Matterfall é a nova aposta da finlandesa Housermarque, uma aventura de acção 2D, com um ritmo frenético e imparável. Logo de início somos lançados no mundo imperdoável de Matterfall, obrigando o jogador a ter reflexos de lince – ou pelo menos que os afine.
A sequência inicial dá uma pequena introdução ao mundo do jogo. Controlamos Avalon Darrow, cujo objetivo é “limpar” o mundo da ameaça alienígena. É fácil ficar com alguma expectativa após esta sequência introdutória, mas o que é certo é que é a única altura em que assistimos a algo remotamente parecido com um enredo. Como era mais usual nos jogos de eras passadas, em Matterfall a “história” apenas serve como mote para introduzir o ambiente e estética sci-fi que engloba todo o jogo. Não se enganem a pensar que vão aqui ter algum objectivo para além de explodir com inimigos e acumular pontos, ou não tivesse Matterfal uma tabela onde podem ver como está a vossa pontuação em comparação com a de outros jogadores. Felizmente, o conceito é utilizado em pleno na componente visual. É um mimo quando as coisas se tornam caóticas e o ecrã se enche de explosões e efeitos visuais. Os cenários são apropriadamente coloridos q.b., mas sempre mantendo o aspecto industrial e mecânico que tanto caracteriza este tipo de temática.
As mecânicas são introduzidas gradualmente no primeiro nível, fazendo com que a adaptação aos controlos seja fácil. Ou pelo menos parece-me que era este o objectivo da Housemarque… não fossem os controlos confusos na pior das hipóteses e estranhos na melhor. Para além de uma arma que explode com os inimigos e também dispara matéria, temos uma espécie de ataque em que a nossa personagem desliza ou se arremessa pelo ecrã (uma espécie de dash, em cada uma das quatro principais direcções) e liberta uma onda de energia que congela e enfraquece os inimigos que nos rodeiam – beneficiando ainda de uma ligeira invulnerabilidade.
Esta mecânica é particularmente útil quando o ecrã de Matterfall se enche de inimigos. Quando tudo parece perdido e as hipóteses de sobrevivência particularmente ínfimas, o dash é a salvação, permitindo respirar durante preciosos segundos e, claro, explodir o que nos rodeia. À medida que vão explorando os níveis, vão também encontrando humanos que devem salvar. Antes de perguntarem porque é que o devem fazer, salvá-los faz com que recebam pequenas recompensas que se traduzem no desbloqueamento de upgrades – que melhoram as vossas capacidades e ainda desbloqueiam armas adicionais. No entanto, apenas podem ter três destes upgrades activos de cada vez, o que obriga a uma escolha cuidada e também alguma tentativa e erro até encontrarem a vossa combinação favorita. Muitos destes upgrades acabam também por não servir de muito. No calor da batalha dificilmente se irão lembrar de utilizar uma granada e na verdade este tipo de ataque acaba por não servir de muito.
Existem pouco momentos para respirar em Matterfall. Os ataques são constantes e é extremamente importante conjugar todas as mecânicas, quer ofensivas quer defensivas, de modo a que se consigam defender das agressivas forças inimigas. Rapidamente se percebe que Matterfall obriga a uma elevada concentração e exige que os reflexos do jogador estejam na sua melhor forma possível. Tudo isto poderia constituir um desafio perfeitamente adequado, caso não fossem os controlos tão… esquisitos. Como já referi acima, os controlos de Matterfall não são os melhores. O esquema adoptado é estranho ao início e requer alguma adaptação e habituação. Não quero com isto dizer que em algum momento os controlos impeçam a jogabilidade de Matterfall, mas o desconforto é um sentimento bem presente.
O analógico esquerdo é usado para movimentar a personagem e o direito para disparar. Não precisam de carregar em qualquer botão para disparar a arma, basta movimentar o analógico para onde querem atacar. Parece simples em teoria, mas na prática a precisão não é a melhor e dei por mim – mais vezes do que as que gostaria de admitir – a disparar para o boneco porque o dedo tinha deslizado meio milímetro. Matterfall já é algo exigente com os seus jogadores, mesmo tendo três níveis de dificuldade, mas este acaba por ser um obstáculo adicional que simplesmente não era necessário. Preparem-se para morrer algumas vezes, o que se torna ainda mais frustrante devido aos longos tempos de loading de cada vez que um nível é carregado.
Matterfall tem apenas doze níveis, com três bosses apenas. Pode parecer curto, mas acaba por ser a medida certa considerando que rapidamente chegamos a um ponto de cansaço. A jogabilidade repete-se ad nauseum e Matterfall depressa mostra que mais nada de novo tem para apresentar. É certo que podem sempre jogar os mesmos níveis uma e outra vez, com uma dificuldade cada vez superior e tentando acumular ainda mais pontos… mas a competitividade acaba por parecer vazia e o esforço sem sentido – principalmente uma vez que ultrapassar os níveis de Matterfal não proporciona um sentimento de vitória e missão cumprida, mas sim uma sensação de “mais do mesmo”.
Opinião final:
Matterfall é muito estilo e pouca substância. Com uma jogabilidade que poderia perfeitamente ter sido aproveitada de outra forma, a sensação de oportunidade perdida é demasiado forte para permitir que se desfrute como deve ser. Ao longo do jogo, estamos sempre à espera de mais, de algo que acaba por nunca acontecer. Matterfall contentou-se em ser uma experiência engraçada, quando poderia ter sido muito mais.
Do que gostamos:
- Jogabilidade frenética;
- Gráficos e design visual;
- Temática Sci-Fi.
Do que não gostamos:
- Esquema de controlos desconfortável e confuso;
- Jogabilidade torna-se repetitiva;
- Jogo termina rapidamente e oferece poucos motivos para o revisitar.
Nota: 6,5/10