Eu não cresci com Mega Man, portanto toda a fama e adrenalina da série passaram-me completamente ao lado. Arranjei o primeiro para a NES na Virtual Console por pura curiosidade, mas não cheguei muito longe. Não é difícil de explicar: foi o velho não és tu, sou eu, não houve clique entre nós. Não foi pela plataforma onde saiu ou pela mecânica, mas talvez pela dificuldade elevada, Mega Man e eu não íamos longe.
No entanto, a minha experiência com Azure Striker Gunvolt foi bem diferente. Bem sei que este é mais similar aos títulos mais recentes de Mega Man – ao invés dos títulos da SNES, mas fez-me querer dar uma segunda oportunidade à série, sendo este lançamento a perfeita oportunidade para o fazer.
Mega Man X e 7 saíram ambos para a Super Nintendo, com tudo a que um jogo nesta consola tem direito: melhores gráficos, melhor som, que se traduz numa banda sonora viciante, rápida e memorável, e melhores mecânicas. Há espaço para enredos ou amostras de enredo mais complexos. Não que seja necessário neste género, mas sete jogos depois e é bem provável que haja um mundo vasto para explorar e personagens para conhecer.
Começando pelo X, este é muito básico e assemelha-se aos jogos anteriores, mas com melhores visuais e péssimos, péssimos slowdowns. É inglório estarmos a jogar, termos o mapa cheio de inimigos e o jogo começar a encravar. Infelizmente, tenho que dizer que, apesar de estar a divertir-me, acabei por desistir várias vezes por este motivo.
Não há muito por onde se pegar neste X em termos de narrativa. Após o nível inicial, somos levados para o menu onde podemos escolher um de oito mapas. Podemos jogá-los em qualquer ordem e, no final, temos o boss para derrotar que nos irá passar o seu poder ou arma para usarmos no próximo nível, portanto há que escolher bem o rumo a seguir. Há algumas novidades neste X, como a possibilidade de deslizarmos por paredes e saltarmos entre elas para nos desviarmos de ataques. Funciona tudo bem e não é complicado de usar se tivermos reflexos rápidos. Os controlos são simples e fáceis de memorizar, mas se quiserem outra disposição podem alterar no menu principal.
Os níveis não são longos e, por isso, este jogo funciona lindamente numa portátil, porque pode ser interrompido e retomado quando quisermos. Aliás, com a função de gravar e carregar o jogo através dos save states, podemos reduzir a dificuldade do jogo – podem ver como batota, mas a escolha é sempre vossa.
Fora isto, Mega Man X nem é muito difícil comparado com o primeiro que joguei. Não considero isto como um ponto negativo, mas bastante positivo porque serve como porta de entrada à série para os curiosos. Com a curta longevidade dos níveis, mapas coloridos e detalhados, inimigos variados e música poderosa, Mega Man X arrisca-se a ser (a ser não porque já saiu há imensos anos) um dos melhores Mega Man ou pelo menos bastante inovador face às entradas numeradas.
E por fim chegamos a Mega Man 7. Para os mais leigos não pensem que Mega Man X é de dez, tanto que existe um Mega Man X2. Afinal o que é este 7? Esta entrada é quase uma tentativa da Capcom recuperar o espírito original da série na Super Nintendo. Então, mas o que mudou os após vários títulos? Assim de mais gritante foi o tamanho dos modelos das personagens que ocupam uma grande parte do ecrã e que pode dificultar um pouco o jogo, se não conseguimos ver bem o que nos rodeia.
O enredo deste 7 já está mais desenvolvido, com sequências de vídeo e diálogos entre as várias personagens. Admito que a sequência inicial é algo estranha com separadores que parece terem sido feitos por alguém a aprender a mexer em Power Point. Fora isto, o enredo à anos 90 cheio de estilo leva-nos por vários mundos que, admitamos, ficam um pouco em segundo lugar porque o que interessa é a jogabilidade. E esta está bem melhor face a X. É simples, intuitiva, viciante e vamos aprendo mais truques para avançar.
Ao contrário dos jogos anteriores, não temos à disposição todos os mapas para escolher. Começamos com quatro e quando vencermos os bosses destes níveis, temos outros quatro. É uma pseudo inovação que apenas serve para medir se estamos muito longe do final.
Uma novidade interessante nesta iteração é a possibilidade de podermos aceder a uma loja (carregando no Select no ecrã de selecção de níveis) para comprarmos vidas extra e tanques de energia, basta para isso apanhar os trovões espalhados pelos níveis para aumentarmos a nossa carteira. Claro que isto implica repetir níveis para termos mais “dinheiro”, mas aumenta a longevidade do jogo.
A liberdade de escolha neste jogo é algo de muito bom. Tanto podemos jogar à “moda antiga” só com o nosso canhão e ir desbravando níveis e dando cabo de inimigos, como podemos dar uso a todas as inovações destas sequelas e usar armas e escudos próprios do jogo ou roubados de inimigos como o Escudo do Proto Man.
De entre os dois jogos, devo dizer que preferi Mega Man 7, mas ambos são títulos clássicos que fazem parte da história dos videojogos e que recomendo não só aos curiosos, como aos fãs acérrimos. Ainda que tenhamos aqui ports com alguns soluços, é bom ver a biblioteca de jogos da SNES na eShop a aumentar cada vez mais.
Opinião final:
Não estamos nos anos 90 para dizer se devem ou não jogar estas entradas. Se os têm nas consolas originais, podem bem ficar por aí. Se são jogadores novos, curiosos ou querem dar uso aos save states, recomendo vivamente estes dois jogos – ainda que a dificuldade esteja algo reduzida face aos primeiros Mega Man. E isto não quer dizer que os jogos estão mais básicos, recomenda-se na mesma que sejam rápidos de pensamento e de dedos, ou não irão longe.
Mega Man é uma série vibrante, pontuada com alguma adrenalina e frustração; bons sentimentos que andam de mão dada até aos dias de hoje.
Do que gostamos:
- Visuais coloridos;
- Banda sonora;
- Jogabilidade viciante.
Do que não gostamos:
- Slowdowns que acabam por estragar um pouco a experiência.
Nota: 7/10