Uma das séries que mais me conquistou na altura da PSP (e sobre a qual já publiquei um artigo no site) foi Patapon, uma série de jogos rítmicos que, ao contrário de muitas outras do género, não se fica por algo de simples e pouco trabalhado, mas se aventura, por outro lado, pelo género dos RPG. A combinação destes dois géneros pode parecer estranha, mas acaba por resultar muito bem, tornando esta numa das mais únicas franquias no reportório da PlayStation.
O motivo para que tal junção resulte tão bem é a função e a maneira como é implementada a componente rítmica do jogo. Os patapon são criaturas humanoides de um só olho que têm tanto de aventureiras e guerreiras, quanto de religiosas. Neste sentido, o nosso papel é o papel de Deus – o Deus dos Patapon, que se encarrega de fazer ressurgir a glória ancestral desta tribo, e de permitir que a sua jornada pelos confins da terra (literalmente, pois o objetivo é o Earthend) seja uma de sucesso.
Tocando os nossos tambores divinos – PATA (quadrado), PON (círculo), DON (cruz) e CHAKA (triângulo) – no momento e pela ordem certos, ordenamos aos Patapon que realizem tarefas diferentes. As ordens que lhes damos são “pronunciadas” pelos batuques em 4 tempo e variam entre atacar, defender, escapar, andar para a frente, e mais, que se vão desbloqueando ao longo do jogo. Após a ordem dada, estes guerreiros repetem animadamente o ritmo que lhes impomos (cantando em tons equivalentes aos sons dos vários tambores). Este momento de espera em que as ações são realizadas permitem um compasso de espera entre cada uma das nossas ordens, momento em que temos de observar bem os movimentos dos inimigos e o que temos pela frente, e optar rapidamente por que ordem dar a seguir.
Ao longo do jogo, encontramos vários tipos de expedições, novos tipos de patapon, inimigos crescentemente impressionantes (com os quais nos defrontamos com equipamentos também crescentemente impressionantes), cenários muito variados e uma história épica de conquista. Patapon não se tornou num dos clássicos da PSP por nada, e os anos não lhe fizeram moça. Continua tão divertido como nos lembramos, e portanto um título a que nos podemos, com confiança, entregar durante as dezenas de horas que toma até ser terminado e explorado a 100%.
A experiência que chega agora à PlayStation 4 é essencialmente a mesma, contando apenas com visuais melhorados e de acordo com as capacidades desta nova plataforma em que se encontra, e suporte para troféus – novidade que pode aliciar os que gostam de completar tudo a 100% e de colecionar troféus de platina. Neste sentido, os problemas e virtudes que podiam ser atribuídos ao jogo na sua versão para a PSP, podem ser atribuídos também a esta versão, nomeadamente alguns picos de dificuldade e uma eventual possível repetitividade (que no entanto é comum neste tipo de jogos e nunca é limitativa ou especialmente presente).
Esta falta de qualquer adição, por menor que seja, já justificaria alguma insatisfação, mas quando reparamos que mesmo nesta versão existem (embora não muito frequentes) problemas de quedas no framerate, esta torna-se necessária. É imperdoável que um jogo da PSP tenha quedas, mesmo que esporádicas, no rácio de fotogramas por segundo ao ser transposto para uma consola tão poderosa como a PlayStation 4.
Não há muito mais a dizer sobre esta versão. Perde a possibilidade de ser levada para onde quer que vamos, mas ao mesmo tempo apresenta-se numa versão embelezada pelos gráficos de alta definição que a PlayStation 4 permite. Infelizmente, tirando estes gráficos atualizados e a adição de troféus, não há muito mais que nos motive a apostar nesta remasterização.
Opinião final:
Patapon era um excelente jogo na PSP… e assim continua mesmo passados já 9 anos desde o seu lançamento. Não é por acaso que teve duas sequelas e que os três jogos em conjunto formam uma das mais clássicas da portátil da Sony. Infelizmente, este lançamento não acrescenta nada de muito interessante, tirando os gráficos melhorados e o suporte para troféus. Incompreensivelmente também, tem problemas esporádicos de momentâneas quebras no rácio de fotogramas.
Resumidamente, Patapon continua igualmente divertido passados todos estes anos e a valer sem via de dúvidas uma hipótese. Nota-se, no entanto, alguma falta de dedicação a esta versão, que, no entanto, é bastante capaz e a melhor possível para quem nunca teve oportunidade de experimentar este clássico.
Do que gostamos:
- Boa disposição que transpassa das músicas e apresentação no geral do jogo;
- Jogabilidade continua divertida e envelheceu bem;
- Gráficos melhorados e suporte para troféus;
- Várias horas de diversão, com vários tipos de expedição, minijogos e elementos de RPG.
Do que não gostamos:
- Quedas esporádicas no rácio de fotogramas;
- Falta de novidades que distingam esta versão;
- Perda da possibilidade de levar o jogo connosco para todo o lado.
Patapon já se encontra disponível na PlayStation Store por um preço base de 14.99€ e, no momento em que esta análise foi publicada, devido a ser alvo de uma promoção, encontra-se disponível por 9.99€.
Nota: 7/10