Análise – Halo: The Master Chief Collection

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Não são muitas as séries de videojogos que possuem a capacidade de mover comunidades inteiras. E as que o são podemos quase contar pelos dedos. Muito menos são as que conseguem amealhar cada vez mais fãs raramente desiludindo com cada jogo que sai. Halo é uma dessas séries. Desde o seu primeiro jogo saído na já velhinha Xbox original, Halo: Combat Evolved, que se tornou um marco para a história deste vasto mundo dos videojogos. É, sem dúvida alguma, o ex-libris da marca Xbox sendo ainda considerado por muitos uma marca ainda mais importante para a mesma do que o próprio Sonic o era para a SEGA nas suas alturas de gigante de hardware. Qualquer notícia, qualquer novidade, qualquer novo jogo faz esfervescer o sangue dos seus fervorosos fãs e é um sério caso de “vendedor de consolas”. Quase exagerando podemos dizer que Halo foi o salvador da Xbox. Pelo menos o foi em várias alturas da “curta vida” da marca.

O seu icónico e misterioso protagonista, Master Chief, é adorado e venerado por milhões. Curiosamente nunca vimos a cara deste Spartan 117 e talvez esse seja, também, um dos motivos para ser tão idolatrado. É, então, na história sobre a demanda épica deste homem que se centra esta fabulosa coletânea provida dos quatro Halo onde é a personagem principal. Nesta coleção, falando em termos simples, são incluídos a versão Anniversary de Halo: Combat Evolved – o jogo que começou tudo a 15 de novembro de 2001 e o “killer app” da Xbox original, Halo 2: Anniversary – versão também remasterizada (e provavelmente a que teve mais atenção nesta coleção) do jogo considerado por muitos o melhor multijogador na Xbox original e um dos melhores de sempre em geral tendo mantido durante 2 anos a coroa de jogo mais jogado online no Xbox Live apenas sendo superado 2 anos depois por Gears of War, este já da Xbox 360. Como já havia dito, Halo 2: Anniversary é provavelmente o jogo que teve mais direito a atenção pois está justamente a fazer 10 anos este mês de novembro e foi alvo de uma “lavagem completa” dos pés à cabeça incluíndo nos principais mapas multijogador online. O jogo pretende honrar tão fielmente o original que até os glitches e explorações mantiveram-se intactas.

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Os menus são muito intuitivos e fáceis de navegar.

Incluídos também na coleção e com direito a um melhoramento significativo estão Halo 3 com números “singelos” tais como uma campanha de publicidade de 40 milhões e mais de 1 milhão de jogadores online nas primeiras 20 horas depois do seu lançamento. Em termos de vendas terá ficado perto das 15 milhões de unidades o que o tornou o segundo melhor Halo da série e o quinto melhor jogo na Xbox 360 em termos de vendas. Halo 4, o último jogo incluído (e único desta coleção não feito pela Bungie), bateu também recordes de vendas na sua primeira semana e em número de jogadores online. Halo 3 e Halo 4 tiveram direito a tratamento de “cosmética” sendo a resolução original de cada jogo aumentada para 1080p e também os frames por segundo para 60fps.

Como já deu para ver Halo move multidões e a sua história é rica em qualidade e números tanto em recordes de jogadores como de vendas. No seu total esta coleção dedicada a Master Chief compõe de 45 missões através de todos os jogos, mais de 100 mapas multijogador online (incluíndo alguns reimaginados), o modo de Forge onde podemos reorganizar os mapas e editar à nossa maneira, o modo theatre, edição completa e dedicada a cada jogo dos nossos personagens, todo o conteúdo extra alguma vez saido nos jogos, modo cooperativo onde já o havia, menus completamente dedicados a cada jogo e ás suas nuances permitindo até ativar as skulls como queremos, listas de jogo dedicadas a missões com temas específicos (podemos até jogar missões misturadas dos 4 jogos), e finalmente acesso ao Halo Channel onde poderemos ver os episódios de Halo: Nightfall entre outros vídeos e um espaço dedicado ao beta test de Halo 5: Guardians prevista para finais de dezembro deste ano. Ah! Estão incluídas também algumas surpresas ali pelo meio mas isso cabe-vos a vós descobrir.

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Os gráficos de Halo resmasterizados bonitos de se olhar.

Portanto podemos sumarizar que esta coleção é um enorme serviço aos fãs e também a quem apenas gosta de videojogos e nunca teve a oportunidade de realmente inteirar-se por completo deste universo de ficção científica. A quantidade de informação, opções, possibilidades diferentes de jogar (podemos começar até no último nível de Halo 4 logo que iniciamos o jogo se assim o entendermos) e toda a liberdade de escolha atribuem a esta coleção o título instantâneo de obrigatória. Mesmo que já tenhamos jogado todos os jogos. É provavelmente uma das coleções mais extensivamente tratadas e dedicadas e isso nota-se logo desde os menus iniciais de muito fácil navegação e bem explícitos sobre o que estamos a selecionar.

Falarei agora um pouco sobre a jogabilidade dos jogos em si e sobre a diferença entre eles. Claro que é de esperar que jogos com 2, 7, 10 e 14 anos sejam jogados e tenham estruturam diferentes entre eles. No entanto é de louvar que a base da jogabilidade da série Halo sempre foi praticamente a mesma. As armas são semelhantes entre os jogos e manuseiam-se com muita similaridade. Nos saltos, nos movimentos e em toda a sua jogabilidade notamos aquele padrão e, claro, nota-se também a evolução especialmente a partir do 3º jogo e ainda mais no 4º. A diferença poderá sentir-se mais abruptamente em uníssono com uma mudança de jogo mais drástica e alguns jogadores mais novos poderão estranhar a jogabilidade algo “básica” de Halo 1 e 2. Sejamos sinceros, alguma da navegação entre os níveis por vezes é complicada sem um sistema de “ajuda” a apontar para o nosso objetivo e isso é ainda mais notório nos primeiros 2 jogos o que poderá frustrar um pouco. Quem não se lembra do labiríntico nível 343 Guilty Spark por exemplo?

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As diferenças de Halo 2: Anniversary para o original são abismais.

A sua banda sonora composta famosamente por Martin O’Donell complementam na perfeição um pacote, já em si, perfeito. A música principal e a primeira a ser ouvida ao entrarmos tem o mesmo nome do jogo e é umas das mais reconhecíveis de sempre na indústria. A restante banda sonora é das melhores que podem gracejar os nossos ouvidos mas a 343 não se deixou ficar por aqui. Uma vez mais em Halo 2: Anniversary tudo foi remasterizado, incluindo os efeitos sonoros, algo que se pode também comprovar ao carregar no botão para alternar entre o motor de jogo antigo e o novo. Pouco mais se poderá também dizer sobre o trabalho vocal que sempre primou pela qualidade nos atores.

Jogar Halo, seja pela primeira vez ou uma vez mais, dá-nos uma sensação especial. Fazemos parte de um universo, somos os salvadores da Terra e do universo, somos poderosos porém frágeis ao mesmo tempo. Os jogos, apesar de alguma simplicidade nos primeiros dois, conseguiram resistir ao tempo e aguentam-se ainda muito bem comparados aos padrões de hoje em dia. Em Halo e Halo 2 podemos a qualquer momento carregar num botão para ver como eram os jogos originais podendo assim apreciar ainda mais o excelente trabalho feito pela 343. Ainda mais, Halo 2 inclui cenas de CG totalmente refeitas e têm um aspeto de cortar a respiração de tão fenomenais que estão.

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Halo 3 a 1080p/60fps.

Esta trata-se de uma análise apenas na vertente da apresentação em geral do jogo e a componente de só um jogador pois infelizmente devido a um contratempo não me foi possível testar a vertente multijogador. Fica a promessa da adição (ou redução) da nota juntamente com uma anotação sobre o modo multijogador. Contudo, como podem ver na nota atribuida abaixo, não haverá muito com que se preocupar em termos de alteração a nível geral.

Halo: The Master Chief Collection trata-se de provavelmente uma das melhores coleções jamais feitas e sem dúvida alguma um dos maiores e mais fortes argumentos para justificar a compra de uma Xbox One. É uma das maiores sagas de videojogos de sempre e uma que é renovada de forma meticulosa e refrescante. É um serviço aos fãs e uma forma de agradar a quem nunca jogou Halo. É um fantástico incentivo para recapitular (ou viver pela primeira vez) uma estória fantástica e de proporções épicas na qual “nós” somos o protagonista e o herói da mesma, em que somos Master Chief e que passamos em sua pele tudo até ao culminar de Halo 4 preparando-nos para Halo 5. Isto tudo no meu ver torna Halo: The Master Chief Collection um dos melhores lançamentos este ano em qualquer plataforma. A Microsoft disse-nos que iríamos começar a nossa viagem por Halo em 2014 e tinha razão. Esta jornada envolvia revivermos as aventuras deste Spartan solitário desde o seu início na nave Pillar of Autumn. E é uma jornada pela qual veteranos e novatos com certeza não se importarão de tomar.

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Halo 4 quase consegue passar por um jogo feito para a Xbox One de origem.

 

Opinião final:

Narrativa muito creativa, momentos estarrecedores, memórias inesquecíveis, banda sonora dinâmica e todo o restante. A quem já passou por tudo isto antes saberá do que estou a falar. Confesso nunca ter sido muito fã da série mas esta coleção converteu-me. Esta é a entrega com que todos os fãs sonhavam. O jogo é real. O hype é perfeitamente justificado e reviver todas as experiências de Halo, Halo 2 e Halo 3 e passar pela primeira vez Halo 4 foi das melhores experiências que tenho tido nestes últimos anos de gamer. Este é um pacote perfeito, um sonho tornado realidade, dos melhores valores para o nosso dinheiro que existem com 4 fantásticos jogos e TODO o conteúdo que fez cada um deles marcos na história dos videojogos. Esta, é uma obra-prima que merece ser jogada por todos, fãs ou não, durante vários anos. Isto é Halo. Perfeito.

O que gostamos:

  • Tudo;
  • 4 jogos em 1;
  • História fantástica e apelativa.
  • Grande serviço aos fãs

O que não gostamos:

  • Nada a apontar.

Nota: 10/10