Análise – Pocket Card Jockey

analise_pocketcardjockey_portugalgamers

Pocket Card Jockey é um projeto que surgiu da necessidade da equipa da Game Freak – mais conhecida pelos jogos da série Pokémon – e criar algo diferente nos seus tempos livres. O que daqui nasceu foi um jogo que deveria surgir em anúncios para alertar contra os malefícios do vício do jogo. Fica desde já o aviso, se decidirem pegar em Pocket Card Jockey preparem-se para uma experiência quase masoquista.

A premissa é simples mas também poderá fazer com que muita gente torça o nariz. Basicamente, vocês são um jockey cujo objectivo é completar corridas de cavalos cuja performance vai ser determinada pelo vosso melhor jogo de Solitário. Exacto, leram bem. E aquilo que parece ser extremamente simples rapidamente se torna numa verdadeira experiência de paciência. Não me entendam mal, o jogo é fácil de compreender e aprender… o difícil é conseguir ser bem sucedido.

Quando começam a vossa carreira, podem escolher de vários cavalos, cujos donos são personagens no mínimo pitorescas. Um cavalo jovem, com apenas dois anos, tem ainda muito a aprender e durante as corridas terão a oportunidade de apanharem cartas que tanto servirão para vos dar mais experiência, aumentar de nível e os atributos, assim como para obterem habilidades especiais. Durante esta fase, continua a ser importante ganharem corridas uma vez que assim vão obtendo troféus. Determinados troféus apenas podem ser obtidos mediante determinadas condições e se forem do tipo de jogador que gosta de coleccionar tudo, este será um ponto fulcral.

Saírem fora da vossa zona de conforto poderá compensar ou resultar numa derrota vergonhosa.

Saírem fora da vossa zona de conforto poderá compensar ou resultar numa derrota vergonhosa.

Após o vosso cavalo chegar aos quatro anos, o mesmo deixa de crescer e poderão acompanhá-lo em várias corridas no Mature Mode. Aqui, o foco será mesmo em ganharem corridas, podendo ir apanhando cartas que vos aumentará a energia. Mas se perderem três corridas, o vosso cavalo será transferido para a quinta, onde poderá viver o resto de uma vida feliz. Aqui, podem emparelhar determinados cavalos para que possam nascer futuros campeões.

No jogo de Solitário, não esperem que as coisas são fáceis. É preciso gerir a boa disposição do vosso cavalo, que rapidamente poderá decrescer caso não consigam terminar um dos jogos de cartas – ou caso cometam erros, ou deixem muitas cartas… basicamente o vosso cavalo será muito temperamental. Caso o deixem ficar mal disposto, entrará num estado frenético em que não vos dará ouvidos, perdendo toda a stamina e acabando com as vossas hipóteses de serem vencedores. Ainda assim, devem tentar ser aventureiros e lançarem-se a desafios, podendo entre jogos de Solitário desenhar o percurso para posicionarem o vosso cavalo na corrida. Quanto mais estiverem na linha de dentro do circuito, menos stamina perdem mas o jogo de cartas será muito mais difícil. É tudo uma questão de gestão cuidadosa que poderá tanto levar-vos ao pódio como estragar-vos toda uma corrida.

Em suma, Pocket Card Jockey é isto e confesso que lido assim, parece muito pouco. Mas garanto-vos que rapidamente vão perder umas boas horas com este jogo. As personagens não são muitas mas todas têm uma personalidade muito própria, desde os donos dos cavalos – cada um com a sua motivação para ganhar – à vendedora ambulante Chirp e o seu robot. Para além das vossas excelentes capacidades, podem contar com a ajuda de alguns itens que podem comprar a Chirp, com o dinheiro que vão ganhando nas corridas. Na maioria das vezes, é difícil perceber se de facto estes itens estão a ajudar em alguma coisa e o seu preço que de repente se torna exorbitante acaba por fazer com que caiam no esquecimento. Para além destes itens, podem ir comprando peças de puzzles (que saem à sorte) que, quando completos, vos darão diversos bónus.

Depois de uma carreira frutífera, o futuro é uma quinta para viver o amor.

Depois de uma carreira frutífera, o futuro é uma quinta para viver o amor.

Apesar da sua simplicidade, Pocket Card Jockey consegue ser impiedoso. Quando terminam uma corrida da pior forma, um pequeno cavalo dá-vos algumas dicas e diz-vos o que fizeram de mal e perdi a conta às vezes em que me foi dito que fiz tudo bem mas os outros simplesmente foram melhores do que eu. Infelizmente, irão encontrar muitos destes momentos, mesmo quando acham que já apanharam todas as manhas ao jogo e que já percebem o que devem fazer para que a vossa performance seja o melhor possível. Basta um pequeno passo em falso ou o vosso cavalo simplesmente não ter adquirido experiência suficiente para que as corridas seguintes não vos corram de feição. Muitas das vezes a frustração será uma certeza, parecendo que o decorrer das corridas está mais sujeito a sorte do que propriamente à aprendizagem do jogo, algo que poderá afastar muitos dos jogadores que rapidamente sentirão que não vale a pena insistir com um jogo cuja recompensa parece não depender do seu esforço. Ainda assim, Pocket Card Jockey é um jogo perfeito para uma portátil, permitindo jogatanas rápidas mas prometendo que se vão perder numas horinhas de cada vez.

Opinião final:

Pocket Card Jockey consegue provar que às vezes o menos é mais. Com um conceito simples e que até poderá passar despercebido a muitos, encontra-se aqui um jogo que ao juntar corridas de cavalos a um jogo de cartas resulta numa experiência viciante e divertida que possui a capacidade de absorver o jogador. Apesar de por vezes ser impiedoso e até injusto, vi-me a voltar diversas vezes a Pocket Card Jockey, cujos momentos bons e divertimento suplantam as dificuldades que o jogo nos coloca.

O que gostamos:

  • Junção de conceitos improvável;
  • Jogo com bastante personalidade;
  • Jogabilidade simples mas viciante.

O que não gostamos:

  • Picos de dificuldade injustos que invalidam o empenho do jogador.

Nota: 8/10