Apesar de com algum ceticismo, admito que foi com alguma expectativa que voltei a Pokémon na sua sétima geração. Assim que o comecei, perguntei-me a mim mesma se iria ter sorte. Após algumas “re-visitas” ao passado bem e mal sucedidas (oh White, porque é que existes), tive algum receio, que acabou por ser infundado. Pokémon Sun & Moon são excelentes entradas tanto para quem está habituado à velha fórmula como para quem aqui terá a oportunidade de se deixar imergir neste mundo. Tive a oportunidade de experimentar Pokémon Sun e perder-me no mundo de Alola, pelo que esta análise se baseia nesta versão de Pokémon.
Há tanta novidade e tanto por onde começar, mas, ao mesmo tempo, parece que nada mudou. É o mesmo jogo de sempre, com umas quantas inovações para quem ainda está bem habituado ao velhinho modelo de Pokémon. Senti que houve um círculo completo quando soube que a nossa personagem se tinha mudado de Kanto, a primeira região do primeiro jogo. Muitos jogadores começaram a sua jornada lá e agora estamos em Alola, uma região completamente desconhecida para a nossa personagem e, ao mesmo tempo, para nós. Estamos ambos a descobrir tudo pela primeira vez: as ilhas, as cidades, a cultura, a comida e até os Pokémon. A região de Alola é uma excelente homenagem ao Havai, com o seu clima quente e relaxado, onde os habitantes convivem com os seus Pokémon regionais. Um detalhe interessante que tem vindo a ser revelado nos Direct é a caracterização ou adaptação regional de alguns Pokémon conhecidos. São os mesmos de sempre, mas ou com outras paletes de cor ou anatomia diferentes.
Então, depois de uma cutscene de uma miudita a fugir de pessoas com má aparência e a carregar uma mala onde se esconde um Pokémon misterioso, o jogo passa imediatamente para a nossa personagem – podemos escolher o sexo, aparência, nome, etc – e começamos o jogo, mas não a sério. Pela frente temos umas boas horas de tutoriais. Para quem já conhece isto de trás para a frente, uma opção para saltar seria uma bênção dos deuses. Mas não. Temos de passar pelo mesmo de todos os jogos: conhecer o professor residente, o futuro rival, escolher o companheiro inicial e começar a aventura. Finalmente, mas Sun (a versão que nos foi gentilmente disponibilizada) até faz algumas coisas de maneira diferente.
Devo dizer que gostei da visita guiada às diversas lojas da cidade, aproveitando para mudar de roupa e ir ao cabeleireiro. Há que definir as prioridades e antes disso já tinha apanhado uns quantos Pokémon nos subúrbios e ido à escola. Mas, mas, ir à escola? Sim, para serem treinadores dignos desse nome, têm de passar por umas aulinhas e derrotar uns quantos alunos, seguidos da professora que não deve ser muito boa porque foi logo abaixo. E só depois, quando o jogo está mesmo, mesmo a arrancar, conhecemos o grupo rival, a Team Skull que anda com um estilo bem inspirado nessa espécie que é o belo do basofe. Foi um momento embaraçoso, mas não falemos mais disto.
Bem, já aconteceu tanta coisa e o jogo mal começou! Finalmente podemos começar o Island Challenge. Ah esperem, tenho que vos explicar o que é isso. Ora bem, o Island Challenge é uma das boas novidades desta nova geração. Em vez de termos os tradicionais ginásios, temos estes desafios que nos farão viajar por todas as ilhas e completar os respetivos Trials que passam por apanhar itens, tirar fotografias de Pokémon, etc. No fim, temos de combater com o Pokémon Totem que é uma espécie local maior e com poderes especiais. Quando concluirmos os Trials todos de uma ilha iremos defrontar o Kahuna que é quase como o líder do ginásio. Quando ele nos aprovar, então passaremos à próxima ilha. E as novidades não se ficam por aqui. Ainda no combate, temos as Battle Royale que é um tudo ao molho e fé em Deus, ganha o último Pokémon em pé. Depois temos as Z-moves que são ataques criados de raiz para estes dois jogos e que envolvem sequências animadas onde desencadeamos ataques brutais, mas que só podemos usar uma vez por combate.
Nem só de combate vive Pokémon. Existem muitas outras coisas para fazer que envolvem um pouco mais de amor, como cuidar dos nossos amigos, alimentá-los e deixá-los a treinar na Poké Pelago, um conjunto de ilhas com diversas áreas para treinar os Pokémon que deixamos no computador. Sem falar que, coitadinhos, vão-se sujar todos nas batalhas e cabe-vos a vocês lhes darem um banhinho. Sim, leram bem, dar banho aos vossos Pokémon, escová-los, basicamente cuidar deles para criar uma maior ligação com os mesmos e assim melhorar o desempenho em combate. O Festival Plaza, que é um grande parque de diversões onde podemos passear, meter conversa com NPC ou com amigos reais. Visitar diversões, barracas de comida e interagir com os nossos Pokémon. É uma boa distração. Há muita coisa nova mesmo, e ainda outras funcionalidades de jogos anteriores como as Mega Evoluções e a personalização da personagem.
O estilo gráfico continua o mesmo desde o X/Y em que o 3D contribui para uma melhor imersão no mundo do jogo, com as batalhas a terem maior destaque. Há mais animações de ataques e até expressões. Os Z-moves são um espectáculo digno de se ver, mas nem tudo é fogo de artifício. Não é incomum vermos algum detalhe mais pixelizado face ao cenário. Acontece em algumas personagens ou no céu do jogo. Nada que estrague a experiência. A música é outro factor bastante positivo com temas quentes, mexidos e bem-dispostos que dão um cheiro a aventura, mas sem esquecer as origens. Ainda encontramos temas clássicos como o do Poké Center que não nos deixam esquecer onde estamos. Tudo combina tão bem e o resultado é uma sétima geração sem sinais de parar; dois jogos novos quase perfeitos com horas e horas de diversão e competição para os mais ferrenhos.
E nem me debrucei sobre a história, mas é realmente necessário? Quando é que o enredo de um Pokémon foi realmente bom? As minhas desculpas ao mais sensíveis, mas acho que ainda não é desta vez. Vá, não é mau ou péssimo, mas a narrativa nunca foi forte e a repetirem os mesmos clichés, não irão longe. Temos a personagem em idade de começar uma aventura, o rival, o grupo de malfeitores e a liga. E existe outra organização presente que procura ajudar os Pokémon em perigo, a Fundação Aether. Mas algo estranho se passa… e mais não digo.
Não que me importe com estes detalhes ou com o facto de a história almejar a um público mais infantil. Às vezes é o que precisamos depois de um dia de trabalho: algo simples e lutas viciantes. Apenas tinha um desejo: que a nossa personagem falasse. O personagem silencioso já cansa um pouco, ainda que dê para escolher alguns diálogos, mas nem sequer têm qualquer influência no decorrer da história.
O último ponto menos bom é não haver registo das nossas Quests e side-quests. Por vezes alguém vai vos pedir favores, mas se desligarem a consola é bem provável que se esqueçam e, não havendo diário, lá deixam escapar uma missão e uma boa recompensa monetária (ou outra).
Se tiverem dúvidas sobre se devem ou não agarrar a nova geração de Pokémon, façam-no. A fórmula que pode parecer velha e gasta foi aqui devidamente renovada tanto para apelar a novos jogadores como ao sentimento de nostalgia dos fãs de longa data da série. No fundo, Pokémon Sun e o seu mano Moon são excelentes títulos da 3DS e que recomendo a todos – fãs ou não.
Opinião final:
Pokémon está de volta, se é que alguma vez partiu. Pokémon Sun e Moon estão aqui para apelar à saudade, à primeira região, e nem é por nada que os nossos amigos Ash e Gary aparecem. Joguem para saber mais, e convençam os vossos amigos a trocar e apanhar o máximo de Pokémon possível. Alola e todos aqueles Pokémon tropicais são a companhia perfeita para estes dias frios. Certifiquem-se de que estão abastecidos de Pokébolas, Poções e protector solar e toca a apanhá-los a todos!
Do que gostámos:
- Gráficos e música;
- Z-moves;
- O Pokémon inicial Popplio!
Do que não gostamos:
- O longo tutorial;
- A vergonha alheia da Team Skull.
Nota: 9/10