Análise – Professor Layton vs. Phoenix Wright: Ace Attorney

laytonvswright

Passados longos meses da estreia no Japão, Professor Layton vs. Phoenix Wright: Ace Attorney está finalmente a chegar às prateleiras do Ocidente. Este jogo é um cross-over entre as aventuras de Professor Layton e de Phoenix Wright, com elementos de jogabilidade de ambas as séries. Será que os ingredientes formam um bom prato final? A resposta é sim, mas não ficou no ponto.

Esta aventura leva-nos começa nas ruas de Londres, onde Phoenix foi tratar de um caso dado pelo programa de intercâmbio da liga dos advogados. Enquanto Phoenix chega à capital Inglesa, Professor Layton recebe uma misteriosa jovem, Espella Cantabella, à sua porta, com uma carta de um velho conhecido. Aqui começam a acontecer alguns eventos fora do normal, com a jovem a afirmar ser uma habitante de Labyrinthia, uma terra onde há… Bruxas. É para esse mesmo sítio que os nossos 4 personagens, Layton, Phoenix, Luke e Maia, são transportados misteriosamente.

Layton vs Phoenix Wright_screen (41)

O Professor e Luke recebem Espella

Desde o início que percebemos que estamos perante uma aventura diferente para os nossos personagens, com um forte teor sobrenatural. É interessante ver como estes reagem a um sítio desconhecido e com regras a que não estão habituados. A incredulidade das mentes lógicas dá rapidamente lugar a uma adaptação ao novo meio, onde tentam usar as suas capacidades ao máximo.

Dentro das muralhas de Labyrinthia somos confrontados com um povo que lembra a época medieval, com cavaleiros, bardos e até a inquisição, cuja tarefa é proteger o povo das infames bruxas. Esta terra mágica conta ainda com uma personagem, o “Criador” ou o “Contador de Histórias”, que escreve a história de Labyrinthia antes dela acontecer, e que é admirado e respeitado por todos.

O Bardo, sempre com uma rima na ponta da língua

O Bardo, sempre com uma rima na ponta da língua

Algo que é facilmente reconhecido nas personagens de Labyrinthia é a sua inclinação para os puzzles, como não podia deixar de ser. Estes são um ponto essencial da jogabilidade de Professor Layton, e não ficarão desapontados, há um puzzle em cada esquina. Por vezes nota-se que são um bocado forçados na narrativa, com alguns puzzles a não fazerem muito sentido nas situações em que são apresentados. Há puzzles bastante desafiantes e uma variedade louvável, sendo a dificuldade marcada pelo número de Picarats ganho pela resolução. Pelo mundo poderão ainda encontrar “Hint Coins” para vos ajudar naqueles puzzles mais complicados, mas aconselhamos sempre a simplesmente coleciona-las e desfrutar dos puzzles. Sempre que acabarem um capítulo, os puzzles que não tiverem feito serão guardados com Ridelle, a curadora da biblioteca e arquivo de Labyrinthia.

Nas secções de Professor Layton o jogador poderá explorar a cidade, povoada por belíssimos cenários e caricatas personagens. A jogabilidade é semelhante àquela encontrada em Professor Layton and the Miracle Mask, sendo que o jogador analise os cenários com a sua lupa, podendo encontrar Hint Coins, personagens para falar ou puzzles escondidos, para além de algumas interações com pontos de interesse.

Quanto às secções de Phoenix Wright, somos confrontados com julgamentos de bruxas quase medievais, com a inquisição do lado da acusação e uma plateia que quer as bruxas a arder. A principal novidade aqui são as examinações de várias testemunhas ao mesmo tempo. Esta mecânica seria algo difícil de introduzir na série, mas aqui estamos perante outras regras. É algo que funciona bastante bem e traz uma lufada de ar fresco a estas secções, com o jogador a ter que ter em atenção não só a testemunha que está a falar, como as reações que as outras testemunhas têm a essas declarações.

Layton vs Phoenix Wright_screen (32)

Zacharias Barnham, o inquisidor

Algo que notamos no jogo é que o grande foco é a história, algo que não é estranho nas aventuras de Layton, mas que se acentua mais neste título. A história é bastante interessante e deixa-nos colados ao ecrã, sedentos de mais informações sobre este misterioso lugar, sobre as bruxas e sobre Espella. Ainda assim, as longas e longas conversas conseguem tornar-se algo cansativas e a história tem um ritmo demasiado lento nalgumas secções. Com 10 horas de jogo ainda estamos a ser introduzidos a novas mecânicas e novas personagens, o que poderá cansar o jogador. Uma das coisas que melhoram este ponto são as secções faladas, algo que não é novo em Professor Layton mas que se estreia, e muito bem, em Phoenix Wright. O jogo muda totalmente de tom nestas seções faladas, e o voice acting está extremamente bem conseguido, com vozes cativantes e que encaixam muito bem nas personagens.

Um dos pontos mais fortes deste título é a componente gráfica. Tratando-se duma aventura gráfica, onde o movimento não é muito, não seria de esperar outra coisa, mas os gráficos estão deveras impressionantes, com cenários muito bem desenhados e ricos, com pequenas animações nos detalhes que marcam a diferença. É também um jogo que usa extremamente bem as funções 3D da 3DS, mostrando que está muito bem desenhado para esta plataforma. Se não são amantes do 3D, este título pode ser aquele que vos vai fazer deslizar o slider 3D para cima, pois os cenários detalhados ficam ainda mais ricos com o 3D ligado. A Level 5 e a Capcom estão mesmo de parabéns aqui, este é um jogo que marca pelo “eye candy” em toda a sua duração.

Um dos puzzles do jogo

Um dos puzzles do jogo

Mas uma forte componente gráfica não chega para criar um ambiente forte, e Professor Layton vs. Phoenix Wright: Ace Attorney brinda-nos também com uma banda sonora absolutamente deliciosa e variada, com músicas para todos os momentos. O próprio jogo faz questão de dizer, ao iniciar, que a consola está em modo estéreo, e que bem que soa o jogo com auscultadores. Desde as músicas às vozes, estamos perante um belo trabalho de sonoplastia.

Como site português, não podemos deixar de ter em atenção o factor linguístico, e aqui está um dos pontos fracos para o nosso mercado. Sendo um jogo com uma incidência tão grande na história, e com as secções de Phoenix Wright, em que temos que estar atentos às declarações e descobrir as pequenas contradições, conhecimentos médios ou até avançados de Inglês são essenciais para conseguir aproveitar o jogo em plenitude. Os mais pequenos terão dificuldade em acompanhar a história, e não vão conseguir simplesmente andar de puzzle em puzzle, pelo que não recomendamos oferecerem aos pequenotes, o que é uma pena.

A dupla em ação

A dupla em ação

 

O que gostamos:

– Graficamente impressionante

CTR_LvP_TS_EAP_front_140124.indd

– Bom uso do 3D

– Soundtrack e voice acting excelentes

– História cativante

 

O que não gostamos:

– Secções cansativas e lento desenrolar da ação

 

    

Se gostam de uma boa história, puzzles, e de passar um bom bocado a ler, Professor Layton vs. Phoenix Wright: Ace Attorney é um jogo para vocês. Este título oferece dos trabalhos de arte mais impressionantes da Nintendo 3DS, tanto visualmente como a nível sonoro. Os amantes de puzzles e de um bom julgamento não ficarão desapontados, havendo uma boa variedade e grandes desafios para enfrentar.

8.5Excelente
    

Professor Layton vs. Phoenix Wright: Ace Attorney estará disponível em exclusivo para a Nintendo 3DS, em suporte físico e na Nintendo eShop, no dia 28 de Março de 2014.