Há maus ports e bons ports e depois existe aqueles que ficam ali bem no meio, na dúvida se deviam existir ou porquê. Hyrule Warriors Legends é um bom exemplo disso, melhorando a versão original mas também cometendo alguns pecados imperdoáveis.
Hyrule Warriors era um mimo na Wii U mas o caso muda de figura nas consolas portáteis da Nintendo. O desempenho de Legends na 3DS original, é muito fraco com constantes quebras de framerate, “soluços” e por vezes chega a encravar. Para um jogo que requer muitos inimigos no ecrã e onde a confusão é o elemento principal, ter este tipo de problemas é como termos um carro sem rodas – não pode acontecer. Claro que temos de ter em conta que as consolas portáteis são tecnicamente inferiores às caseiras e, com menos poder, logo o jogo nunca poderia correr como esperávamos. Com isso em mente, acabamos por eventualmente fechar os olhos a algumas coisas: em vez de termos cem inimigos no ecrã, temos dez ou vinte. Sem problema. Ainda assim, se cortamos aqui e ali e se ignorarmos algumas das falhas mais gritantes, ganhamos uma alternativa portátil, se bem que inferior, a um dos melhores jogos da Wii U. No entanto, podem ficar um pouco descansados. Como referi acima, alguns destes problemas de performance são muito mais gritantes no modelo original da 3DS. O desempenho é sem dúvida muito mais fluído na New 3DS.
Linkle é uma das novas personagens e é uma adição muito bem vinda (De de de de!!!)
Os gráficos deste Legends são no mínimo confusos, roçando o aceitável e o vergonhoso. Alguns dos vídeos têm uma aparência algo pixelizada, mas são percetíveis. Este detalhe parece não ser frequente, pois com o avançar do jogo, alguns já tinham uma aparência mais aceitável com uma qualidade digna de um jogo desta geração. O pior são mesmo as imagens estáticas que vão surgindo em guias ou com dicas durante o jogo. A qualidade de muitas imagens está ali no nível de maus jpeg dos inícios da Internet e não faço ideia de como deixaram aquilo passar, parecendo que o departamento de qualidade deste jogo estava demasiado entretido a jogar do que a reparar nesses detalhes. Desde texturas ranhosas a inimigos que aparecem e desaparecem do nada, é impossível não ficar de boca aberta. Isto é tudo ainda mais gritante na 3DS original, onde parece que o mundo está constantemente afetado por motion blur, quase como que para esconder os gráficos decididamente fracos. Os modelos das personagens ainda escapam mas todos estes detalhes vão ainda saltar mais à vista para quem já jogou na Wii U.
Já que em termos visuais Hyrule Warriors Legend está aquém do esperado, a jogabilidade consegue estar além e é aqui onde o jogo brilha, atrevendo-me a dizer que consegue ser melhor do que a versão da Wii U. O forte dos jogos Warriors é o combate frenético, a adrenalina em devastar ondas e ondas de inimigos indiscriminadamente, bosses épicos e percorrer mapas familiares, mas vistos por outra perspetiva. A saga permite-nos explorar outras personagens da série que sempre quisemos controlar, mas só agora temos essa oportunidade. Jogar com a Impa? Zelda? Skull Kid? Ganondorf? O céu é o limite. Amigos ou vilões, cada um bastante individual e é só escolherem a vossa personagem preferida, tendo para isso de a desbloquear no modo de história Legend. Depois podem usá-la no modo Free, onde poderão jogar qualquer cenário com a personagem escolhida. Há ainda o modo Adventure com várias missões, cumprindo-as desbloqueia mais missões e mais bónus.
Conheçam novas personagens e reencontrem algumas já bem conhecidas.
O enredo é simples e serve como um fio condutor para vos guiar pelos vários jogos de The Legend of Zelda, dando-vos a conhecer as personagens que se aliarão a vocês na Guerra Intemporal. Após uma batalha renhida às portas do Castelo de Hyrule, Zelda desapareceu. Link e Impa, partem em busca dela e conhecem Lana (uma personagem original) que revela que o pior está a chegar a Hyrule. Então, para salvarem a princesa e trazerem a paz ao reino, os heróis dividem-se por vários momentos temporais de Hyrule: Twilight Princess, Skyward Sword e Ocarina of Time – cada um com as suas personagens que se aliarão a nós. Em exclusivo para a versão portátil, terão o mundo de Wind Waker com Tetra e Toon Link, entre outros. O jogo introduz também uma nova personagem, Linkle, uma versão feminina de Link, que tem o seu enredo e a sua motivação para se aliar.
Infelizmente, numa manobra de marketing manhosa, poderão ter estes conteúdos na versão da Wii U se comprarem o jogo da 3DS (receberão um código de download). Há que vender de alguma forma, mesmo se já tiverem mostrado o vosso apoio quando o jogo original foi lançado. No entanto, se esperarem alguns meses, parte das personagens adicionais estarão disponíveis sob a forma de conteúdo digital descarregável, tratando-se apenas de exclusivos temporários para, lá está, conseguirem despachar esta versão.
Os gráficos sofreram com o port para as consolas portáteis.
Mais uma vez, nem tudo é mau. A jogabilidade foi refinada, melhorada e é um mimo jogar Warriors em viagem, sendo um jogo perfeito para jogar em pequenas sessões. Existem novas mecânicas que melhoram a experiência face ao antecessor e era algo que todos decerto queríamos ver adicionado à versão caseira em forma de actualização. A funcionalidade de alternar entre personagens é uma mais valia para chegar a certos pontos do mapa mais facilmente e agora é mais fácil cumprir missões, recuperar fortes e salvar companheiros. Já não temos de correr de uma ponta à outra, basta ir ao ecrã táctil e clicar no ícone da personagem que queremos controlar e rapidamente conseguimos atingir os nossos objetivos. Ou, se quiserem continuar com a mesma, podemos dar-lhes ordens e mandá-las para onde queremos. Seleccionar itens e usá-los também está mais fácil. Fazer mira e controlar a câmara está mais intuitivo e não atrapalha. No geral, parece uma nova experiência e é por isso que, por mais problemas visuais que tenha, o jogo continua viciante tal e qual como da primeira vez.
Ainda há mais modos e personagens, destacando-se o My Fairy, exclusivo desta versão e que permite tomarem conta de fadas, alimentando-as e personalizando-as. À medida que evoluem ganham novas habilidades ou Rental Skills que podem ser usadas no combate. Também poderão trocar habilidades com outros jogadores através do Modo Local, mas essa é uma funcionalidade que infelizmente não tivemos a possibilidade de testar.
Vindo da Nintendo, que geralmente lança jogos cujas componente gráfica e visual são irrepreensíveis, é difícil não ficar surpreendido com Hyrule Warriors Legends. Se existem jogos exclusivos para a New 3DS que usufruem do poder da mesma para correrem em condições, não há explicação possível para este não ser exclusivo, uma vez que tem um desempenho miserável na 3DS. Muitos jogadores irão ficar desiludidos e assumir que compraram um jogo medíocre quando não é o caso, principalmente aqueles que não adquiriram uma New 3DS. O jogo, apesar de graficamente parecer um port manhoso, é bastante divertido e viciante. No entanto, e apesar de possuir conteúdo exclusivo, optem pela versão da Wii U. Ainda assim, poder jogar Hyrule Warriors Legends em qualquer lugar é sempre uma boa experiência.
Opinião final:
Hyrule Warriors é num jogo que já era obrigatório no catálogo da Wii U, Hyrule Warriors Legends pega na experiência original e melhora-a bastante ao introduzir novas mecânicas e personagens, aprendendo com os poucos erros da versão Wii U. No entanto, acaba por ser assombrado por um desempenho técnico e gráficos que mais parecem saídos de um qualquer port feito às “três pancadas”. O divertimento acaba por se sobrepor aos pontos negativos mas ainda assim é impossível não querer juntar o melhor das duas versões ao invés de ter de optar por uma. Ainda assim, é impossível não olhar para Legends como uma oportunidade perdida, principalmente sabendo que a Nintendo é capaz de bem mais e melhor.
O que gostamos:
- Jogabilidade e combate melhorado;
- Mais personagens;
- Possibilidade de jogar Warriors em qualquer lado – preferencialmente numa New 3DS.
O que não gostamos:
- A pouca qualidade gráfica;
- Fraco desempenho nas 3DS originais;
- Exclusividade de conteúdos para vender esta versão.
Nota: 7/10