Análise – One Piece: Pirate Warriors 3

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Antes de mais nada, quero dizer que antes de ter a oportunidade de pegar neste One Piece: Pirate Warriors 3, era uma completa leiga no que toca tanto à série Dinasty Warriors e One Piece. Apesar de conhecer ambos os mundos, esta foi a primeira vez que pude ter uma experiência dos mesmos em primeira mão – tanto com altos como com baixos.

Apesar de ser já a terceira instância de um jogo Dinasty Warriors no mundo de One Piece, a produtora Omega Force regressou ao início da saga do popular anime e basicamente decidiu contar-nos a história toda desde o momento em que Luffy se decide tornar Rei dos Piratas e recrutar os diversos membros que eventualmente irão formar os seus Straw Hat Pirates, cobrindo grande parte do enredo do seu material de origem.

É impossível não questionar o porquê de um “regresso às origens” após um jogo que seguia o enredo e outro com uma história original, é importante dizer que Pirate Warriors consegue funcionar como uma introdução ao vasto mundo e rol de personagens de One Piece, mas acabando por não passar disso mesmo, uma introdução. À medida que vamos avançando no modo história – Legend Mode – é impossível não sentir que tentaram enfiar à força a maior parte de bocados da história que conseguiram, levando com personagens à toa e acabando com momentos de “por que raio está esta gaja a chorar de me ir embora, só a conheci há 5 minutos”. Momentos que imagino que tenham carga emocional no seu material de origem, aqui apenas servem para criar um sentimento de enredo feito à pressão.

Em Pirate Warriors 3, vão ter a oportunidade de dar porrada em tudo o que mexe, apenas para realizarem o vosso sonho de serem piratas.

Em Pirate Warriors 3, vão ter a oportunidade de dar porrada em tudo o que mexe, apenas para realizarem o vosso sonho de serem piratas.

Eu sei. eu sei, estamos a falar de um jogo da saga Dinasty Warriors, focado principalmente na ação e não deveremos esperar uma imensa trama dramática como pano de fundo. Mas é impossível não torcer o nariz a certos acontecimentos que são traduzidos em cutscenes que cortam um pouco o ritmo da ação e outros que apenas são referidos de passagem em sequências de texto introdutórias – tudo isto refletindo-se numa experiência narrativa muito heterogénea e pouco focada. Menos às vezes é mais e Pirate Warriors 3 peca por simplificar o que não deve e dar destaque a coisas que apenas parecem servir para piscar o olho aos fãs de One Piece.

Mas vamos ao principal, à jogabilidade. Pirate Warriors 3 é na sua essência um jogo bastante divertido, com a fórmula já bastante conhecida que se foca no combate contra hordas de inimigos, enquanto vamos conquistando determinados territórios, tentando ainda defender os mesmos da ameaça inimiga. Toda esta mecânica assenta num combate que pode ser facilmente visto como apenas button mashing, mas que na verdade oferece a possibilidade de serem efetuados diversos combos de acordo com a personagem que estamos a utilizar. Uma vez que o Legend Mode se foca na história de One Piece, a seleção de personagens é geralmente limitada às que são relevantes para determinado momento da trama, permitindo ainda assim ir experimentando uma e outra, aumentando as capacidades das mesmas à medida do nosso gosto.

Não só de combos se faz o combate, permitindo ainda selecionar uma personagem de suporte que aparece quando temos a nossa barra de ataque especial no máximo e ativamos a mesma, desencadeando um poderoso ataque que junta as capacidades da nossa personagem principal e da que escolhemos como suporte. Esta personagem de suporte pode ainda providenciar um golpe final, ao pressionarmos um determinado botão no fim de um combo, dando alguma variedade ao combate.

Joguem com diversas das personagens de One Piece. Sim, até com a rena.

Joguem com diversas das personagens de One Piece. Sim, até com a rena.

Cada nível tem uma miríade de objetivos que obrigam a determinados requerimentos para completar, que estão refletidos no Legend Diary, contribuindo para completar o jogo a 100% e que muitas vezes apenas podem ser atingidos ao voltar a jogar com outras personagens. Para isto têm o Free Mode, em que não estão limitados à seleção de personagens do modo história e onde poderão jogar os níveis que quiserem, quando quiserem, à vossa vontade. Por fim, para desbloquearem ainda mais conteúdo têm o modo Dream Log, onde poderão escolher qualquer das personagens que forem desbloqueando e basicamente serão largados num mapa com diversas ilhas e por sua vez, batalhas.

Pirate Warriors 3 pode ainda ser jogado em modo cooperativo local, permitindo assim uma experiência de jogo com dois jogadores em que é possível recorrer a estratégias diferentes do “vamos partir tudo”. Ou simplesmente partem tudo, mas a dobrar, o que não deixa de ser divertido. O grande senão deste modo recai na divisão do ecrã, que não é nada de novo neste tipo de modos mas que se torna frustrante para o segundo jogador (cujo ecrã é sempre o inferior) e que amiúde fica tapado com os ecrãs de texto que vão surgindo, diminuindo e muito a visibilidade – ainda que momentaneamente. O modo multijogador não é só local e podem ainda desfrutar do jogo com outros jogadores online.

O modo multijogador leva a pequenas falhas que acabam por distrair um pouco e que levam a pensar se tal pequeno detalhe não poderia ter sido corrigido. Principalmente com dois jogadores, é comum vermos no mapa uma personagem “duplicada” da nossa, principalmente quando essa mesma personagem é importante para a história. Portanto preparem-se para ver dois Luffys, duas Namis, etc. É algo que aparenta ser pouco importante, mas que no momento gera confusão e acaba por não fazer sentido. Se a personagem X ou Y é importante e nós já a selecionámos como personagem jogável, por que raio aparece a mesma no mapa? Detalhes.

Pirate Warriors 3 vive em pleno o lema de “Quantos mais melhor”.

Pirate Warriors 3 vive em pleno o lema de “Quantos mais melhor”.

Apesar de as suas características motivarem e potenciarem uma maior “rejogabilidade”, pode-se dizer que Pirate Warriors 3 corre o risco de rapidamente se tornar repetitivo. Sejamos sinceros, os níveis são mais do mesmo, um a seguir ao outro. A dificuldade não é excessivamente elevada e o jogador pode tanto dar consigo a querer completar tudo a 100% e obter S ranks em todos os níveis, como pode rapidamente ficar aborrecido com a fórmula que é repetida até à exaustão em cada nível, com pequenas diferenças cosméticas.

A nível gráfico, Pirate Warriors é sem dúvida um jogo lindo. Os visuais coloridos remetem na perfeição para o mundo de One Piece e é um mimo ver as cutscenes bem animadas, transpondo a animação bidimensional excelentemente para um mundo 3D. Apenas seria bom ver um pouco de consistência, uma vez que narrativa é avançada tanto por sequências que parecem retiradas do manga, como pequenos excertos com gráficos 3D, até cutscenes completamente animadas e simples excertos de texto que tentam lá enfiar o máximo possível de informação. A nível sonoro, podem contar com todo o trabalho dos atores japoneses, existindo apenas localização em inglês a nível do texto, o que resulta na perfeição. Principalmente para os fãs, imagino que deveria ser muito estranho ter as vozes dobradas e deste modo acaba por ajudar à imersão no mundo do manga/anime. A isto junta-se a banda sonora, que ajuda à adrenalina e se enquadra perfeitamente com um jogo que prima pela ação frenética.

Opinião final:

É um jogo definitivamente formulaico, mas entende-se por que é que a fórmula tem sido repetida vezes sem conta. Pirate Warriors 3, apesar de poder ser visto como uma experiência de jogo repetitiva e com falsa estratégia, é na sua essência um jogo imensamente divertido, tanto a solo como com outros jogadores e que tanto permite aos fãs de One Piece experienciarem a história e personagens em primeira mão, como criará definitivamente novos fãs que aqui serão introduzidos a todo um mundo bizarro, emocional e extremamente divertido e que até hoje continua a dar pano para mangas.

O que gostamos:

  • Boa experiência introdutória tanto a One Piece como a Dinasty Warriors;
  • Jogabilidade divertida e com uma curva de aprendizagem pequena;
  • Gráficos coloridos e que se enquadram com o material de origem;
  • Modo multijogador local que torna a experiência muito mais divertida.

O que não gostamos:

  • Enredo apresentado à pressão, como se quisessem enfiar o máximo possível em poucos capítulos
  • Duplicação de personagens, principalmente no modo multijogador;
  • Mau enquadramento das caixas de texto em modo splitscreen, levando a pequenos momentos de pouca visibilidade.

Nota: 7/10