Análise – PixelJunk Monsters

PixelJunk-Monsters

Nos últimos anos, a aposta nos jogos indie tem crescido imenso e cada vez mais equipas de pequenas dimensões aspiram ao sucesso com projetos originais e que representam uma alternativa a muitos dos standards dos jogos AAA.

De entre estas séries, quase todas acabam por ter direito a apenas 1 ou 2 lançamentos, e por aí ficam. No entanto, outras equipas mais ambiciosas, como é o caso da Q-Games, equipa por trás de PixelJunk, tiveram como ponto de partida criar jogos nos mais variados géneros, todos sob o mesmo nome. Assim, o nome «PixelJunk» funciona um pouco como «Mario», que aparece em jogos de vários géneros, como os spin-off Mario Party e Mario Kart, para além, claro está, das séries principais de plataformas 2D e 3D. Assim sendo, a grande diferença entre os dois é que PixelJunk não tem um género que se possa dizer que seja o principal, mas apenas um título por cada, ao contrário de Mario, cujo foco é nos jogos de plataformas em 2 e 3D.

O primeiro título desta série foi PixelJunk Racers, um jogo de corridas exclusivo para a loja digital da PlayStation 3, lançado em setembro de 2007. Poucos meses depois surgiu PixelJunk Monsters, também em exclusivo para a PlayStation 3 mas que, ao longo dos anos, foi recebendo várias versões para as várias plataformas.

Em maio deste ano, pelas mãos da Double Even, foi a vez da Wii U receber este jogo indie de tower-defense em que, como é habitual no género, devemos posicionar vários tipos de torres em locais específicos ao longo do percurso dos nossos inimigos, impedindo-os de avançar e alcançar a nossa base. Nesta, várias criaturas deambulam de um lado para outro e, por cada inimigo que alcance a nossa base, uma delas é destruída. Estando todas as criaturas mortas, o jogo acaba e tem-se de recomeçar o desafio.

Que caminho proteger primeiro?!

No entanto, nem tudo em PixelJunk Monsters é igual ao que é comum no género. Neste jogo, ao contrário do que é costume, o jogador não seleciona o local onde quer colocar as torres defensivas e está feito. Para o fazer, tem de controlar Tikiman – O Guardião da Floresta – de um lado para o outro, uma vez que só quando o local em que queremos fortalecer a nossa defesa estiver no seu alcance o personagem lhe pode fazer alguma coisa. Há, no entanto, que referir, que o ângulo de visão é igual, pelo que a única diferença é exatamente a presença do pequeno e frenético guardião.

Embora esta mecânica seja original e resulte bem nos momentos iniciais, assim que o jogo fica mais complexo, o número de inimigos aumenta e, portanto, a velocidade exigida aos jogadores também, torna-se apenas chata, não adicionando nada de valor ao jogo, a não ser um ligeiro aborrecimento de esperar que o personagem fosse mais rápido.

As torres são construídas no lugar das árvores que circundam um caminho curvilíneo, por onde passam várias hordas de inimigos com várias características, existindo todo um leque de adversários, desde os mais rápidos, mas menos resistentes, até autênticos tanques, se bem que lentos. Assim que os derrotamos, deixam cair moedas que (movimentando Tikiman, é claro) podemos posteriormente apanhar. Moedas essas que, embora difíceis de obter em momentos de ritmo mais elevado, são essenciais para se construírem torres mais fortes e sem a ajuda das quais é simplesmente impossível vencer os invasores.

Não importa quantos sejam, Tikiman não vai deixar a floresta morrer.

É precisamente neste dilema de ter de colecionar moedas, mas, ao mesmo tempo, ter pouco tempo para andar com Tikiman, que se encontra o desafio de Monsters, e que nos leva a ter sempre em mente qual o caminho que melhor favorece a nossa defesa. Por exemplo, se tivermos muitas moedas espalhadas na vertical pelo lado esquerdo do ecrã e com uma torre por reparar no canto inferior esquerdo, estando no centro, é muito mais produtivo ir primeiro buscar as moedas da parte de cima e depois ir descendo até se chegar à torre que queremos reparar.

Através de PixelJunk Monsters percebi também que a Wii U é uma das consolas mais bem preparadas para este tipo de jogo, uma vez que estes se pode jogar de 3 maneiras distintas (uma delas resulta que especialmente bem e que é específica do hardware da consola): a primeira é a tradicional, em que o jogo corre apenas na TV (e se pode controlar a ação, por exemplo, com o Wii U Pro Controller); a segunda é a que está presente em muitos jogos da Wii U, e em que o GamePad apresenta exatamente a mesma imagem que na TV, podendo-se jogar em modo off-screen; finalmente, a terceira, é a que está patente em jogos como Zombi U, onde o que é exibido na TV é diferente do que é exibido no ecrã do GamePad.

Com esta terceira maneira de jogar, passa a ser possível ter um maior controlo sobre a ação e assim aproveitar ainda mais a dimensão estratégica de PixelJunk Monsters, tendo acesso direto às melhorias que, caso contrário, apenas podem ser feitas na base. O que nos ajuda a poupar tempo precioso.

Em termos de conteúdo, o jogo está bem equipado, com 47 níveis e ainda alguns desafios extra, para além de um modo cooperativo a nível local, o que faz da versão Wii U, como referido no trailer, a definitiva deste jogo ( a que acrescem as características do hardware, referidas em cima). Pode-se, por isso, dizer que a Q-Games e a Double Even fizeram um bom trabalho com este port.

Mas não só em termos de conteúdo PixelJunk Monsters se apresenta completo e competente, também em termos visuais, com um estilo cartoon que está bem ao nível dos vários jogos desta dimensão espalhados pela Nintendo eShop. Com várias cores e pormenores bem desenhados, este jogo entrega uma experiência sólida que, embora não seja nada de espantoso, não desaponta.

Opinião Final:

Se gostam de jogos de tower-defense mas, por um lado, estão cansados do estilo típico do género, PixelJunk Monsters pode ser o jogo para vocês uma vez que apresenta uma mecânica inovadora no género (se bem que mais stressante). Em especial, a versão Wii U pode ser uma ótima escolha mesmo para aqueles que tenham as outras plataformas onde o jogo foi lançado, pois tanto os esquemas de controlo específicos desta versão como a grande quantidade de conteúdo incluído proporcionam uma experiência sem rival nas outras versões.

Do que gostamos:

  • Mecânica inovadora no género;
  • Várias maneiras de jogar (incluindo uma perfeitamente adequada ao género);
  • Estilo visual atrativo e competente;
  • Quantidade de conteúdo suficiente.

Do que não gostamos:

  • Mecânica original torna o jogo mais stressante…
  • … o que pode levar a alguns momentos de frustração.

Nota: 7/10