Microsoft Flight Simulator – Análise

Microsoft Flight Simulator, desta feita sem número ou título, é a última versão do simulador de renome da Microsoft.

Com a sua primeira versão em 1982, Flight Simulator tem sido uma constante nos videojogos e sempre altamente reconhecido por trazer simulação realista e as últimas tecnologias. A anterior versão, Flight Simulator X, saiu em 2006 (há 14 anos!!), por isso esta versão de 2020 tem muita sede para saciar aos mais acérrimos fãs.

Ao instalar e iniciar pela primeira vez o novo Microsoft Flight Simulator, a primeira coisa que pensei foi como analisá-lo, não sendo experiente em simuladores e não sabendo bem o que esperar de algo mais do que as breves experiências anteriores com simuladores. Aquilo com que me deparei foi um jogo, ou devo dizer experiência, tão avassaladora que tive que pausar, aprender e absorver durante um longo período de tempo. Isto é uma desculpa por estar a fazer esta análise em Novembro? Em parte sim, mas não deixa de ser verdade! O Flight Simulator acabou por se tornar uma constante nos meus dias e um jogo com um lugar especial no meu coração.

Um simulador de voo apresentado como jogo tem sempre que balançar dois lados: por um lado, para apelar ao público em geral e como “jogo”, tem que ser convidativo, intuitivo e divertido; por outro, o público-alvo de entusiastas de aviação quer uma simulação o mais realista possível. A meu ver, o novo Microsoft Flight Simulator faz um ótimo trabalho a agradar a ambas as partes, com tendência para agradar mais aos entusiastas, mas introduzindo conceitos como desafios diários e um curioso modo online, bem como um tutorial narrado, e controlo extremamente detalhado sobre os elementos de jogabilidade que queremos ativar.

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Extremo detalhe e modularidade são 2 pilares deste título. Os menus de configurações são infindáveis, algo que muito aprecio, e ainda assim claros e facilitados com alguns cenários pré-definidos.

Tal como um verdadeiro piloto, saber todas as “opções” para uma experiência de voo positiva torna-se bastante importante em Flight Simulator. Para os mais novatos, há uma série de opções para tornar a experiência mais aceitável dos nossos erros, fazendo as manobras mais fáceis, perdoando colisões menores ou manuseamento violento, bem como abstraindo de certa parte dos controlos. Tudo isto varia de avião para avião, mas para alguém novo ao jogo, o melhor mesmo é começar pelo tutorial.

O tutorial apresenta-nos 6 missões ao controlo de um pequeno avião. Estas missões são narradas por um controlador de voo e aparecem muitas dicas sobre o que fazer, e como o fazer. Desde o levantar, ao seguir as linhas de tráfego aéreo, este tutorial ensina-nos o básico para percebermos a jogabilidade. Mas desengane-se quem achar que tem aqui um estilo de “modo história” ou algo detalhado e abrangente das várias aeronaves, pois o mais provável é ao pegarem num avião de passageiros tudo ser bem diferente. Isto pode fazer os menos insistentes, ou não convencidos pelo jogo, a desistir, visto que não há uma forma óbvia de aprender tudo o que Flight Simulator nos permite fazer. As dicas in-game são extensas, e podemos personalizá-las, mas ao fim do dia para aprender tudo sobre um avião e como pilotá-lo, não há nada como perder muito tempo a fazê-lo minuciosamente.

A nível de jogabilidade, a curva de aprendizagem é realmente íngreme. Passar os níveis do tutorial é relativamente rápido, mas passando ao mundo real é fácil achar que pouco aprendemos. Mas se gostam do desafio e de ir aprendendo com suor e lágrimas, têm aqui um belo desafio. Pessoalmente, comecei a experimentar vários aviões em cenários diferentes, vi vídeos, segui as dicas e ia consistentemente mudando algumas opções de jogabilidade dependendo da sessão de jogo. Acho que inicialmente é fácil querer ser logo muito bom, e é um reflexo natural – “quero a maior dificuldade e vou ser bom nisto” não funciona aqui. Há que engolir sapos e começar por baixo, para conseguir perceber as nuances das aeronaves.

Passando então à apresentação… Que jogo fantástico! É difícil expressar quão impressionante Flight Simulator é: temos uma simulação de todo o mundo. Todo! Usando inteligência artificial, aliado aos dados de satélite do Bing, a equipa de desenvolvimento fez algo realmente especial. Há, claro, áreas muito melhor detalhadas, e este detalhe, que muitas vez vem da cloud, vai sendo adicionado ao jogo, o que é um fator extremamente positivo para a longevidade do jogo. Ainda assim, a simulação de jogo “básica” em qualquer sítio fala por si própria, e é natural querer logo sobrevoar a nossa casa. Conhecendo bem o terreno, é fácil ver as limitações, mas no seu todo é fantástico e a uma distância razoável, quase perfeito.

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Para além dos dados satélite e das zonas ao detalhe, tal como os milhares de aeroportos disponíveis, há ainda simulação em tempo real do dia/noite e do clima, e ainda de voos reais a acontecer no mundo. Tudo isto torna Flight Simulator algo realmente único e especial. A sensação de ver chuva lá fora durante a noite, entrar no jogo e sobrevoar a área e tudo bater certo com a vida real, é fantástica. E tudo isto é personalizável, podemos não usar ou escolher à nossa maneira, para experimentar climas mais agressivos ou tirar aqueles screenshots belos na “golden hour”.

Mas afinal, passada a fase inicial de aprender a jogar e explorar as áreas que temos curiosidade, o que faz de Flight Simulator um jogo capaz de nos prender durante muito tempo? Desde logo, o conteúdo adicionado periodicamente, tal como a atualização com dados do Japão – Japan World Update, que saiu recentemente. Para além de novas áreas mais detalhadas, são sugeridos voos e desafios que podemos fazer, o que nos dá sempre curiosidade de voltar. Para além disso, e talvez ainda não tenha passado esta mensagem: Flight Simulator pode ser um jogo rápido e que requer instinto de lince e destreza, mas também é um jogo extremamente lento, que carece de pouca atenção. Curioso, certo? Mas real, e também realista!

Para mim, depois de conseguir manobrar razoavelmente os aviões e visitar alguns cantos do mundo que tinha curiosidade, para além de sobrevoar todos os cantos da minha região, o que me trouxe de volta constantemente foi a beleza e relaxamento. Dei por mim imensas vezes, a ainda dou, a simplesmente escolher um percurso de voo, fazer o levantamento, pôr o piloto automático e deixar o jogo num segundo monitor enquanto trabalho ou faço outra coisa. Olhar de vez em quando para as belas vistas, ouvir o motor de fundo e “sentir” o jogo, é realmente algo mágico e relaxante.

Nem tudo é perfeito, claro. Desde logo, se queremos todo o detalhe de Flight Simulator, é melhor estarmos preparados com um bom computador. Na minha RTX 2070 Super, a 4k não conseguia ter o detalhe que o jogo merece, mas a 1440p já era bastante razoável. No entanto, grande parte dos jogadores não terão sequer uma placa destas, e para os mais exigentes só mesmo as melhores placas gráficas terão a melhor fidelidade: algo que poderá ser um menor problema ao longo dos anos, admitindo que o simulador veio para ficar. Além disso, deparei-me com muitos bugs, principalmente no período de lançamento, que me arruinaram certos voos longos. No entanto, a maioria foi corrigida, e pessoalmente os mais graves tiveram a ver com língua e com um teclado “esquisito”. Porquê? Bem, Flight Simulator é um daqueles jogos que, apesar de ter muitas opções, teima em ir buscar informação ao sistema operativo. Resultado: apesar de estar a jogar em inglês, muitas vezes o jogo tentava ir buscar texto em português para as dicas, fazendo o texto ficar inteligível. Mais do que isso, como tenho um teclado em com o Numpad “junto” com as teclas “Home, PgUp”, etc, isso faz com que o jogo fique muito confuso sobre que teclas eu tenho, e no tutorial muitas vezes não aparecia as teclas em que devia carregar. Isto, claro, é algo muito específico, mas recomendo vivamente que para este jogo tenham um teclado completo ou usem um joytstick ou comando de consola.


Opinião Final:

Depois de o experienciar, é difícil não ficar impressionado com a grandeza de Microsoft Flight Simulator. É um excelente e detalhado simulador, elevado pela extraordinária simulação do planeta e introdução de mecânicas de jogo que tentam refrescar um tipo de jogo tradicionalmente fechado ao seu público-alvo. Capaz de nos segurar ao ecrã para as manobras mais desafiantes, ou de nos relaxar com voos de várias horas, este jogo é algo especial e que espero continue a evoluir.

Do que gostamos:

  • O detalhe e a tecnologia de construção de mundo;
  • A adição periódica de conteúdo;
  • A vasta personalização possível nas opções,

Do que não gostamos:

  • Tutorial apenas com uma aeronave e incompleto;
  • Bugs de linguagem e controlos,

Nota: 9/10

Microsoft Flight Simulator está disponível para PC e Xbox por 69.99€ e faz parte do Xbox Game Pass.