Não tendo tido muita experiência em jogos de skate desde sempre, tais como Tony Hawk ou mesmo a série Skate, foi com algum receio que iniciei este desafio de testar este jogo da Roll7, o acompanhante de Not a Hero: Super Snazzy Edition num lançamento duplo no dia de hoje. OlliOlli2 é a continuação do jogo já lançado no ano passado na Xbox One e a versão mais recente após ter saído em várias plataformas também no ano transacto. É, no entanto, tal como o seu par de lançamento, a versão mais completa e definitiva. Será que do mesmo modo acompanha o outro jogo da Roll7 e torna-se a mais recomendada?
OlliOlli2 é um daqueles jogos que se aprende a jogar em cinco a dez minutos, porém exige reflexos de lince e paciência quase mítica para o dominar. É daqueles que tem o factor “só mais um” até nos apercebermos que já andamos a tentar “só mais uma vez” no mesmo nível após 30 minutos. Basicamente temos de levar o nosso skater e elaborar truques ao longo de um mini nível cheio de obstáculos e oportunidades de pontuar. Cada curso tem uma variedade de desafios tais como fazer grind (escorregar com o skate), atingir uma pontuação específica ou simplesmente o completar sem cair. Ao completar todos os desafios uma versão profissional desse curso é desbloqueada, notoriamente desenhada para os mais veteranos no jogo.
O jogo tem uma mecânica bastante punitiva em termos de bastar simplesmente falhar o pressionar de um botão, por estar tanta coisa a acontecer ao mesmo tempo, causando momentos de frustração e por vezes raiva. Momentos esses mais cedo ou mais tarde completamente esquecidos quando conseguimos finalmente elaborar uma combinação gigantesca e a terminar na perfeição. Tudo isto ao longo de vários modos de jogo disponíveis, que vão desde simples pequenas zonas de 7 a 10 segundos para fazer truques, jogo local até 4 jogadores, free skate ou até desafios diários para tentar chegar ao topo comparando pontuações com o mundo. De nota a ausência de um modo online competitivo além destes desafios diários.
O modo principal (Carreira) oferece 25 cursos, sendo possível terminar cada um em menos de dois a três minutos, espalhados por 5 lugares distintos e exóticos como em lugares Aztecas onde temos espinhos e fossas de lava à nossa espera. Sendo sincero, tudo o que é preciso para terminar este modo é chegar ao final de cada nível mas a esta altura já deu para perceber que a velha máxima “é mais fácil falar do que fazer” aplica-se na perfeição aqui não é verdade? Uma coisa é terminar um nível “simplesmente” sobrepondo os obstáculos, outra é o terminar e ainda obter uma pontuação decente. E é aqui que o “só mais uma vez” vem ao de cima. Por sorte podemos simplesmente carregar no botão “Y” para recomeçar rapidamente caso cometamos algum erro.
Como já tinha mencionado, apesar da ausência de um modo online, temos ao menos um modo local onde podemos criar torneios e competir contra outros 3 amigos. Neste modo pode até definir-se a extensão e os modos de competição tais como pela melhor pontuação no nível todo ou num determinado tempo ou até uma simples corrida até ao final. Temos à disposição uma considerável variedade que com certeza serve o mote para bons momentos passados com amigos. Uma vez mais: é pena não ter sido implementado online.
Adicionado ao pacote como novidade e exclusiva para a Xbox One é o modo Free Skate, que permite navegar por 5 níveis consideravelmente mais extensos que os normais que nos permitem praticar os nossos truques num modo mais relaxado. É um pouco curioso, no entanto, ter este modo com o objetivo de treinar porém sendo os níveis diferentes dos que estão no modo principal não faz muito sentido pois ao treinar pretende-se eventualmente conseguir certos obstáculos específicos presentes nos níveis normais. Talvez versões mais simples dos níveis normais, ou a possibilidade de escolher exatamente o obstáculo que queremos treinar, fosse mais ideal.
A nível visual temos um estilo de arte interessante, definitivamente puxando para o look retro, no entanto mantendo as animações e suavidade extremamente bem. Temos também uma boa variedade de níveis conforme o local onde estamos, desde “Olliwood” até ao meio das selvas Aztecas. Sonoramente temos uma oferta com bastante qualidade em termos de banda sonora que entrusa-se perfeitamente no estilo e intensidade do jogo. A variedade musical inclusivé acaba por (dependendo do gosto pessoal de cada um, diga-se) amenizar um pouco a frustração das repetidas tentativas constantes.
Opinião final:
OlliOlli2 pega em tudo o que tinha o antecessor e acimenta-se nessa base, entregando uma experiência além de mais suave, também mais viciante. É um jogo que nos faz perder a noção do tempo e que apela à persistência do jogador e à capacidade de não ceder por frustração, é certo, pois a dificuldade atinge um pico bastante alto muito rapidamente, porém é a tal situação: quando conseguimos finalmente ultrapassar “aquele” nível que nos anda a importunar é uma sensação fantástcia e recompensadora da nossa perseverança. O estilo audio-visual está bastante bem conseguido e ajuda na qualidade em geral do jogo também o que comprova uma vez mais que nem sempre é preciso um jogo com orçamento AAA para fazer ter um produto final com qualidade. Uma palavra final de atenção a relembrar que o nível de dificuldade atinge muitas vezes picos extremos e pode levar jogadores mais casuais a alguma frustração. Uma vez mais, além do preço já estar bem ajustado e de ser a melhor versão de todas as lançadas até agora, se comprado em conjunto com o não menos brilhante Not a Hero: Super Snazzy Edition é aplicado um desconto no conjunto dos dois. Vale bem a pena. Recomendado.
O que gostamos:
- Estilo audio-visual muito bem conseguido;
- Tem o factor “só mais uma vez”;
- Modo multijogador até 4 pessoas com boa variedade;
- Desafios diários para comparar com o mundo;
- Variedade nos desafios;
- Aqueles momentos quando finalmente conseguimos passar aquele nível quase impossível
O que não gostamos:
- Nível de dificuldade pode, de facto, afastar alguns casuais;
- Sem modo online;
- Exige bastante do comando. A certa altura receei ter avariado com o meu;
- O modo extra Free Skate poderia ter sido melhor implementado.
Nota: 8,5/10