Lançada no último dia 3 de março, a Switch é a mais recente consola da Nintendo, representando mais uma vez aquele que tem sido o grande objetivo da companhia japonesa com as consolas que tem lançado nos últimos anos: dar aos jogadores novas maneiras de interagir com os seus títulos favoritos, bem como de partilhar a experiência.
No caso desta consola, o grande destaque vai para a enorme versatilidade da experiência que oferece, razão pela qual o grande slogan da Nintendo Portugal nas suas mais variadas campanhas de divulgação seja «[Joga na Switch] Quando, onde e como quiseres».
Dedicando-nos brevemente à análise desta expressão, retiramos dois aspetos principais: do «quando» e «onde» «quiseres» retiramos a acessibilidade e portabilidade da experiência, ao passo de que do «como quiseres» retiramos a variedade de maneiras de como podemos interagir com a consola.
Dentro deste enquadramento, um aspeto chamou à vista de todos logo desde o momento em que a consola foi revelada em outubro do ano passado: o facto de a Switch ser uma consola híbrida, isto é, tanto portátil como consola doméstica
Acoplando-a na Nintendo Switch Dock, e ligando (obviamente) esta a uma televisão, a Nintendo Switch passará a mostrar a imagem não no seu próprio visor, mas no ecrã ao qual foi ligada. Neste momento, removendo-se os Joy-Con da consola em si e ligando-os (ou não, tal é opcional) ao Joy-Con grip, podemos então ter a experiência de jogar numa consola doméstica tradicional. A qualquer momento podemos, no entanto, colocar de novo os Joy-Con na consola, retirá-la da sua base e levá-la connosco para onde quer que vamos, podendo ter acesso a uma experiência portátil também tradicional «quando» e «onde» quisermos.
Mas a Switch não nos oferece apenas as experiências tradicionais das consolas domésticas e portáteis (embora já fosse bastante positivo caso se ficasse por aqui), mas dá-nos ainda a possibilidade de interagirmos com ela num terceiro modo distinto: o modo estável.
Aproveitando o facto de se poderem retirar ambos os Joy-Con da consola a qualquer momento, a Nintendo embutiu na mesma um suporte que a qualquer altura pode ser puxado, assim permitindo que a consola possa ser apoiada em qualquer superfície plana e possamos fazer dela o nosso ecrã, tal como no modo TV. Ironicamente, o modo estável poderá por vezes ser um pouco instável, já que o suporte em que a consola se apoia é um pouco frágil, pelo que terão de manusear a consola com cuidado ao colocarem-na neste modo.
A Switch é, assim, uma das consolas que mais completamente corresponde a esse ideal de oferecer uma grande variedade de experiências, que tem movido a Nintendo nos seus últimos lançamentos. Mas, como dissemos no início, não apenas tem sido este o objetivo da Nintendo, mas também arranjar novas maneiras para os jogadores poderem partilhar a sua experiência.
E a Switch é, mais uma vez, uma das consolas da Nintendo que mais satisfaz os objetivos delineados pela mesma. Um dos aspetos mais únicos da consola é o facto de os seus comandos, os Joy-Con, embora correspondam a «metades», digamos assim, de comandos tradicionais, funcionarem como comandos autónomos. Este facto, para além de evidentemente introduzir inúmeras novas maneiras de interagir com a consola, é acima de tudo fulcral para esta partilha da experiência.
Tal como com a NES, também com a Switch basta comprarem o bundle base para poderem partilhar desde logo a experiência com mais uma pessoa. E isto porque cada Joy-Con pode ser usado por cada um dos jogadores (mesmo em jogos em que não é suposto, como The Legend of Zelda: Breath of the Wild, o que dá aso a situações bastante caricatas e divertidas). Conjugando esta funcionalidade com a facilidade de levar a consola para qualquer lado e coloca-la em modo estável, torna-se possível encontrarem-se facilmente com amigos, pegarem na vossa consola e disfrutarem a qualquer momento por exemplo de uma partida de Mario Kart 8 Deluxe.
Para além desta funcionalidade, até 8 consolas podem ser conectadas em modo local (ao passo que só podem usar 4 Joy-Con por consola) e, obviamente, através do modo online poderão conectar-se simultaneamente com quantidades muito maiores de outros jogadores por todo o mundo. As funcionalidades em linha passarão a ser pagas a partir de uma data ainda por revelar, mais próxima do final do ano.
Ambos os comandos permitem ainda controlos por movimento, o que já foi aproveitado por jogos como 1-2 Switch e Just Dance 2017 e que introduzem uma nova dinâmica até em jogos de estilo mais tradicional, como The Legend of Zelda: Breath of the Wild. No futuro, jogos como ARMS também farão uso desta tecnologia.
O comando Joy-Con R (ou seja, o que se conecta á extremidade direita da consola) tem ainda um sensor de infravermelhos capaz de detetar a distância de certos objetos, assim como vários formatos (como sinais que possam fazer com a vossa mão). Até ao momento, esta funcionalidade ainda não foi muito utilizada, permanecendo ainda como um mistério quais os futuros usos que poderá ter.
A consola não é, no entanto, apenas um mar de qualidades e dois pontos (um deles mais do que o outro, certamente) saltam à vista pela negativa. O primeiro deles é a posição da entrada do carregador, que se situa na parte inferior da consola. Poderão estar a pensar «Sim, está na parte inferior da consola, e depois?» E depois o que acontece é que, infelizmente, devido a este posicionamento, passa a ser impossível jogar em modo estável enquanto tiverem a consola a ser carregada – o que, caso estejam a jogar títulos que exijam mais da consola, é algo recorrente, passando a ser impossível partilhar a experiência com amigos caso não tenham uma televisão disponível.
O segundo é a já muitas vezes referida pobreza do catálogo inicial, pois embora jogos como The Legend of Zelda: Breath of the Wild e Mario Kart 8 Deluxe sejam muito divertidos e ótimos para nos divertir durante horas a fio, tal como outros já disponíveis, a quantidade de títulos disponíveis e a variedade dos mesmos ainda não é muito grande. E isto pode-se verificar especialmente preocupante devido ao facto de muitos dos jogos dos grandes estúdios estarem a ser anunciados sem versões para a Switch, o que leva alguns a temer que esta possa ser mais uma consola que se aconselha somente aos fãs das séries da Nintendo (pois em termos de exclusivos, adivinham-se já grandes lançamentos, para além dos títulos já disponíveis).
Esperam-se muitas revelações durante a E3 deste ano, tanto por parte da Nintendo como de terceiros, pelo que existem expectativas de que nesse evento ficaremos a conhecer mais sobre os jogos que irão chegar durante a segunda metade do ano e início do próximo à consola, podendo-se aí ter uma ideia mais clara de se esta consola vai de novo contar com um relativamente reduzido apoio por parte de estúdios como por exemplo a EA, Activision, Ubisoft ou Konami.
Opinião final:
A Nintendo Switch, tal como as últimas consolas da Nintendo, não se foca no poder bruto, oferecendo em vez disso uma vez mais uma experiência única e que a diferencia do que está já disponível no mercado, desta vez especialmente pela versatilidade de experiências que é possível ter com a mesma, respeitando perfeitamente o slogan das suas publicidades «Quando, onde e como quiseres».
Embora já com grandes exclusivos como The Legend of Zelda: Breath of the Wild ou Mario Kart 8 Deluxe, o catálogo da consola é reduzido e aqueles que estão especialmente interessados nos grandes títulos AAA de estúdios terceiros poderão acabar por ficar dececionados com o apoio que esta poderá acabar por receber.
Com boas vendas no lançamento, ótimos títulos já disponíveis e a promessa de um continuado e regular apoio, a Switch proporciona uma grande variedade de experiências positivas, embora com alguns detalhes ainda por melhorar.
Do que gostamos:
- Três modos da consola: TV; portátil e estável;
- Dois comandos incluídos, o que permite partilhar a experiência desde o momento da compra;
- Funcionalidades como os controlos por movimento, detetor de infravermelhos, leitor NFC e ecrã multitouch;
- Ausência de region-lock;
- Grande variedade de formas de interação com a consola.
Do que não gostamos:
- Suporte um pouco instável;
- Relativamente baixa variedade de títulos disponíveis e possibilidade de pouco apoio externo;
- Localização da entrada do carregador.
Nota: 8,5/10