Project X Zone 2 (PXZ2) não é um mau jogo, mas também não se irá certamente qualificar como um título obrigatório para muita gente.. Essencialmente, PXZ2 é pura fanfiction que mistura as nossa personagens favoritas em aventuras tolas. É impossível não jogar com um sorriso nos lábios quando vemos as personagens de Fire Emblem a aliarem-se às de Tales of Vesperia, mas quando decidem forçar explicações para todas as personagens se conhecerem, é impossível não revirar os olhos até estes se perderem na cabeça. Mas vamos primeiro ao que interessa.
PXZ2 é mais uma sequela de Namco x Capcom (PS2) que de Project X Zone (3DS) que serviu de base para saberem o que haviam de melhorar como, por exemplo, o ritmo das missões que se arrastavam sem necessidade, aborrecendo os jogadores que desistiam antes de o terminar. Tenho em mim que o mesmo poderá acontecer neste, mas por outros motivos.
Eu gosto de crossovers, Super Smash Bros é espetacular e Marvel vs Capcom é um sonho tornado realidade, mas estes exemplos funcionam: porque são fighters e porque não forçam razões para as personagens estarem ali, estão e pronto. Já em PXZ2 acharam necessário explicar tudo e ao invés de termos algo minimamente coeso, é difícil não olhar para cada novo elemento da narrativa com descrença. Do nada, vemos-nos a braços com o advogado Phoenix Wright a discutir com o seu cliente Heihachi Mishima sobre um incidente que envolve B.O.W e Shadaloo. Que bonito. Rimos e passamos o texto à frente. É francamente tosco, mas se gostarem, então sentir-se-ão em casa. Às tantas queria passar a história à frente só para chegar aos capítulos das personagens que queria jogar. É seguro dizer que este jogo é movido pelas suas personagens mais pelo seu estatuto como ícones do que propriamente pela narrativa, com a história a tomar um lugar mais secundário, servindo como desculpa para motivar a jogar.
A estrutura do jogo está dividida em várias fases: temos a história que se desenvolve como uma visual novel com bastante texto para ler e a fase de combate, que é essencialmente o aspecto vencedor deste jogo. Se gostam de RPG tácticos, conseguiram encontrar melhor, mas não se preocupem porque não vão sentir que estão a desperdiçar o vosso tempo. Os mapas são enormes tabuleiros que se repetem, os adversários estão espalhados e temos de avançar contra eles ou para apanhar itens escondidos. Cada série está junta por pares (Pair Units) com a possibilidade de juntarmos outra personagem (Solo Unit), depois é só interagir com o inimigo e avançamos para um novo ecrã de batalha que mistura elementos de fighters com RPG, onde escolhemos o ataque e assistimos a um festim visual. Cada equipa começa com um ataque normal e vão ganhando mais à medida que evoluem; estes são ativados no botão A, que pode ser combinado com o D-Pad para usarem outros. Têm direito a três por combate, mas se não usarem algum, este tornar-se-á num ataque Charged e irá infligir mais dano no próximo turno.
Há outras técnicas que vão aprendendo como Mirage Cancel e ataques que infligem estados. Tudo a seu tempo e podem treinar sempre que quiserem num menu que surge antes de cada missão.
A nossa posição no tabuleiro também é importante porque ditará a quantidade de dano que poderão tirar. Um ataque frontal não é muito eficaz enquanto se atacarem de lado ou por trás terão bónus de ataque. Se estiverem posicionados junto a outros pares, então com um pressionar de botão poderão chamá-los para atacar. E acaba tudo num caos, mas um bom caos com imensas personagens a atacar em simultâneo. Ativam os ataques especiais e os combos continuam a somar para melhores pontuações.
Com tudo terminado, é a vez do inimigo atacar e ele irá dar o vosso troco. Quando ele vos atacar, terão as hipóteses de defender, contra-atacar ou fazer nada. Se tiverem SP ou Skill Points disponíveis, optem bem, às vezes atacar de volta é uma boa defesa, mas se tiverem rodeados, vão querer poupar e uma defesa continua a ser uma defesa se estiverem a levar de três inimigos. Todas estas mecânicas de gestão, movimento e ataque podiam funcionar melhor se aproveitassem as funcionalidades tácteis da 3Ds, o que lamentavelmente não é o caso e há aqui toda uma oportunidade perdida.
Os gráficos deste Project X Zone 2 dividem. Se durante os diálogos levamos apenas com os retratos das personagens, o tabuleiro recebe formas das mesmas relativamente mais pequenas e rechonchudas. A magia acontece quando passamos para as lutas, com as personagens no seu visual conhecido a recriarem os seus ataques famosos. Dividem, mas funcionam. Apenas tenho receio que possam cansar ao centésimo ataque demorado. Porque temos de falar da música, nota-se bastante a pesca de temas conhecidos que são usados na presença das personagens de uma dada franquia para não vos fazer esquecer que X personagem pertence a X jogo. Os temas de batalha também são os mais conhecidos de cada série, adicionando ainda mais aos sorrisos que decerto os fãs dos vários franchises vão esboçar em cada momento do jogo.
Joguem este jogo com uma mente aberta de fã. Se vão apenas porque gostam de RPG tácticos, então vão ficar desiludidos quando podiam ter optado por outro. Ou esperem por uma promoção. Mais, se forem porque gostam de uma série específica, poderão também sentir alguma estranheza. Recomendo que conheçam a maior parte e que gostem delas ou as piadas e referências passaram ao lado. Provavelmente irão revirar os olhos várias vezes, mas acho que faz parte da experiência. O jogo tem aquela pincelada nipónica onde personagens a dizer desu fazem sentido e não nos fazem ranger os dentes, como seria de esperar. PXZ2 é um jogo que não se leva muito a sério e é competente naquilo que quer ser e oferecer aos fãs de todos os jogos aqui representados.
Opinião final:
Dito e feito, Project X Zone 2 não é um excelente jogo, mas não é de todo mau. Indicado apenas para os fãs dos franchises aqui retratados, consegue proporcionar uma experiência de RPG táctico divertida e que decerto vos ocupará durante umas boas horas. Mesmo no meio da sua tolice, consegue arrancar alguns sorrisos e os pequenos detalhes e referências são um mimo para os fãs. Na sua essência é um jogo com o seu nicho mas que ainda assim conseguirá agradar a muitos.
O que gostamos:
- Personagens de várias série juntas;
- Jogabilidade frenética;
- Banda sonora.
O que não gostamos:
- O enredo forçado.
Nota: 7/10