Análise – Return to PopoloCrois: A STORY OF SEASONS Fairytale

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Provavelmente o nome Story of Seasons ser-vos-à familiar: lançado há cerca de dois anos, era tudo o que Harvest Moon deveria ser na 3DS mas nunca conseguiu – não tendo o nome do conhecido franchise devido a questões legais. O nome Popolocrois provavelmente já não vos será tão familiar. Uma série de jogos nipónicos baseados num manga que, infelizmente, apenas viu um dos seus títulos ser lançado no Ocidente, acabando por cair um pouco no esquecimento neste mercado.

Ainda que tenha tido pouco destaque fora do Japão, recebemos agora na Nintendo 3DS este crossover dos dois franchises, em que assumimos o papel do Princípe Pietro que futuramente será o rei de Popolocrois (Po-po-lo-croix? Croisse?) mas que no seu 13.º aniversário se vê a braços com uma ameaça que o lança para a distante terra de Galariland. Aqui, Pietro fará novos amigos, irá lutar contra as criaturas das sombras que ameaçam a paz dos reinos e irá ainda cultivar a terra e cuidar de gado – ou não estaria Story of Seasons no título.

Apesar de o primeiro capítulo se arrastar imenso para nos contextualizar no que toca às personagens (já recorrentes da saga de Popolocrois) e enredo do jogo, assim que o mesmo termina felizmente passamos à ação. Esta ação passa pela exploração e combate já conhecidos dos JRPG’s, por turnos, com uma ligeira componente estratégica. Pietro nunca está sozinho e as personagens que o acompanham quase sempre possuem ataques especiais que são efetuados em junção com Pietro ou outras personagens. Muitos destes ataques podem ter um tipo de alcance específico, obrigando a um posicionamento estratégico no mapa para que se consiga causar o dano ao maior número de inimigos possível.

Poderão plantar batatas à vossa vontade, mas provavelmente vão-se esquecer que elas existem.

Poderão plantar batatas à vossa vontade, mas provavelmente vão-se esquecer que elas existem.

Tudo isto é muito bonito e soa interessante mas na verdade a estratégia de Popolocrois resume-se muito ao que já foi referido. O campo de batalha raramente tem obstáculos que nos obriguem a movimentos bem pensados e existe até um modo automático, que francamente dá jeito se o objetivo for fazer grind. No entanto, e apesar de ser possível ajustar o nível de dificuldade e frequência de encontros aleatórios, fui surpreendida pelo quão fácil o combate é. Demasiado fácil, a chegar ao ponto de poder estar quase sempre em modo automático, salvo algumas exceções. A única forma de jogar com algum desafio será no modo de dificuldade mais elevado, que acaba por ficar equiparado a um modo normal.

Quanto ao jogo em si, Pietro tem todo o mapa de Galariland para explorar, encontrando várias personagens que poderão ou não acompanhá-lo nas suas aventuras. A exploração passa tanto por visitar algumas vilas assim como passar por florestas e campos que se encontram assolados pelas criaturas sombrias, que acabam por envenenar os campos de cultivo das diversas regiões. Aqui, temos a possibilidade de saltar para dentro destes campos, numa cena quase à Querida Encolhi os Miúdos e andar por esta espécie de dungeon a lutar contra bicharada até chegarmos à criatura sombria que temos que derrotar. A juntar-se ao combate descontraído, chegam estas espécies de dungeons que não são bem dignas desse nome. Existe pouca ou nenhuma motivação para explorar as mesmas, principalmente se chegarem rapidamente à criatura que têm de derrotar, sendo imediatamente transportados de novo para fora do campo envenenado. Podem sempre lá voltar, mas para além da obtenção de mais experiência através do combate, não há grande motivo para isso. E não ajuda que um dos grandes objetivos do jogo seja ir limpando as diversas regiões de Galariland através da limpeza dos campos envenenados.

À medida que vão explorando o mapa, vão obtendo também acesso a diferentes quintas onde podem cultivar diferentes tipos de sementes. Têm ainda também a vossa quinta principal, onde podem também ter gado. É aqui que entram as mecânicas de Story of Seasons, como devem imaginar. No entanto, todo o processo de cultivo e cuidado com as colheitas e mesmo com os animais é tão básico que não dá gozo nenhum. A jogabilidade foi aqui simplificada ao máximo e a necessidade de gestão da quinta é quase nula. Felizmente o jogo ia-me relembrando através de pop-ups que as minhas terras precisavam de ser regadas ou que tinha coisinhas prontas para serem colhidas, senão provavelmente iria-me esquecer que as mesmas existiam. Na teoria, dá jeito cultivar legumes e frutas e afins, uma vez que as mesmas servem depois para serem combinados para completar várias receitas que podem ter efeitos positivos nas vossas personagens. Na prática, se não fosse necessitar de algumas couves para umas side-quests, provavelmente nunca pegaria nesta parte do jogo. É tão, mas tão incipiente que nem se percebe bem o porquê de fazer um crossover deste género e deixar esta componente tão superficial.

Nunca estarão sozinhos nas vossas aventuras, tendo sempre vários amigos a acompanhar-vos.

Nunca estarão sozinhos nas vossas aventuras, tendo sempre vários amigos a acompanhar-vos.

Falando das quests, é outras das componentes que facilmente passa ao lado caso sejam jogadores que não têm muito interesse em completar o jogo na totalidade. A maioria das quests passa por entregar X couves ou X batatas ou derrotar determinado número de determinada criatura. As recompensas não são nada de especial e apesar de ir fazendo algumas porque a colecionadora em mim assim me obrigava, rapidamente me aborrecia e as deixava para trás. Infelizmente este é um dos grandes problemas de Popolocrois: conteúdo não lhe falta mas não consegue fazer com que o jogador o queira descobrir todo. Ainda assim, caso queiram completar tudo não se assustem com o facto de terem que andar para trás e para a frente por todo o mapa. Aqui existe um sistema de fast travel através de Fairy Dust, que vos permite viajar por todas as regiões e quintas selecionando o vosso destino no mapa.

Felizmente, ao nível da história Popolocrois oferece mais do que motivos para ir avançando no jogo. Tal como o título indica, temos aqui uma espécie de conto de fadas em que as personagens todas têm uma personalidade bem vincada (apesar de poderem notar alguns estereótipos) e ainda alguns mistérios a serem desvendados. A história é simples, é certo, e não irá surpreender ninguém mas consegue fazer aquilo a que se propõe e é aqui que Popolocrois se consegue destacar. A nível visual, Popolocrois relembra muito Fantasy Life e o ar colorido e alegre do mundo de Pietro quase nos faz esquecer que estamos a combater contra o mal, adicionando ainda mais ao sentimento de que estamos a jogar um conto de fadas.

Graficamente temos a opção de escolher um aspeto mais cel-shaded que em pouco afeta mas que dá um toque engraçado aos gráficos. É ainda de notar que durante os combates as animações são bastantes e variadas, especialmente nos ataques especiais. Esta animações podem ser passadas à frente mas ainda assim é bom ver esta pequena atenção ao detalhe. Sonoramente, Popolocrois está também irrepreensível, com uma banda sonora agradável e que vai variando desde composições tranquilas e calmas que se adequam às coloridas florestas a peças mais animadas durante o combate. As composições sonoras fundem-se na perfeição com o restante ambiente de Popolocrois, fazendo parte do conto de fadas mas nunca sendo intrusivas. Quanto às vozes, temos a opção de selecionarmos de entre três opções de vozes: inglês e duas opções em japonês – com o bónus de que uma delas apresenta os atores originais do anime. No entanto nem todo o diálogo possui vozes a acompanhar, com o jogo a optar por apenas algumas frases ou interjeições sonoras.

Tudo isto faz com que Popolocrois seja todo ele verdadeiramente um conto de fadas. Com um mundo bem detalhado e um ambiente adorável, é pena ver que o mesmo não foi aproveitado ao máximo. Acabamos aqui por ter uma experiência de RPG light, adequada talvez aos mais novos e aos mais inexperientes que decerto terão aqui uma experiência divertida sem grandes obstáculos. Para os restantes, Popolocrois vai de certeza saber a pouco, ficando sempre a sensação de estarmos ainda no início do jogo apesar de já termos avançado o suficiente para que a experiência se aprofundasse mais. Apesar de superficial, ainda consegue ser divertido e o facto de ser absolutamente encantador só ajuda.

Opinião final:

Return to Popolocrois tenta fazer muita coisa, mas acaba por não conseguir ser muito bem sucedido. Apesar de apresentar uma história e personagens encantadoras, com um ambiente e estilo a acompanhar, tenta juntar as mecânicas de um JRPG e de um simulador de quinta à boa moda de Harvest Moon. No entanto, acaba por não ser nem carne nem peixe e acaba por ficar à sombra de tantos outros títulos do catálogo da Nintendo 3DS que fazem o mesmo que Popolocrois faz mas muito melhor. E o príncipe Pietro já merecia bem mais.

Do que gostamos:

  • Jogo adorável, fiel à sua introdução como conto de fadas;
  • Visuais encantadores e atenção dada ao detalhe das animações;
  • Banda sonora que acompanha na perfeição toda a experiência.

Do que não gostamos:

  • Combate excessivamente fácil e com pouca profundidade;
  • Parte Story of Seasons completamente dispensável e básica;
  • Side quests podem ser postas de lado sem qualquer problema.

Nota: 6,5/10