A casa dos Bakers certamente não será o sitio onde gostaríamos de passar as nossas férias de Natal. Todavia, com a oferta da Capcom “Resident Evil VII Biohazard Gold Edition”, temos de admitir desde já que aquele sofá, diante do mais recente título terrorífico da longa saga da Capcom, tornou-se bastante mais atrativo.
Com a sua edição “dourada”, e portanto, “final”, Resident Evil VII Biohazard – cuja versão original tivemos a hipótese de analisar em fevereiro deste ano e que mereceu um 9/10 da nossa redação – vem acompanhado de todo o conteúdo DLC pago, num único disco. Estes conteúdos incluem os DLC “Banned Footage Vol 1 e Vol 2”, lançados perto da data de lançamento do jogo original e, por fim, “End of Zoe”. Como o título original já foi analisado, e não tendo sofrido alterações, esta análise recairá principalmente sobre os conteúdos extra agora incluídos nesta edição definitiva.
Atenção: O DLC gratuito “Not a Hero” – com Chris Redfield – não vem incluído no disco e tem de ser descarregado separadamente.
“Banned Footage Vol. 1”
A primeira oferta de DLC pago inclui 3 modos de jogo que vêm complementar o jogo original: Bedroom, Nightmare e Ethan must die. Lembram-se da história daquela equipa de TV que entra na casa, apenas para encontrar o seu trágico fim? Bedroom e Nightmare colocam-nos na personagem de Clancy Jarvis, o cameraman dessa mesma equipa, na sua tentativa de sobreviver aos Baker. Em Bedroom, somos trancados num quarto, onde Margerite nos força a provar os frutos da sua gastronomia – o objetivo do jogo é fugir do quarto, conseguindo apanhar a chave, mas com atenção redobrada ao barulho que fazemos por forma a não alertar a nossa captora – além do mais, ela lembrar-se-á se algo no quarto mudou de sitio! Em Nightmare, basicamente estamos perante um horde mode, em que a sala onde estamos é invadida pelos não tão simpáticos monstros. Utilizando scrap metal temos de criar armas e armadilhas por forma a conseguir sobreviver até de manhã! O terceiro modo, Ethan must die é um modo de dificuldade acrescida para os masoquistas que não ficaram satisfeitos com o hard mode desbloqueado após completarem o jogo. Basicamente aqui é impossível vencer, se algum inimigo nos tocar é game over, para além dos drops serem super raros. É possível recuperar alguns dos itens que tínhamos, voltando ao sitio onde morremos – muito Souls, é verdade, o que alivia um pouco o stress – mas apenas serve para provar que vamos morrer muito!
“Banned Footage Vol. 2”
A segunda oferta de DLC pago traz-nos 21, Daughters e Jack’s 55th Birthday. Em 21 estamos perante mais um episódio na (curta) vida de Clancy Jarvis, que, após ser capturado novamente, é obrigado a jogar um jogo de blackjack. Admitimos, não é a nossa maneira favorita de passar uma noite de natal, mas para os fãs do terror, existe uma motivação muito especial, quem perder começa a perder dedos e eventualmente morrerá. O jogo possui alguns power ups que têm vários efeitos, como conseguir influenciar o jogo do nosso adversário ou o castigo que este receberá ao perder. Em Daughters estamos perante uma admitida pequena prequela, jogando no papel de Zoe Baker. O foco aqui está em vivenciar a tragédia da família Baker através dos olhos da filha, sendo extremamente aterrorizador os momentos em que ela se apercebe naquilo em que os pais se estão a tornar. O objetivo deste episódio é fugir – Zoe não tem forma de se defender, podendo apenas iluminar o seu caminho com um isqueiro, o que torna este modo de jogo extremamente difícil. Todavia, existem dois fins e algum conteúdo secreto que vale a pena obter, pelo que os fãs quererão sem dúvida jogar este modo. Por fim, em Jack’s 55th Birthday, estamos perante um divertido modo arcade em que o objetivo é explorar a casa encontrando comida para alimentar Jack, que está cheio de fome! Podemos levar várias armas connosco, mas depois não ficamos com muito espaço para trazer comida! É, portanto, um jogo em que lutamos para ter o maior high score possível, e temos de admitir, todo o conceito é bastante divertido – pois retira grande parte da tensão já clássica do jogo.
“Not a Hero”
Questionamo-nos se deveríamos incluir nesta análise o conteúdo DLC gratuito, o qual só foi lançado este mês. Na verdade, embora Not a Hero tecnicamente não faça parte do conteúdo pago, não deixa de fazer parte da experiência Resident Evil VII Biohazard, e, dado que esta segunda análise visa conter todo o conteúdo extra, ficamos convencidos que vale a pena dar-lhe uma rápida vista de olhos.
Este episódio concerne a busca por Lucas Baker, que desaparece a ¾ do jogo original, após Ethan ter ganho o seu desafio no “party room”. Chris Redfield, o veterano de Resident Evil, comenta que este está nas minas e que vai atrás dele. Acontece que Chris agora trabalha com a Umbrella Corporation e que Lucas capturou três dos seus melhores agentes, cabendo ao conhecido soldado o seu resgate, para além de eliminar Lucas. Todo o DLC joga como se se tratasse de um mini Resident Evil – com novas armas, novas munições, alguns inimigos novos, e um engraçado sistema de progressão muito ao estilo de Metroid Prime, em que necessitamos de um certo upgrade de maneira a conseguirmos explorar a área seguinte, com algum backtracking à mistura. Not a Hero é mais orientado para a ação, sem dúvida, mas não perde muito daquilo que fez do jogo original uma experiência única. Simplesmente é bom voltar ao controlo de Chris Redfield, pois encontramo-nos na posse de uma personagem cujo dia a dia é lidar com situações que envolvem monstros e zombies.
“The End of Zoe”
Por fim, chegamos ao último DLC pago, e ao fim do arco narrativo de Resident Evil VII Biohazard. Zoe, a filha mais nova dos Baker, é encontrada, já calcificada, pelo seu tio Joe – provavelmente em resultado da retaliação de Eveline – por ter ajudado Ethan e Mia a fugir, após a escolha que Ethan tem de fazer durante o jogo original. Joe é o irmão mais velho de Jack e o seu objetivo é muito simples: salvar a sua sobrinha, encontrando uma cura para a sua calcificação. Joe, todavia, é um homem à moda antiga, no sentido em que prefere lidar com os inimigos usando nada mais, nada menos, que os seus punhos. É verdade, Joe despacha os monstros “ao soco”, tal como ele diz “I can take you fuckers with my bare hands”. É extremamente divertido jogar com esta personagem, não só pelo facto de que é bastante fácil simpatizar com as motivações do mesmo, mas também por ser divertido usar o L2 e R2 para controlar ambos os punhos, podendo bloquear os ataques dos inimigos, e fazer combinações boxeur style. Eventualmente conseguimos também usar lanças, que são excecionalmente úteis para caçar crocodilos. Este último conteúdo acaba por ser bastante linear, mas a sua história é surpreendente, pelo que será obrigatório para os mais aficionados desta franquia.
Opinião final:
Resident Evil VII Biohazard Gold Edition é a edição definitiva da 7ª entrada na série principal da clássica franquia de survival horror da Capcom. Para além do aclamado jogo original, esta edição inclui todos os DLC pagos, para além da possibilidade de descarregar o DLC gratuito a que os detentores da versão base também terão acesso. Se considerarmos que o preço da edição normal do jogo, mais o Season Pass (que contém todos os DLC), resulta num total de €59,99, a Gold Edition poupará aos leitores pelo menos €10 à data da escrita desta análise, situando-se nos €49,99. Neste sentido, quem ainda não embarcou na montanha russa emocional que é o jogo original terá aqui uma excelente oportunidade para o fazer, levando ainda mais conteúdo para casa, a um custo reduzido.
Do que gostamos:
- Versão definitiva de RE7, com todos os DLC pagos num disco;
- Novos modos de jogo, que vão do aterrorizador ao hilariante;
- Através dos novos modos podemos aprender o que aconteceu a algumas personagens cujo destino era relativamente incerto no jogo base, tal como o desgraçado do cameraman e a Zoe;
- Matar monstros ao soco!
Do que não gostamos:
- Not a Hero não vem incluído no disco, pelo que aqueles sem ligação à internet não o poderão jogar.
Nota: 9/10