Outlast, produzido pela produtora independente Canadiana Red Barrels, foi um dos primeiros jogos de terror a chegar à PlayStation 4 e Xbox One. Desde logo foi reconhecido pela sua habilidade em aterrorizar e assustar as pessoas que o jogavam, e deu uma nova alma ao género. Agora foi finalmente lançada a sequela chamada de Outlast 2, que desde logo prometia ser ainda mais assustador, mas será que o é? Quando se inicia o jogo e nos deparamos com a mensagem “O Outlast 2 contém violência intensa, conteúdo sexual e linguagem pesada”, já ficamos com uma ideia do que esperar, embora na verdade o inesperado seja uma constante no jogo.
Em Outlast 2 somos Blake Langermann, marido e assistente de Lynn Langermann, uma repórter investigativa que está à procura de respostas em relação à misteriosa morte de uma jovem grávida numa área rural do Arizona. Nós, como Blake Langermann, seremos o cameraman, e teremos que gravar toda a experiência. Quando vão no helicóptero para investigarem a fundo o ocorrido, algo acontece, e acabam por despenhar. Quando Blake Langermann fica consciente, vê o helicóptero a arder e apressa-se à procura da sua mulher, mas rapidamente se apercebe que ela não está ali. Enquanto a procuramos, ficamos a saber que não estamos sozinhos e que algo de muito errado se passa. A uma certa altura ficaremos a saber que Lynn Langermann foi raptada e que há planos doentios para ela.
Esse é o ponto de partida do enredo do jogo. Assim que ganhamos controlo, um dos aspectos que realça de imediato é que é um jogo escuro, com um ambiente bastante pesado e a banda sonora ajuda a isso, com músicas ou sons que nos incitam ao medo. A própria fé é colocada em jogo e tocam nesse assunto de uma forma extremamente maléfica. Os cenários tem um design bastante apropriado para incutir esse medo, deixando-nos desconfortáveis e sempre atentos ao nosso redor e ao mínimo barulho. Apesar disso, há uma certa beleza em tudo isso, pois esteticamente está impecável. E sendo o protagonista um cameraman, ao contrário do primeiro Outlast, temos em nossa posse uma camera mais avançada com imagens mais nítidas, gravando tudo a 1920×1080 pixels a 50Mbps. Além disso é agora possível fazer zoom e a camera tem um sistema de deteção de áudio que permite detectar ruídos, passos e até mesmo ouvir melhor conversas à distância.
No entanto o mais útil é a visão noturna, pois sem isso era quase impossível avançar no jogo, já que há partes bastante escuras que não dá para ver um palmo à frente. Claro que um uso constante da camera faz com que a bateria acabe rapidamente, pelo que é necessário estar atento aos cenários para encontrar baterias, de forma a ser possível trocar a bateria gasta por uma nova. Também é possível aceder à camera para ver todas as filmagens armazenadas. É um pequeno detalhe, mas sendo que Blake Langermann é um cameraman encarregue de gravar toda a experiência e descobrimentos para eventualmente revelar isso ao mundo, isso torna a experiência mais credível.
Durante todo o jogo, também nos fazem questão de nos lembrar que não somos nenhum herói, somos apenas um humano sem habilidade para combate corpo-a-corpo e somos apenas um cameraman. Basicamente as opções são andar, utilizar a camera para gravar, correr, fazer slide, saltar, subir para cima de algo e esconder-se dos inimigos, ora em cacifos, ora debaixo de água, ora noutro sítio em que tenhamos essa opção. Se algum inimigo aparecer à nossa frente, a única opção é esconder, ou se ele nos detetar, correr para algum sítio seguro onde ele não nos encontre. Ai o medidor de stamina tem uma grande influência, ou seja, se corrermos muito, a personagem ficará cansada e começará a ficar mais lenta, pelo que há que fazer uma boa gestão dessa mecânica, começando-se a correr na altura certa, pois caso contrário o perseguidor irá alcançar-nos. Se por acaso formos apanhados, não significa que o protagonista morra, mas fica ferido, e lá está, há que correr e depois esconder-se. Aqui há que referir que a saúde de Blake Langermann não se regenera automaticamente. Se estiver ferido, há que colocar um curativo, que se poderá encontrar em diversos locais.
As únicas críticas a apontar ao jogo é a pouca quantidade de sustos que nos causa, alguns níveis do jogo menos entusiasmantes e alguns problemas técnicos. No que toca ao primeiro caso, há pequenos jump scares, mas não é muito extremo e grande parte deles não chegam a causar um susto. O jogo incita mais ao medo psicológico, com cartas a relatarem coisas extremamente desagradáveis e acontecimentos horríveis. Em relação aos níveis, diria que os mais entusiasmantes são aqueles mais misteriosos, aqueles em que ouvimos sons mas não sabemos o que é ou quem é, bem como aquelas partes sobrenaturais e horrendas. No entanto há partes do jogo que não são tão interessantes, como as partes em que vemos “humanos” loucos com facas e lanternas à nossa procura. Nesses casos não sinto que esteja a jogar um jogo de terror, mas sim de stealth, talvez por faltar mais emoção nesses actos. No que toca aos problemas técnicos, não são muitos, mas num ou noutro nível notei que o frame-rate desceu tanto ao ponto do jogo gaguejar na altura em que virava a camera. Também me deparei com carregamentos de texturas à medida que interagia com o cenário.
Opinião final:
Se querem um jogo de terror, com um ambiente pesado, mistério e acontecimentos horrendos, que vos faça ficar com receio do que poderá acontecer a seguir, Outlast 2 é esse jogo, e é bom no que faz. Não é perfeito, mas não deixa de ser um dos melhores jogos do género nesta geração de consolas e estamos a falar de um indie, que ao contrário de muitos jogos AAA, tem legendas em Português. O jogo já se encontra à venda e está neste momento a 29.99 euros, o que não é muito caro para os padrões de qualidade de Outlast 2 e acima de tudo para um jogo que acabou de ser lançado. Além disso já é possível encontrar nas lojas o Outlast Trinity, uma coleção que traz Outlast, Outlast Whistleblower e Outlast 2 e que custa 39.99 euros. Ou seja, preços acessíveis para jogos de terror de qualidade.
Do que gostamos:
- Enredo interessante;
- Ambiente pesado que incita ao medo;
- A banda sonora faz um grande trabalho em aumentar a tensão;
- Jogabilidade simples mas divertida;
- Legendas em Português.
Do que não gostamos:
- Não é um jogo que cause muitos sustos;
- Alguns níveis menos entusiasmantes;
- Algumas quedas de frame-rate e carregamento de texturas.
Nota: 8/10