Era uma vez uma bolinha rosa que já foi lã, já foi plasticina e agora é um robot. Desta vez, Kirby vê-se a braços com a tarefa de defender o seu mundo de invasores alienígenas cujo objetivo é mecanizar tudo. Kirby é uma bolinha muito fofinha, que come tudo o que vê mas não é suficiente para lutar contra estes inimigos. Qual é a melhor estratégia então? Ora bem, pegar num mecha e partir tudo!
Robobot não reinventa a roda mas consegue pegar no conceito de Kirby e fazer algo de novo. Temos aqui um jogo de plataformas com tudo aquilo que já é bem conhecido dos fãs desta personagem, com uma miríade de capacidades que podem ser utilizadas – sempre após absorverem os inimigos. A verdadeira novidade está não só na implementação da utilização do robot que dá um poder muito maior a Kirby, assim como a possibilidade de alternar entre planos – que diga-se de passagem, é um mimo absoluto quando têm a funcionalidade 3D ligada.
Em Robobot, os inimigos são muitos mas com o seu poder de absorção, Kirby consegue ter mil e uma capacidades que alteram ligeiramente a jogabilidade e a maneira de atacar os inimigos – poderes esses que são acompanhados sempre de um chapéu a ilustrar a nova capacidade de Kirby. Quando adquirem o robot, podem simplesmente esmagar os vossos inimigos, destruir bons bocados do cenário e até carregar com caixas enormes para vos ajudar a progredir no jogo.
À medida que vão avançando pelos níveis, vão apanhando Code Cubes e autocolantes, tanto para desbloquearem novos níveis como para simplesmente enfeitarem o vosso robot. Estes colecionáveis fazem com que queiramos voltar a repetir os níveis mas seria bom que as recompensas fossem para além de uma simples caderneta de cromos que acaba por não servir muito no jogo em si. Não há falta de colecionáveis, é certo, mas o seu interesse também é muito baixo. Os níveis vão de super simples a um constante saltitar entre planos, o que adiciona uma dimensão diferente ao típico percurso Ponto A a Ponto B de um qualquer jogo de plataformas e que fazem com que por vezes fiquemos a coçar a cabeça à procura daquele Code Cube que nos escapou.
Ainda assim, houveram muitos momentos em que senti que o jogo era demasiado simples e fácil. Robobot consegue ir variando a jogabilidade, não só através das características de Kirby como através de sequências em que o nosso robot se transforma em veículos – e até numa sequência de shmump – mas a pouca longevidade do jogo é demasiado notória. A sua baixa dificuldade faz com que se passe os níveis e os bosses sem grande esforço e rapidamente chegamos ao boss fácil e nos deparamos com um pico na dificuldade. Não é nada excessivo, é certo, mas causa alguma estranheza.
Robobot, como já é esperado da série Kirby, é adorável e toda a atenção ao detalhe é fantástica. Os vários mundos têm a sua própria temática mas o jogo não descura nunca o visual robótico, relembrando-nos sempre de que estamos a jogar Robobot. Podemos desenroscar parafusos gigantes mas também não se espantem se Kirby começar a fazer uma espécie de patinagem artística no gelo. São estas pequenas coisas que vão arrancando sorrisos ao jogador e que vão fazendo com que queiramos jogar mais e mais – o que ainda torna mais agridoce o facto de o jogo ser curtinho.
Mas isto é tudo no modo história, Robobot tem mais para oferecer. Logo de início, têm acesso ao Kirby 3D Rumble e ao Team Kirby Clash. No Rumble, têm uma espécie de jogo de puzzles em que o objetivo é derrotar todos os inimigos, absorvendo-os e atirando-os, de preferência contra outros inimigos e assim conseguir combos. Em Clash, escolhem uma classe, bem ao estilo de RPG e lancem-se contra um inimigo com os vossos companheiros de equipa, com o objetivo de o derrotar o mais depressa possível e assim irem aumentando de nível. São modos de jogo extremamente simples e básicos, que oferecem uma pausa engraçada ao modo história mas que não acrescentam muito a Robobot, fugindo até à temática e funcionando como extras que facilmente poderiam passar despercebidos.
Após terminarem o jogo, desbloqueiam outros dois modos: Meta Knightmare Returns e The Arena. No primeiro, enquanto Kirby faz uma sesta, Meta Knight decide meter mãos à obra e combater o mal, colecionando Meta Points que lhe permitirão depois usar capacidades especiais. Aqui basicamente poderão fazer todo o modo história mas com o bem mais poderoso Meta Knight, sendo uma espécie de modo de sobrevivência em que devem tentar aguentar-se vivos o mais tempo possível. Em The Arena, o objetivo é porem à prova as vossas capacidades, derrotando todos os bosses, um a um.
Todos estes modos extra adicionam alguma longevidade ao título mas ainda assim é uma pena que o modo história seja tão curto. Ir descobrindo os vários mundos e os seus detalhes é onde recai parte do encanto e este é um dos poucos títulos do catálogo da portátil da Nintendo que vale mesmo a pena jogar em 3D. Graficamente é um jogo lindo e colorido, bem ao estilo de Kirby, que consegue mais uma vez abraçar uma estética diferente mas mantendo a identidade de bolinha rosa. É um jogo divertido e cheio de cor que fará as delícias dos fãs mas que decerto os deixará a salivar por mais. E seria tão bom que este Robobot nos tivesse oferecido uma refeição completa ao invés desta série de petiscos.
Opinião final:
Dando uma volta original e interessante à fórmula de Kirby, Planet Robobot permite-nos que enfrentemos novos inimigos com ainda mais poder e variedade. Apesar de o modo história saber a pouco, Robobot oferece ainda outros modos para nos manter entretidos. De certeza que vão terminar o jogo querendo mais e mais, mas apesar de a viagem ser curta não deixa de ser divertida e de ser um exemplo de como se faz um bom jogo de plataformas.
Do que gostamos:
- Variedade na jogabilidade e nos modos de jogo;
- Excelente implementação da funcionalidade 3D;
- Atenção a pequenos detalhes que tornam o jogo adorável.
Do que não gostamos:
- Pouca longevidade do modo história;
- Dificuldade muito, muito baixa;
- Colecionáveis pouco interessantes.
Nota: 8/10