Análise – Q.U.B.E: Director’s Cut

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À primeira vista é difícil olhar para Q.U.B.E. e não nos lembrarmos de um outro jogo muito similar, cuja jogabilidade e até estética visual são claras influências deste título da Toxic Games. Desenganem-se no entanto se acham que vamos andar aqui a brincar aos portais. Q.U.B.E (Quick Understanding of Block Extrusion) baseia-se exatamente naquilo que o nome indica: puzzles que envolvem cubos.

Rapidamente podemos dizer que é um clone barato de um outro título já mencionado cujo sucesso foi imenso, mas isso seria ser injusto para com Q.U.B.E.. Aqui somos presenteados com um jogo cuja história nos lança para o papel da personagem principal (sem nome e sem falas) que acorda de repente dentro de um enorme cubo, com um par de luvas que lhe permitem interagir com determinados cubos que permeiam o espaço em que se encontra. Este mesmo cubo gigante está a dirigir-se em direção à Terra e para evitar a colisão eminente, o jogador terá a tarefa de desmantelar o cubo de dentro.

E assim somos lançados para o jogo, sem tutoriais, sem nos darem a mão. No entanto, a curva de aprendizagem é relativamente baixa e rapidamente o jogador consegue ir percebendo o que tem de fazer, puzzle após puzzle. Sofrendo de amnésia, vamos sendo acompanhados pela voz da Comandante Novak, uma astronauta a bordo de uma estação espacial que nos vai contactando, pelo menos quando a proximidade da sua órbita lhe permite.

As vossas luvas serão as vossas melhores amigas, permitindo-vos mover cubos pequenos...

As vossas luvas serão as vossas melhores amigas, permitindo-vos mover cubos pequenos…

Como já foi referido, o ambiente é estéril e branco, com alguns apontamentos de cor que rapidamente nos lembra Portal, mas a temática de Q.U.B.E. é consideravelmente mais pesada, à medida que a história vai sendo desenrolada. No entanto, esta mesma história, mesmo com todas as suas nuances, acaba por saber a pouco. Considerando ainda para mais que este é um Director’s Cut, é impossível não olhar para Q.UB.E. e pensar que na quantidade de pequenos detalhes poderiam ter sido inseridos de modo a enriquecer a experiência, que por si só já tem o potencial de se conseguir diferenciar face ao jogo a que se assemelha e do qual retirou inspiração.

Ainda assim, Q.U.B.E. consegue e muito bem fazer aquilo a que se propõe. Como já foi referido, não existem aqui tutoriais nem setas a apontar o caminho e na verdade não é preciso. A componente da descoberta e da curiosidade, até da frustração ao fazermos frente a puzzles mais desafiantes é o que faz de Q.U.B.E. um óptimo jogo de puzzles. Diferentes cores de cubos sofrem diferentes efeitos sob o poder das luvas do jogador, salas podem ser viradas do avesso e jogos de cores serão essenciais para que possam conseguir avançar. A criatividade aqui presente é suficiente para nos fazer esquecer as primeiras impressões. No entanto, é com pena que a experiência termina. Q.U.B.E. é um jogo curto, muito curto e a narrativa, como é apresentada, acaba por não chegar aonde se esperaria e deixa o jogador à espera de mais. Existem ainda alguns time trials e puzzles opcionais que acabam por acrescentar mais algumas horas de entretenimento mas conseguem finalizar o modo história dentro de cerca de três a quatro horas.

...e até cubos maiores, como salas inteiras.

…e até cubos maiores, como salas inteiras.

Este é um jogo de fácil jogabilidade, com uma dificuldade crescente mas bem equilibrada, Q.U.B.E. peca e muito pelas suas mecânicas de física. Vi-me a braços diversas vezes com puzzles que me frustraram não devido à sua dificuldade, não por não perceber o que tinha de fazer mas porque por exemplo, um cubo que deveria ser atirado numa linha reta acabava por se desviar ligeiramente sozinho, acabando por obrigar a que o jogador reinicie o puzzle. O mesmo se passa com a personagem, sendo muito fácil falhar saltos de forma parva, levando a momentos tudo menos agradáveis motivados apenas e simplesmente pela física que acaba por fazer com que a resolução de certos puzzles seja feita com sucesso apenas por sorte.

Outro dos pontos negativos passa pelos efeitos sonoros. Apesar de os mesmos se adaptarem bem ao jogo em si é indesculpável a quantidade de vezes que os mesmos falham. Puxamos um cubo, faz barulho, puxamos de novo, poderá ou não existir efeito sonoro. É impossível perceber como é que algo tão básico e um erro tão recorrente passou neste jogo , ainda para mais num Director’s Cut. Infelizmente, muitas das vezes acabava por me distrair do que estava a fazer porque me apercebia que novamente o som tinha sido cortado, só porque sim. O que é uma nódoa extremamente grande no pano de Q.U.B.E., que não sendo imaculado, é mais do que suficiente naquilo a que se propõe.

Opinião final:

Apesar de contar com algumas oportunidades perdidas e alguns pontos negativos que fazem com que pareça mais amador do que o que é, Q.U.B.E.: Director’s Cut é um jogo de puzzles bem conseguido, bom o suficiente para conseguir sair da sombra de um outro jogo mais conhecido e de sucesso. Ainda que com alguns soluços, Q.U.B.E. consegue ser uma experiência divertida e desafiadora, recomendando-o a todos aqueles que gostam de jogos de puzzles. Q.U.B.E. é definitivamente mais do que aquilo que aparenta, mas a expectativa que é formada à medida que vamos avançando acaba por não ser superada. De todo o modo, contamos aqui com uma experiência interessante e que se consegue destacar no catálogo da eShop da Wii U.

O que gostamos:

  • Puzzles bem conseguidos;
  • Curvas de aprendizagem e dificuldade bem equilibradas.

O que não gostamos:

  • Inúmeras falhas nos efeitos sonoros, que dão um aspeto amador ao jogo;
  • Mecânicas de física pouco polidas e que levam a momentos de frustração;
  • Modo história bastante curto.

Nota: 6,5/10