Análise – Rare Replay

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Há muito que os gamers em geral, e especialmente os fãs de Xbox por razões óbvias, andam a pedir à Microsoft para “abrir o baú” da saudosa Rare e trazer-nos um novo Banjo-Kazooie, Conker ou até uma continuação de IP mais recente como Viva Piñata. Ora nem mais, este ano na conferência E3 a gigante americana acabou por finalmente dar-nos algo e apresentou ao mundo este Rare Replay que inclui 30 de alguns dos mais saudosos jogos feitos por esta companhia. A coleção leva-nos em uma viagem nostálgica com a duração de 3 décadas começando pelo grande clássico de 1983 no sistema ZX Spectrum, Jetpac, e indo até alguns mais recentes na Xbox 360 em 2008 como por exemplo Banjo-Kazooie: Nuts and Bolts.

A Rare usou o número 30 não só para indicar o número de anos como também a quantidade de jogos e ainda o valor pedido por esta coleção tendo mencionado algo como “30 jogos por 1 dólar cada um” várias vezes. Em termos gerais, Rare Replay está a rebentar pelas costuras da nostalgia e personalidade as quais os fãs da Rare já deveriam esperar. Fazem parte do pacote jogos clássicos e mais recentes mas também alguns com as versões clássicas e as mais modernas lançadas na Xbox 360 o que torna esta coleção uma compra obrigatória.

O menu de escolha dos jogos é uma delícia.

Seria inútil estar a fazer uma análise à qualidade de cada um dos 30 jogos individualmente pois snedo assim teriam todas as análises de ser feitas individualmente por isso tratarei esta coleção como um todo salvo mencionando, claro, alguns jogos pelo caminho pois seria impossível escrever algo sem mencionar muitos dos jogos incluídos aqui. Os 30 jogos, como já mencionado, provêm de várias gerações de arcadas e consolas, inclusivamente até de consolas da Nintendo tais como a N64 ou a NES 8-bit sendo igualmente divertidos agora como o eram quando foram lançados na consola original. Esta fidelidade é tão literal que levou a alguns pequenos problemas nos controlos da Xbox One que não assentam muito bem nesta geração mais recente.

Os jogos clássicos das arcadas poderão ser um pouco complicados de início devido a diferentes botões executarem ações variadas adicionando assim ao desafio de descobrir como o fazer a perceção óbvia que estes jogos não foram desenhados com o comando da Xbox One em mente tornando-os por vezes estranhos de controlar. Por essa razão admitimos que uma das coisas mais essenciais em rare Replay é aprender os vários esquemas de controle pois teremos de jogar todos os jogos para podermos desbloquear os “selos” que são prémios atribuidos quando conseguimos algum objetivo específico nos jogos. Com estes selos desbloqueamos conquistas e vídeos da equipa da Rare que incluem mesmo alguns segredos como jogos nunca lançados ou imagens conceptuais desses mesmos jogos. De louvar também é a Microsoft ter permitido ás pessoas que dão as suas opiniões ou contam as suas memórias nestes vídeos, mencionarem a Nintendo ou outros jogos como Donkey Kong sem qualquer tipo de censura oferecendo um serviço aos fãs ainda mais genuíno e valioso.

O ínfame nível do túnel em Battletoads. Agora mais fácil completar com a função “rewind”.

Enquanto que, como já mencionado, os jogos são réplicas quase diretas dos originais a rare mesmo assim não se ficou por aqui e adicionou o que chama de “Snapshots” que são simplesmente breves segmentos de jogo de alguns dos 30 jogos nos quais temos de cumprir certos desafios para podermos ganhar mais selos. A maioria dos desafios são de tempo onde temos de cumprir num determinado tempo limite como manter o nosso último refém ileso em Cobra Triangle ou atingir um certo número de sacos de dinheiro em Gunfight. Tudo isto adiciona ainda mais valor a uma coleção, por si só, já merecedora.

Os jogos mais recentes da Xbox 360 mantêm os achievements originais e caso já tenham desbloqueado alguns estes já estarão, também, feitos. De salientar que estes jogos fazem um descarregamento à parte e quando escolhidos para serem jogados saem por completo do menu principal de Rare Replay entrando em carregamento tal como se de uma Xbox 360 tratasse. Os jogos mais antigos são jogados diretamente numa janela mais pequena com um pano de fundo alusivo ao jogo em que estamos, que pode ser desligado, e podemos sair sem problemas pois tem gravação automática. Além disso, podemos escolher ativar um filtro de CRT para dar um estilo mesmo como uma televisão ou monitor antigos.

Os jogos da Xbox 360 passaram o teste do tempo com bom aspecto.

Outra opção, e uma das mais bem implementadas é a de podemos “voltar atrás”. Bem, sabemos que alguns dos jogos mais antigos eram mesmo muito difíceis e a “frustração” que sentíamos na altura pode na mesma ser sentida se quisermos mas a Rare graciosamente incluiu uma opção de podermos retroceder o jogo caso fizermos alguma asneira tornando assim a experiência muito mais agradável podendo assim retificarmos a nossa jogada e continuar a jogar sem ter de perder aquela vida ou repetirmos tudo de novo. Apenas como exemplo darei o ínfame nível do túnel dos Battletoads onde tínhamos de andar numa mota. Pois. De salientar novamente o facto de que os códigos de aldrabice implementados nos jogos originais continuam aqui por isso também podem ser usados. Muito bom. É deveras impressionante pensar que na altura alguns de nós conseguíamos ultrapassar estes jogos sem estas dádivas de “voltar atrás” mais modernas.

Toda a magia, todo o toque especial que se nota nos jogos da Rare é bastante evidente e tudo isto é complementado na perfeição com uma apresentação imaculada e especialmente charmosa. A Rare não se limitou a pegar em cola e juntar 30 jogos antigos. Em vez disso adicionou tudo o já mencionado anteriormente e ainda juntou a isso um sistema de menus delicioso ao estilo de um teatro onde cortinas se abrem ou ouvimos aplausos ou lamentares de uma plateia como se estivesse a assistir a todas as nossas ações. Tudo isto completado com uma das melhores introduções algumas vez já vistas, na minha honesta opinião:

Temos visto muitas pessoas dizer que o valor desta coleção é quase “inestimável” e por este ou aquele jogo só em si vale a pena o preço. Entre “este ou aquele” jogos estão Conker’s Bad Fur Day, Jet Force Gemini, Banjo-Kazooie, Battletoads ou até mais recentes como Kameo ou Viva Piñata. Cada um tem os seus gostos, cada um as suas memórias, porém não há maneira de evitar admitir que, e soando um pouco cliché aqui, há um pouco para todos os gostos e isso é completamente verdade. A Rare veio entretanto confirmar que os 30 jogos não se irão ficar por aqui com a promessa de futuro DLC (conteúdo extra) com mais jogos para serem adicionados a esta bela coleção.

Diferentes maneiras de jogar com a função CRT.

Opinião final:

Rare Replay é exatamente o prometido e é apreciado de forma tão modesta que torna-se uma das razões mais óbvias para compra de sempre. Qualquer um que tenha experimentado alguns destes icónicos jogos irá aqui encontrar nostalgia suficiente para não recusar esta coleção enquanto que os que irão experimentar as obras mais antigas da Rare pela primeira vez irão entender o porquê desta companhia ter atingido o estatuto entre os gamers que detém nos dias de hoje. É pena a ausência de alguns jogos tais como GoldenEye 007 ou Donley Kong Country entre outros por razões óbvias e alguns controlos são um pouco complicados com o comando da Xbox One porém o resultado final é algo digno de não se deixar de aproveitar. A 30 jogos por 30 euros este é um pacote completo e que justifica o nosso dinheiro. Mesmo sem os bónus adicionais tais como os vídeos ou os selos, ou o modo “Snapshot” esta seria uma bela coletânea. Mesmo jogando apenas um pouco de cada jogo perdemos horas do nosso tempo. Adiciona-se a isso os desafios a cumprir, os selos a coleccionar e temos aqui o que podemos dizer ser, sem dúvidas, uma das melhores compilações de jogos de todos os tempos.

O que gostamos:

  • A nostalgia e o sorriso constante ao jogar certos jogos;
  • Apresentação irrepreensível e charmosa;
  • Jogos Xbox 360 mantêm modos multijogador online;
  • Horas e horas de divertimento e até 10 mil pontos de achievements;
  • Função “rewind” que permite-nos aliviar algumas frustrações.

O que não gostamos:

  • Controlos no comando Xbox One algo estranhos em alguns dos jogos mais antigos;
  • Ausência de alguns jogos.

Nota: 9,5/10