Resultado de uma colaboração entre a Nintendo e a Tecmo Koei chega-nos Hyrule Warriors, um projeto ambicioso que juntas duas das mais conhecidas séries de ambas as companhias: Dynasty Warriors e The Legend of Zelda.
Neste jogo desloca-mo-nos até ao reino de Hyrule, onde podemos explorar diversos cenários baseados em vários títulos The Legend of Zelda, com especial foco em Twilight Princess, Skyward Sword e Ocarina of Time, transformados agora em campos de batalha onde dois ou mais exércitos combatem em batalhas massivas bem ao estilo da série Warriors. Os cenários que podemos explorar não se limitam no entanto apenas a alusões a passados jogos da série já que Hyrule Warriors contém também visões originais de Hyrule como por exemplo Hyrule Field e o Sacred Temple onde está escondida a Master Sword que agora se apresentam totalmente renovados.
Skyloft agora transformada num campo de batalha.
A adaptação dos vários pontos de Hyrule para este estilo foi bem executada sendo que os cenários após sofrerem esta transformação não se tornaram em algo forçado e o sistema de fortes e bases parece adequado ao universo Zelda já que o reino de Hyrule sempre foi um reino guerreiro pelo que a presença de grandes batalhas entre exércitos enormes acaba por dar uma sensação natural.
Tal como acontece na série Warriors, controlamos uma personagem mais poderoso que os comuns soldados e que consegue destruir múltiplos inimigos simultaneamente, utilizando os seus diversos combos e ataques especiais. O exército inimigo, tal como o nosso, também apresenta diversos capitães de poder mais elevado, bem como várias outras artimanhas que serão utilizadas de várias maneiras para nos colocar em maus lençóis.
Para concluirmos as várias missões não temos de apenas destruir o exército inimigo ou conquistar os seus fortes mas sim completar vários objetivos que nos vão sendo dados ao longo da batalha e que vão variando dependendo da estratégia utilizada pelos nossos inimigos e dos seus recursos, tendo sempre a história em mente. Estes objetivos são então dependentes do que é narrado durante o intervalo entre as missões ou até mesmo durante os momentos de maior ação já que a história é muitas vezes contada também quando estamos no campo de batalha e derrotamos os nossos inimigos.
Volga, mais um inimigo pronto para nos dificultar a vida.
Estas tarefas podem ter de ser interrompidas caso algum dos vossos aliados se encontre em posição desfavorável e a necessitar auxílio, ou caso o inimigo consiga compreender a vossa estratégia, ataque a vossa base, entre outros acontecimentos inesperados que trazem uma grande variedade de situações para o campo de batalha, a que temos de responder rapidamente mantendo um nível de ação elevado desde o início até ao fim da missão principal.
A história, como referido anteriormente pode ser contada durante as missões, no entanto os momentos fulcrais do enredo são contados entre as missões em que nos são apresentados cinemáticos de um nível de detalhe impressionante e em que temos uma visão realística de Hyrule sem par até ao momento na série The Legend of Zelda.
Os visuais não impressionam apenas durante os cinemáticos apresentados, mas também durante as grandes batalhas, em que podemos observar detalhadamente os movimentos de todos os inimigos e aliados, por mais insignificantes que sejam. Juntamente com os detalhes dos aliados e oponentes e dos cenários, Hyrule Warriors apresenta ainda gráficos deslumbrantes durante as animações dos nossos ataques, mais notáveis quando realizamos um ataque especial ou efectuamos as várias combinações que embora tenham o mesmo esquema para todas as personagens jogáveis, o alcance, efeitos, velocidade e potência destes ataques variam dependendo do personagem e da arma que escolherem, criando uma grande variedade de animações que embelezam o jogo com os seus detalhes.
A vilã principal de Hyrule Warriors, Cia, retratada num dos cinemáticos.
Para além dos ataques especiais e dos vários combos que podemos realizar com os vários personagens temos ainda vários itens que vamos ganhando ao longo do jogo, bem como o Focus Spirit.
Estes itens estão já presentes na série The Legend of Zelda, como o Boomerang ou o arco que mais uma vez serão necessários para passar certos obstáculos durante as várias missões, bem como derrotar bosses que aparecerão no nosso caminho.
Os bosses são então o ponto do jogo mais idêntico à série da Nintendo em termos de jogabilidade já que estes fazem parte de jogos da série, para além de que para os derrotarmos temos de, como em The Legend of Zelda, observar com atenção os seus movimentos com vista a descobrir quando estes revelam os seus pontos fracos e que item devemos utilizar para os enfraquecer.
O Focus Spirit funciona aqui como a típica barra de magia da série, que, mais uma vez se vai enchendo sempre que apanhamos uma poção. Este elemento no entanto não atribui poderes mágicos ao nosso personagem como habitual, mas torna-nos temporariamente mais fortes e com um novo ataque especial que causa ainda mais danos do que o habitual.
Os vários combos e habilidades, tal como os itens, não estão disponíveis desde o início do jogo, sendo que vamo-los desbloqueando ao longo da nossa aventura, assim que os inimigos ficam também mais fortes e resistentes.
Focus Spirit provoca grandes alterações nos personagens.
Para desbloquear estes combos e melhorias temos então o Bazaar, que entre outras funções nos permite criar badges que estão divididas em três grandes grupos: Defesa, Ataque e Suporte.
Ao criarmos badges em cada uma destas categorias, também os nossos atributos em cada uma destas áreas aumentam significativamente e que farão toda a diferença entre o sucesso ou derrota. Entre outras funções as badges servem para aumentar a nossa vida, aumentar a variedade de combos disponíveis e aumentar o número de ataques especiais sucessivos que podemos executar.
Para criar uma badge, seja ela de Defesa, Ataque ou Suporte é necessário um ou mais materiais, materiais esses que obtemos após completar as várias missões dependendo do tipo de inimigos que matamos. Devido à raridade de alguns materiais caso queiram criar badges iguais para vários personagens e tirar o máximo partido de cada um terão de repetir missões já que cada material é recolhido de um inimigo específico que pode aparecer raramente.
Nestas missões não recebemos apenas materiais para fazer badges mas também armas que podem pertencer aos vários personagens, mesmo que ainda não os tenhamos desbloqueado, bem como rupees.
As armas que ganhamos nas diversas missões do jogo podem trazer consigo vários bónus diferentes e podem ter mais ou menos poder de ataque do que as que já possuímos. Estas armas podem, no Bazaar, ser fundidas adicionando os vários bónus de maneira a conseguirmos uma arma ainda mais poderosa.
Criação de badges, uma das funcionalidades mais úteis do Bazaar.
Para além das armas e das badges os próprios personagens também vão ficando mais fortes à medida que vamos avançando no jogo e estes sobem de nível, o que lhes dá mais vida, resistência, força entre outros atributos, e que acabam por se notar ao longo das batalhas. É precisamente nos níveis que os rupees desempenham um papel crucial e que poderá dar imenso jeito ao longo da aventura. Quando completamos uma missão seja de que modo for, apenas o personagem que estamos a controlar ganha experiência e sobe de nível sendo que os outros continuam exatamente como antes. Para evitar o desnivelamento a que as missões podem levar, podemos usar os rupees acumulados para evoluir os restantes personagens. Quanto maior o nível do personagem, mais rupees terão de pagar e nunca poderão evoluir um personagem para um nível maior do que o do mais evoluído evitando assim a que tenhamos personagens demasiado fortes para a parte do jogo em que vamos.
Este sistema juntamente com a criação de badges e a possibilidade de unir várias armas leva a que os jogadores tenham uma grande variedade de opções na maneira como querem progredir no jogo, sendo que as diferentes escolhas irão influenciar bastante as dificuldades que passamos para derrotar os nossos oponentes.
Embora Hyrule Warriors se foque bastante no Legend Mode, o jogo oferece ainda alternativas a este modo que representa o modo história, Adventure Mode e Challenge Mode.
Hyrule Warriors trás de volta o mundo do primeiro Zelda.
No modo Adventure Mode somos levados para o mundo do primeiro The Legend of Zelda, dividido em várias áreas em que em cada uma temos uma missão por concluir e onde recebemos diferentes prémios pela sua conclusão. Nestas áreas por vezes há segredos bem escondidos que teremos de desvendar utilizando itens que ganhamos ao concluir outras missões dentro deste mundo.
No Challenge Mode, como o nome indica, temos vários desafios para concluir, como derrotar um dado número de inimigos num dado intervalo de tempo ou proteger um forte. Estes desafios são bastante desafiantes por isso poderão ter que repetir algumas vezes estes mesmos desafios até os conseguirem concluir, alargando a nossa experiência de jogo.
Em todos os modos de jogo a jogabilidade é então sempre a mesma, e devido aos combos serem idênticos para todos os personagens o jogo acaba por, embora ter muita coisa por explorar e que vicie, ser um pouco repetitivo chegando a cansar em sessões longas de jogo.
Para além de todas as opções referidas em cima, o jogo oferece ainda suporte para 2 jogadores em simultâneo, em modo cooperativo. Esta funcionalidade não se encontra confinada a apenas um modo de jogo mas sim a todos os modos pelo que a qualquer altura poderão jogar com mais uma pessoa localmente em qualquer modo de jogo, inclusive o modo história.
Modo Co-op é agradável no entanto bastante limitado.
Infelizmente o modo multijogador apenas funciona para até 2 jogadores, localmente e em modo cooperativo pelo que não existe nenhum modo de jogo competitivo nem possibilidade de jogar com outros jogadores na rede. Caso queiram jogar em modo cooperativo é aconselhável que utilizem um Wii U Pro Controller de maneira a obterem uma experiência parecida à que se consegue ao utilizar o Wii U GamePad. Caso contrário terão de utilizar o Wii Controller com o Nunchuck que oferece uma experiência bastante diferente da tradicional, e desconfortável, especialmente quando é necessário realizarmos combos.
A acompanhar Hyrule Warriors temos uma banda sonora composta por várias músicas da série The Legend of Zelda, agora com um toque original mais mexido, ao estilo rock, bem como músicas completamente novas no jogo e que agradam bastante.
Opinião final:
Hyrule Warriors é uma aposta bem-sucedida por parte da Nintendo e da Tecmo Koei e que acaba por conseguir juntar de forma harmoniosa duas grandes série: The Legend of Zelda e Dynasty Warriors. Tirando o cansaço que se faz sentir após longas sessões de jogo e o modo cooperativo ser um pouco limitado, Hyrule Warriors apresenta-se como uma experiência divertidíssima, viciante e complexa sendo uma das melhores propostas até ao momento na Wii U em termos de jogos de ação.
O elenco de Hyrule Warriors. Uma grande variedade de personagens com habilidades únicas.
O que gostamos:
- Boa adaptação de Hyrule para campos de batalha;
- Cinemáticos e animações bem trabalhados;
- Vários modos de jogo;
- Sistema de progressão das personagens.
O que não gostamos:
- Modo cooperativo limitado;
- Repetitivo após algumas horas de jogo.
Nota: 8/10