Kirby’s Epic Yarn é um jogo épico e não peço desculpa pelo trocadilho.
Juntamente com tantos outros jogos da Wii, Kirby’s Epic Yarn é a mais recente adição do catálogo da eShop da WiiU e que adição mais perfeita. Podem dizer que o género de plataformas está saturado de jogos repetidos e monótonos, cópias e clones, mas não o poderemos dizer de todo deste jogo, conseguindo a proeza de arrancar um sorriso a qualquer um. Nível após nível havia algo de novo, algo que me surpreendia e me fazia dizer só mais um.
Já conhecia a série do Kirby e admito ser fã desde o primeiro Dream Land. A bolinha rosa tem um certo charme e sugar inimigos para lhes imitar os poderes diferenciava-o de outros jogos da altura. Não tínhamos apenas de saltar de um lado para o outro, nem de matar bichinhos para aumentar os pontos, existindo uma certa graciosidade em passar um nível a voar (ou não), dando sempre a opção de jogar normalmente. Podíamos evitar os inimigos, mas porquê fazê-lo em Kirby, se cada um nos dá habilidades e roupas diferentes? Havia curiosidade e estímulo. Jogar Kirby é uma aventura. Uma aventura divertida que regressava nos jogos seguintes e era o que estava à espera aqui.
No entanto, em Epic Yarn, tudo muda quando o malvado feiticeiro Yin-Yarn atira com o nosso herói para outra dimensão, Patch Land. Lá, conhecemos o nosso companheiro, Prince Fluff, que nos explica o que aconteceu. O malvado feiticeiro separou os remendos de Patch Land e quer conquistar a Dream Land! Claro, cabe a Kirby salvar o dia. Se tiverem um comando extra, podem salvar o dia com um companheiro ou companheira, jogando em modo cooperativo, com o segundo jogador a controlar o Prince Fluff.
Tudo o que conhecemos da série é para esquecer porque este jogo apresenta-nos uma nova jogabilidade e um estilo visual completamente renovado onde tudo é feito de fios de lã, farrapos e retalhos. Em Epic Yarn impera um ambiente de fofice extrema que contribui para o tal sorriso enquanto jogamos. Há uma atenção ao detalhe incrível com botões, fechos éclair e linhas no ecrã, tecidos a descoser e inimigos que se desfiam quando derrotados. E nós também mudamos!
Kirby passa a ser um fio de lã rosa, perdendo a sua consistência de bolinha gorda comilona e é aqui que o jogo foge dos anteriores: não comemos os inimigos, não os sugamos, também não lhes ficamos com os poderes nem com as roupas. Como fios de lã que somos, há imenso que podemos fazer e ser: podemos ser um carro, um pára-quedas, um tanque, mas enumerar tudo iria estragar a surpresa. O céu não é o limite, apenas a quantidade de linha. Também não comemos vorazmente, neste Kirby só nos interessa missangas e estrelas que, além de contarem para a pontuação, servem como energia que se esgota quando sofremos dano ou caímos. O jogo é facílimo e só de propósito é que vemos o ecrã de fim de jogo.
Alguns poderão não gostar deste facto e para aqueles que procuram desafios, lamento dizer que não os vão encontrar neste jogo. Os controlos são terrivelmente fáceis, usando apenas os dois botões do Wiimote para saltar e atacar; grande parte dos níveis são: terrivelmente fáceis, os bosses, depois de descobrirem os padrões de ataque, são… sim, terrivelmente fáceis, mas o jogo não é terrível, de todo. Kirby’s Epic Yarn não é uma experiência de jogo que trate o jogador como burro ou que o leve pela mão mas algo divertido e aprazível, uma experiência leve e descontraída que consegue definitivamente prender adultos e crianças em frente à televisão.
Existe ainda uma forte componente de colecionismo neste jogo. Existem peças de mobiliário para apanhar e para decorar a nossa casa e a dos nossos vizinhos que se mudam se gostarem da decoração. Depois, ao travarem amizade, estes dão-vos minijogos divertidos! Não há um momento morto, mas houve um momento em que estava lá perto…
Nem tudo é perfeito e no meio de tanta coisa boa, há sempre algo menos bom, ou até frustrante. Um dos minijogos requer que sejamos um comboio e apontar o Wiimote para a televisão. O comboio anda sozinho e só temos de desenhar linhas de comboio e mudar a direção, mas a frustração bate à porta quando o comboio acaba por ter vontade própria, nem sempre seguindo as linhas, caindo quando não devia, perdendo carruagens… ou as linhas desaparecem ou o comando deixa de ser reconhecido, fazendo o comboio ir contra as paredes. Nada de demasiado grave mas que no fim acaba por ser uma mácula numa manta de retalhos quase todos eles perfeitos.
A música merece definitivamente ser destacada. Toda a cuidada estética visual seria completamente anulada se jogassem sem som. Cada nível tem o seu tema característico, que podemos colecionar e ouvir sempre que quisermos. Alguns clássicos de outros jogos surgem atualizados e mais limpos neste jogo e é no mínimo uma agradável surpresa voltar ouvir o tema Green Greens! A banda sonora aposta forte nos pianos e em temas plácidos, com uma sonoridade tranquila e agradável. Gostaria também de apontar que é dos poucos jogos onde o Kirby “fala”, mesmo sendo através de um narrador que faz um excelente trabalho ao transmitir o enredo como se fosse um conto de embalar.
Opinião Final:
Kirby’s Epic Yarn é um joguito muito querido, muito fofo, muito épico num sentido onde o épico não se aplica. Kirby é a prova de que um género quase estagnado ainda consegue ter vida e traz uma lufada de ar fresco ao mesmo. É um jogo que me fez sorrir do início ao fim. É um jogo no sentido puro da palavra. E deixa-me esperançosa quanto ao futuro da saga e ansiosa para jogar o Yoshi’s Woolly World da mesma equipa.
O que gostamos:
- Estética visual perfeitamente adequada ao tema da costura e das lãs;
- Controlos acessíveis a miúdo e graúdos;
- Modo para dois jogadores, apelando à diversão em família;
- Banda sonora muito bem conseguida.
O que não gostamos:
- Nível de dificuldade muito baixo, o que pode ser detrimento a alguns jogadores;
- Controlos completamente não responsivos no que toca a controlar aquele comboio!
Nota: 9,5/10