja escolhido acaba por deitar por terra a noção de interatividade aparente no início. Acaba então por remeter ao jogador num “aponta e clica” constante e aborrecido até ao final algo emocionante da história. E nunca mais voltar. É uma pena não termos opção de escolha e termos de seguir em frente tal como a história tem de ser feita ou contada. Compreende-se o estilo porém sinceramente além de haver alturas em que sinceramente estava mesmo a ficar muito aborrecido apesar de querer saber o que iria passar-se a seguir.

Opinião final:

Apesar da narrativa extremamente interessante, atual e que nos prende a nível emocional estamos perante um filme interativo de cerca de 2 horas. Nada que nos faça voltar de certeza e uma história que, com a sua atualidade e realismo pode até afastar uma grande parte de jogadores. É uma pena pois aqui havia a possibilidade de acrescentar muito mais do que simplesmente a narrativa específica à qual temos de seguir. Interagir com, por exemplo, mais objetos, poderia levar a mais algumas pequenas histórias secundárias que com certeza enriqueceriam o produto final mas não foi assim. Como história interativa estamos perante algo que envolve o “jogador” e o faz ficar preso até ao final. Como jogo… bem, não é um jogo.

O que gostamos:

  • Narrativa muito boa a atual;
  • Trabalho de voz excelente;
  • Estilo visual minimalista mas bem conseguido;
  • História realista contada por quatro diferentes intervenientes que aborda vários temas.

O que não gostamos:

  • Não é um jogo é uma história interativa;
  • Mesmo assim com pouca interatividade;
  • Bastante curto;
  • Nenhuma liberdade de escolha.

Nota: 5/10