Análise – Heavy Rain (PS4)

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Depois da consola Playstation 3 receber o clássico Heavy Rain, de David Cage, no ano de 2010, e com o inesperado sucesso que este recebeu, era apenas normal que a versão remasterizada deste peso pesado do mundo dos videojogos se tornasse uma realidade, passados seis anos, para a nova geração de consolas.

Heavy Rain é um jogo que foca na história e na sua imersão, mostrando-nos o quanto apelativo pode ser um jogo tão básico em termos de controlos (apenas com QTEQuick Time Events) e que nos pode trazer diversos sentimentos tais como diversão, suspense, horror, tristeza, felicidade, pânico, na sua constante mudança de ambiente e personagens.

Começamos o jogo na pele de Ethan Mars, o protagonista principal do jogo. Ethan Mars é um arquiteto casado e pai de 2 filhos (Jason Mars e Shaun Mars), onde nos mostram a felicidade que ele vive com a sua família, até ao momento trágico que um dos filhos morre em um acidente de carro, e que muda completamente Ethan Mars, tanto em família (divorcia-se e tem um relacionamento instável com o filho Shaun), tanto psicologicamente, este último sendo um dos factores principais do personagem, pois ficou com um trauma desde o acidente do filho Jason, tendo algumas brancas e quebras de tensão em momentos delicados.

Ethan Mars irá tentar resgatar o filho Shaun, que foi raptado pelo assassino do Origami, nesta belíssima história de suspense e mistério.

Ethan Mars e o filho Shaun Mars

Ethan Mars e o filho Shaun Mars.

Passado algumas situações, iremos encarnar o segundo protagonista, Scott ShelbyScott Shelby é um detetive privado, que está a averiguar o caso do assassino do Origami e a recolher provas e pistas do mesmo. É um homem de meia idade com um passado deprimente e misterioso, que o prende ao álcool e o afasta da sua carreira de polícia.

Será com este detetive que iremos averiguar as vítimas anteriores a Ethan e Shaun Mars, e descobrir vários pontos importantes de forma a desvendar este mistério horripilante.

Scott Shelby

Scott Shelby.

Na sequência a seguir, somos levados ao mais recente local de crime do “assassino do Origami”, onde se encontra o cadáver da 8ª vítima do serial killer, Jeremy Bowles. Encarando agora o 3º protagonista do jogo, o agente do FBI Norman Jayden.

Norman Jayden é um detetive moderno do FBI, que tem sempre consigo os óculos ARI (Added Reality Interface), que é um protótipo experimental de um sistema para detetar e analisar provas e pistas dos crimes mais complexos, no entanto, tal como todas as coisas, este sistema tem alguns defeitos que irão ser explorados pelo Norman Jayden, à medida que o utiliza, e que o obriga a utilizar uma droga fictícia declarada como “triptocaine“.

Este detetive tem 34 anos de idade, sendo um detetive do FBI que foi transferido para a força policial local que está no caso do assassino do Origami, para reforçar o tenente Blake, este último com um temperamento muito mau e que não aceita a ajuda de Jayden, que apenas pretende trazer à justiça o serial killer, e salvar a criança raptada. Norman Jayden pode ser considerado o polícia bom desta história de mistério.

Norman Jayden a investigar um local com o sistema ARI

Norman Jayden a investigar um local com o sistema ARI.

Por último mas não menos importante, temos Madison Paige, a última protagonista do jogo, sendo uma jovem jornalista de 27 anos que sofre de insónias, devido a pesadelos onde é assaltada e ultimamente assassinada.

Madison Paige tem o objectivo de conseguir um “hit” de sucesso com o caso do assassino do Origami, e fará de tudo para conseguir com sucesso este hit.

É uma rapariga determinada, muito apelativa e esperta, tem os seus próprios contactos e meios de conseguir informações e irá desenvolver uma relação muito especial com um dos personagens do jogo.

Esperem grandes revelações e grandes momentos de ação desta personagem, pois é das personagens mais diversificadas no que toca a conteúdo, e no que toca às animações e QTE (Quick Time Events).

Madison Paige

Madison Paige.

Heavy Rain é um jogo extraordinário, mesmo para o seu género, pois todas as ações que tomamos, todas as escolhas que fazemos com as personagens contam até ao mais ínfimo pormenor, coisas comuns como uma flor, um relógio são pormenores que não podem escapar neste género de jogo.

Heavy Rain possibilita-nos um total de sete finais diferentes (Felizes e Deprimentes) com Ethan Mars, três finais com a Madison Paige, quatro finais com o Norman Jayden e três com Scott Shelby. Existe uma infinidade de possibilidades para cada final, pois todas as personagens tem de ter pelo menos 1, possibilitando vários caminhos diferentes para o rumo final da história, deixando a escolha por parte do jogador (se o jogador falhar em alguns capítulos especiais, as personagens podem morrer, por exemplo).

Madison Paige com 4 opções para escolher

Madison Paige com 4 opções para escolher.

A banda sonora do jogo está fenomenal, permitindo ao jogador mergulhar no ambiente, pois está adequada ao momento, à situação e ao personagem, dando até dicas de quem possa ser o assassino do Origami (o grande mistério do jogo).

Em termos gráficos, o jogo não mudou muito em relação ao seu antecessor da Playstation 3, embora tenha alguns retoques nas expressões faciais, e em alguns efeitos especiais como na chuva, no blur de alguns momentos e no sistema ARI do detetive, fica muito aquém do que se era de se esperar em uma consola com a potência tão grande como a Playstation 4, e desilude porque é um jogo que ficaria muito melhor, com um pouco de esforço a melhorar os gráficos.

O jogo ocupa umas boas 12 horas se explorarmos tudo, e tem muito valor de repetição, devido à sua infinidade de possibilidades e finais, e a coisas ocultas/bónus/troféus. Oferece ainda alguns vídeos Make-off que mostra a Quantic Dreams a produzir o jogo e algumas opiniões do mesmo.

Quanto à jogabilidade, deixa a desejar em relação ao seu antecessor, pois desaponta as personagens ainda se moverem de forma bastante robótica, precisando de carregar no R2 constantemente e mover o analógico para andar. Este sistema no início da Playstation 3, em que ainda se estava a começar este género de jogos, era admissível, mas agora que já temos vários exemplos de melhores mecânicas, até mesmo destes produtores (Beyond Two Souls), deixa a desejar ainda ter este sistema na Playstation 4.

Algumas funcionalidades do gameplay, tal como rodar o analógico para fazer uma curva no carro, ou forçar o analógico para baixo para fechar um ficheiro do sistema ARI do detetive foi muito bem implementado, aproveitando muito bem a tecnologia do comando, além disto as QTE (Quick Time Event), estão muito pormenorizadas para cada situação, ao mais ínfimo detalhe e isso é uma sensação muito boa que o jogo fornece ao jogador, pois dá um realismo extraordinário, como forçar a fechadura, ter de fazer as coisas com cuidado para não partir o arame, foi um pormenor delicioso no meu caso.

Não deixa de ser desapontante também, já que é uma remasterização da versão original da Playstation 3, existir alguns bugs e glitches, como foi o que me sucedeu, ao entrar numa porta estreita com a Madison Paige, ficou tudo a vibrar e tive de reiniciar o jogo. Glitches como estes são inadmissíveis em um jogo.

Opinião final:

Em resumo, o jogo está perfeito, tem uma grande banda sonora e uma boa história, que nos faz sentir na flor da pele os momentos de cada jogador, as tristezas e as emoções fortes que sentem, devido às QTE (Quick Time Event) bastante pormenorizadas, e com muito detalhe nos movimentos das mesmas, podendo ser quase instantâneos ou demoradas ao ponto de termos de movimentar o analógico bastante devagar, para não falhar. No entanto, tratando-se de um remaster para a Playstation 4 é um absurdo não terem melhorado com mais pormenor os gráficos, pois algumas partes são quase idênticas, e sem ser as expressões dos personagens diria que não modificaram quase nada do jogo.
A infinidade de possibilidades, finais e a história mistério em si são os pontos fortes do jogo, pois quando se começa ficamos com uma sede de saber mais, de saber quem é o assassino do Origami e o porquê de tais actos.
Recomendo vivamente a experimentarem este jogo se ainda não o jogaram na versão Playstation 3, temos aqui um clássico dos videojogos neste género, senão o melhor.

O que gostamos:

  • História fantástica com uma infinidade de opções e possibilidades;
  • Personagens carismáticas com expressões muito reais;
  • Banda sonora varia com o estado do personagem e com o momento, muito bem conseguida;
  • QTE (Quick Time Events) muito pormenorizadas, fazendo-nos sentir como se fôssemos os autores das acções que o personagem realiza.

O que não gostamos:

  • Gráficos fracos em comparação com a versão Playstation 3, quase iguais;
  • Alguns bugs e glitches estragam o momento, obrigando a reiniciar o jogo;
  • Mecânicas de movimento do personagem antiquadas e fracas para um jogo deste calibre nesta geração de consolas.

Nota: 9/10